TRANSPORTE

Infraestrutura: diagnóstico mostra regiões que mais precisam de investimento

Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada nesta sexta-feira (11), identificou que somente 25% dos entrevistados do Norte e do Nordeste consideram boas ou ótimas as condições de infraestrutura regional, enquanto no Sudeste o grau de satisfação chega a 64%.

Michelle Portela
postado em 11/11/2022 19:53
 (crédito: Tony Winston/Agência Brasília)
(crédito: Tony Winston/Agência Brasília)

Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada nesta sexta-feira (11/11), identificou que somente 25% dos entrevistados das regiões Norte e Nordeste do Brasil consideram boas ou ótimas as condições de infraestrutura regional, enquanto no Sudeste o grau de satisfação chega a 64%. O levantamento ouviu 2.500 empresários de indústrias de médio e grande portes de todo o país. 

Na região Sul, para 57% dos entrevistados as condições são boas ou ótimas, seguidos pela região Centro-Oeste, com 46%. A média nacional da pesquisa ficou em 56%. “Isso mostra que o principal problema da infraestrutura no Brasil se deve à falta maciça de investimentos, coisa que não se vê há décadas”, explica o professor e pesquisador Marcus Quintella, da FGV Transportes.

A condição da infraestrutura voltada aos transportes permanece como o gargalo nacional para o desenvolvimento, sendo apontado como o principal problema para 73% dos entrevistados. No Norte, o índice é ainda maior – de 82%. Na sequência, aparecem o Sul (81% apontam o transporte como maior gargalo), Nordeste (76%), Centro-Oeste (73%) e Sudeste (68%). 

"Temos rios navegáveis e fundamentais para o desenvolvimento dessas regiões que são subutilizadas, com baixa participação das hidrovias. A pesquisa mostra claramente que não há satisfação com a infraestrutura, e temos problemas históricos, como portos em condições precárias, rodovias em péssimo estado de conservação, sem incentivo à cabotagem, por exemplo, sem terminais multimodais”, explica o pesquisador.

Para 88% dos empresários do Norte e 62% do Nordeste, a infraestrutura das rodovias é o principal problema de infraestrutura. No total, rodovias são avaliadas como boas ou ótimas por 46% dos entrevistados. No Norte, contudo, elas aparecem apenas para 9% como boas ou ótimas.

Em seguida, ferrovias são consideradas o principal entrave – a maior parte, 40% entre os empresários do Sudeste, e a menor, 18% do Norte. Em contraste aparece o Norte, com índice de somente 9% bom ou ótimo. A avaliação sobre as ferrovias nacionais é positiva para apenas 16% dos entrevistados. No Centro-Oeste está concentrado o maior nível de satisfação, com 22% de bom ou ótimo. No Nordeste, o índice de bom ou ótimo é de apenas 6% - por lá 45% dos empresários consideram as ferrovias ruins ou péssimas.


Além disso, os industriários mencionaram que a melhora das estradas é fundamental para 49% dos entrevistados, com ações como a ampliação ou duplicação de rodovias. A baixa qualidade da infraestrutura para o transporte influencia diretamente o custo dos entregas aos consumidores. “E essas dificuldades, afetam muito os custos logísticos, impactando o frete das empresas e a sociedade em geral”, avalia Quintella.

A pesquisa mostra os custos. Em média, as despesas com transporte influenciam 15% do preço final dos produtos. Os empresários do Norte e do Nordeste são aqueles que mais sofrem com este custo: 19% e 18%, respectivamente. Para 66% das indústrias, o preço do frete é elevado. A região Centro-Oeste registra o maior índice, com 78% as empresas classificando como alto ou muito alto. Na sequência aparecem Nordeste (72%), Sul (68%), Sudeste (64%) e Norte (60%).

Portos

O levantamento da CNI também analisou os serviços portuários, classificados como bons ou ótimos por 39% dos industriais. No Sul, esse índice é de 48%, enquanto no Nordeste, de 34%. A infraestrutura portuária do país é considerada apontada como o principal gargalo logístico para exportações, uma vez que o modal rodoviário é indicado para apenas pequenas e médias distâncias. Um reflexo desse quadro é que somente 48% dos industriais escoam a produção em trajetos com média inferior a 500 quilômetros.

As distâncias percorridas, conforme a pesquisa, são de 885 km em média no país, ignorando a necessidade das regiões. No Norte, 34% das empresas dizem que suas mercadorias percorrem distâncias de mais de 2 mil km, enquanto no Sudeste só 4%.

Principais dados da pesquisa

Duas principais obras para melhorar a indústria
Norte: Melhorar infraestrutura das estradas (49%) e ampliação/duplicação de rodovias (32%)
Nordeste: Melhorar infraestrutura das estradas (42%) e ampliação/duplicação de rodovias (26%)
Centro-Oeste: Ampliação/duplicação de rodovias (34%) e melhorar infraestrutura das estradas (31%)
Sudeste: Melhorar infraestrutura das estradas (34%) e ampliação/duplicação de rodovias (23%)
Sul: Ampliação/duplicação de rodovias (45%) e melhorar infraestrutura das estradas (36%)

 

Duas principais obras para melhorar o escoamento da produção das indústrias

Norte: Conclusão de obras da Ferrovia Norte-Sul no trecho de Tocantins a São Paulo (28%) e novas autorizações ferroviárias (27%)
Nordeste: Novas autorizações ferroviárias (34%) e conclusão das obras da Fiol no trecho da Bahia a Tocantins (33%)
Centro-Oeste: Conclusão de obras da Ferrovia Norte-Sul no trecho de Tocantins a São Paulo (42%) e novas autorizações ferroviárias (39%)
Sudeste: Novas autorizações ferroviárias (31%) e desestatização do Porto de Santos (30%)
Sul: Novas autorizações ferroviárias (34%) e Concessão das Rodovias Integradas, no Paraná (26%) 

Distância média percorrida para o transporte de produtos


Brasil – 885 km
Norte – 1.658 km
Nordeste – 1.134 km
Sul – 1.069 km
Centro-Oeste – 997 km
Sudeste – 660 km


Condições da infraestrutura para a indústria

Brasil - boa (47%) ou ótima (9%)
Sudeste - boa (55%) e ótima (9%)
Sul - 57% - boa (48%) e ótima (9%)
Centro-Oeste - 46% - boa (34%) e ótima (12%)
Nordeste - 25% - boa (22%) e ótima (3%)
Norte - 25% - boa (23%) e ótima (2%)


Avaliação dos serviços de infraestrutura por região:

Transportes por rodovias
Brasil – Boa (37%) e ótima (9%)
Sudeste – Boa (47%) e ótima (12%);
Centro-Oeste – Boa (33%) e ótima (7%)
Sul – Boa (30%) e ótima (6%)
Nordeste – Boa (19%) e ótima (2%)
Norte – Boa (8%) e ótima (1%)

Ferrovias

Brasil – Boa (13%) e ótima (3%); Ruim (13%) e péssima (18%)
Centro-Oeste – Boa (16%) e ótima (6%); Ruim (4%) e péssima (21%)
Sudeste – Boa (16%) e ótima (3%); Ruim (13%) e péssima (16%)
Sul – Boa (12%) e ótima (2%); Ruim (13%) e péssima (18%)
Norte – Boa (5%) e ótima (2%); Ruim (10%) e péssima (19%)
Nordeste – Boa (5%) e ótima (1%); Ruim (15%) e péssima (30%)

 

Serviços de transporte aéreo

Brasil – Boa (46%) e ótima (10%); Ruim (5%) e péssimo (3%)
Sudeste – Boa (50%) e ótima (11%); Ruim (4%) e péssimo (2%)
Sul – Boa (44%) e ótima (10%); Ruim (5%) e péssimo (3%)
Centro-Oeste – Boa (10%) e ótima (41%); Ruim (6%) e péssimo (6%)
Norte – Boa (40%) e ótima (9%); Ruim (5%) e péssimo (9%)
Nordeste – Boa (38%) e ótima (7%); Ruim (6%) e péssimo (5%)

Serviços de transporte por hidrovias

Brasil – Boa (14%) e ótima (2%); Ruim (10%) e péssimo (11%)
Norte – Boa (33%) e ótima (7%); Ruim (6%) e péssimo (5%)
Sul – Boa (15%) e ótima (2%); Ruim (8%) e péssimo (12%)
Sudeste – Boa (14%) e ótima (2%); Ruim (10%) e péssimo (10%)
Centro-Oeste – Boa (10%) e ótima (1%); Ruim (8%) e péssimo (14%)
Nordeste – Boa (9%) e ótima (2%); Ruim (13%) e péssimo (16%)

Portos

Brasil – Boa (33%) e ótima (6%); Ruim (6%) e péssimo (5%)
Sul – Boa (39%) e ótima (9%); Ruim (4%) e péssimo (3%)
Sudeste – Boa (32%) e ótima (4%); Ruim (7%) e péssimo (5%)
Norte – Boa (32%) e ótima (4%); Ruim (6%) e péssimo (9%)
Nordeste – Boa (27%) e ótima (7%); Ruim (6%) e péssimo (6%)
Centro-Oeste – Boa (13%) e ótima (4%); Ruim (7%) e péssimo (8%)

 

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