A balança comercial brasileira registrou mais um superavit, para a primeira quinzena de outubro. Nesse período, o saldo foi expressivo e alcançou 129%. Enquanto as importações registraram alta de 18,0%, atingindo US$ 10,91 bilhões, as exportações obtiveram um resultado positivo de US$ 13,04 bilhões, com 28,2% de crescimento. No geral, o saldo da Bolsa em relação a outubro de 2021 foi de US$ 2,13 bilhões.
O índice medido pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, revelou ainda que o setor que obteve o maior crescimento nos últimos 15 dias foi a agropecuária. Só no período, o agro foi responsável por US$ 2,98 bilhões em exportações e teve um crescimento de 99% frente a outubro do ano passado.
Os melhores desempenhos registrados nas exportações desse setor foram o do milho não moído, que cresceu 447,5% durante o período, além de café não torrado (52,2%) e soja (62,3%). No entanto, alguns itens ainda impactam fortemente a balança, como os fertilizantes brutos, que registraram 270,9% de crescimento nas importações, e os óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos e crus, que obtiveram 62,2% de alta.
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Para a consultora de Comércio Internacional e Economia da BMJ Consultores Associados, Bruna Rizzolo, o aumento de importações desses itens ainda reflete o cenário de conflitos internacionais. “A gente vê que a questão do impacto da guerra da Ucrânia no setor internacional ainda está sendo refletida nas importações brasileiras, principalmente nos custos desses insumos”, analisa.
Ela avalia que essa tendência deve se manter, devido às incertezas que ainda pairam sobre o cenário geopolítico. “Apesar de a gente ter visto o IBC-Br de setembro negativo, as importações seguem positivas. Eu acho que é uma tendência que a gente vem observando nos últimos meses, esse crescimento tanto das exportações das commodities quanto das importações de fertilizantes e óleos de combustíveis”, comenta.
Revisões para baixo
No último relatório mensal divulgado, correspondente ao mês de setembro, a Secex revisou mais uma vez a projeção da balança comercial para o fim do ano. A secretaria calcula agora que o resultado para 2022 deve ser de superavit de US$ 55,4 bilhões. Anteriormente, a projeção era de US$ 81,5 bilhões de saldo positivo.
O índice divulgado hoje em relação ao acumulado da balança comercial de janeiro à primeira quinzena de outubro reflete ainda um cenário negativo de queda de 10,5%, mesmo com um saldo positivo de US$ 49,84 bilhões, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Para o economista e professor da FGV, Mauro Rochlin, é consequência da retomada do crescimento econômico e do aumento das importações. “Não é mais surpresa que os resultados mês a mês são piores do que o esperado e fazem com que o Ministério da Economia revise as projeções para baixo. Apesar de as exportações apresentarem resultados positivos, elas têm perdido de longe para as importações. Então, a retomada do crescimento econômico tem levado a um aumento das importações”, explica.
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro
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