Mercados

Semana após resultado das eleições tem estrangeiros com otimismo na Bolsa

Somente na última segunda-feira, primeiro dia após a eleição, investidores do exterior aportaram R$ 1,9 bilhão na B3, dando sequencia a um movimento verificado em outubro. Fluxo continuou mesmo após alta de juros nos EUA

Rafaela Gonçalves
postado em 04/11/2022 03:55
 (crédito: Pixabay/Divulgação)
(crédito: Pixabay/Divulgação)

Nem mesmo a alta de juros norte-americana, anunciada na quarta-feira, afetou significativamente o desempenho da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), que continua recebendo fluxo forte de recursos de investidores estrangeiros. Um dia após o feriado de Finados, o Ibovespa, principal índice da B3, chegou a abrir em queda, mas operou a maior parte da sessão em alta para, no final, fechar estável, com recuo de 0,03%, aos 116.896 pontos. Já o dólar comercial avançou 0,14%, cotado a R$ 5,12.

Apenas na última segunda-feira, dia seguinte ao resultado do segundo turno da eleição presidencial, houve um aporte líquido de R$ 1,9 bilhão de estrangeiros na Bolsa brasileira. Em outubro, esse montante somou R$ 14,1 bilhões, o maior desde agosto. "Somos o país emergente preferido pelos gringos, atualmente, porque estamos melhor posicionado que os nossos pares, como a China, por exemplo. Esse fluxo faz os os investidores estrangeiros priorizarem o Brasil quando pensam em investir em emergentes, o que tem jogado dólar para baixo e bolsa para cima. Os juros até subiram um pouco hoje (ontem), mas de forma moderada, o que não vai colocar água no nosso chopp", avaliou Thiago Celeste, economista e sócio da DOM Investimentos.

Os investidores também seguem atentos ao noticiário político, e as primeiras movimentações do futuro governo têm gerado repercussão positiva. Foi assim, ontem, com o início das negociações entre Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito e coordenador da equipe de transição do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o senador Marcelo Castro, relator do Orçamento de 2023. Os dois propuseram uma PEC de Transição, para acomodar fora do teto de gastos as despesas prioritárias do próximo ano.

As especulações sobre o nome de Henrique Meirelles para liderar a equipe econômica do petista também ecoaram no mercado, segundo o analista da Levante Investimentos, Flávio Conde. "O mercado gosta muito do Meirelles, porque entende que ele é a garantia que o deficit fiscal vai ser moderado", disse. "Isso fez subir as ações do Banco do Brasil, por exemplo, que tinham caído no inicio da semana com a expectativa de que Lula o fará atuar como banco social. E as ações ligadas ao varejo também seguem em alta."

Entre as maiores altas, estiveram as ações do setor de varejo, puxado por Magazine Luiza e Lojas Americanas, com avanço das negociações de manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600 e reajuste real do salário mínimo, o que deve reforçar o consumo em 2023.

Outro destaque foram as ações da Petrobras, que subiram após o anúncio de pagamento de R$ 3,3489 em dividendos por ação, e fecharam o dia em alta de 0,30%. Por outro lado, o enfraquecimento da demanda global por aço e a desaceleração da China continuaram provocando queda do minérios e das ações da Vale, que recuaram 2,92%, ajudando a segurar o Ibovespa.

O mercado brasileiro tem operado descolado de seus pares, apesar da variação levemente negativa do Ibovespa. Na Bolsa de Nova York, ontem, o índice Dow Jones teve recuo de 0,46%, enquanto o S&P 500 teve queda de 1,06% e Nasdaq, de 1,73%.

Segundo Thiago Celeste, o resultado das eleições também impulsionou os investidores estrangeiros a olharem para o Brasil. "O estrangeiro prefere mais a figura do Lula do que a de Jair Bolsonaro. Na visão deles, Lula tem um decoro melhor e, aparentemente, uma agenda ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança), que é um ponto importante para eles", disse.

De acordo com o economista, este apetite deve continuar. "Temos aqui um cenário muito positivo. Começamos a política monetária restritiva primeiro, e, muito provavelmente, também vamos iniciar o ciclo expansionista primeiro, o que vai dar uma condição extra de liquidez para os mercados e atrair mais investidores de fora", avaliou.

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