conjuntura

Taxa Selic deve ficar em 13,75%, apostam analistas

Especialistas observam que o núcleo de inflação continua elevado, com variações de 0,47%, no mês e de 9,79% no acumulado em 12 meses

Rosana Hessel
postado em 26/10/2022 03:55
 (crédito: Leonardo Sá/Agência Senado)
(crédito: Leonardo Sá/Agência Senado)

A alta de 0,16% na prévia da inflação oficial, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de outubro, divulgado pelo IBGE, não altera as apostas dos analistas de mercado na manutenção da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano. Segundo especialistas, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que será anunciada hoje, não deve mudar a taxa, mesmo com o IPCA-15 de outubro tendo ficado acima das estimativas do mercado, de 0,09%.

Especialistas observam, por outro lado, que o núcleo de inflação continua elevado, com variações de 0,47%, no mês e de 9,79% no acumulado em 12 meses. Com isso, o BC precisará manter a Selic apertada por um período prolongado ao longo de 2023. No acumulado em 12 meses, o IPCA-15 registrou alta de 6,85%, a menor variação nos últimos 18 meses. Graças às reduções de impostos sobre combustíveis, o IPCA registrou deflação entre julho e setembro, mas o consenso entre analistas é de que o período de queda no indicador oficial acabou, e o IPCA deve retornar ao campo positivo neste mês.

"A dinâmica da inflação subjacente é desafiadora, dadas as pressões ainda disseminadas sobre núcleo e inflação de serviços em um cenário de aperto no mercado de trabalho e grande estímulo fiscal adicional para o segundo semestre de 2022", alertou Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs, em relatório enviado a clientes.

Na avaliação de Ramos, é provável que a inflação se torne inercial (pegajosa) devido à intensificação dos mecanismos retroativos de fixação de preços e salários, como a redefinição de contratos salariais incorporando ajustes de custo de vida. "Em nossa avaliação, o cenário atual e a sinalização agressiva dos principais bancos centrais garantem uma calibração conservadora da política monetária por um período de tempo razoável", frisou.

O economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, William Jackson, reconheceu que a inflação, "na maioria das categorias, continua muito forte". "Em sua última reunião, o Copom havia deixado a porta aberta para a retomada do ciclo de aperto, caso a evolução da inflação justificasse; mas claramente não é o caso. De fato, achamos que a taxa Selic ficará em 13,75% na reunião de amanhã do BC", afirmou.

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