MERCADO FINANCEIRO

Lucro das empresas não financeiras na B3 cai 39,5% no 3º trimestre

Em número absolutos, o volume registrado passou de R$ 54,1 bilhões para R$ 32,7 bilhões

O lucro das empresas de capital aberto na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) registrou uma queda de 39,5% no 3º trimestre de 2022, em comparação com o mesmo período de 2021. Segundo um levantamento realizado pelo TradeMap, divulgado nesta quinta-feira (17/11), em número absolutos, o volume registrado passou de R$ 54,1 bilhões para R$ 32,7 bilhões. A análise considera valores no padrão contábil, sem ajustes extraordinários ou correção pela inflação.

Foram consideradas 335 empresas, todas com ações listadas na B3 e com demonstrações financeiras apresentadas no terceiro trimestre de 2021 e de 2022, respectivamente. A amostra desconsidera os resultados de Petrobras, Vale, Braskem e Suzano, tendo em vista que as empresas registaram lucros historicamente elevados, com distorções para a análise geral.

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De acordo com o estudo, a receita operacional líquida das empresas atingiu a marca de R$ 847,5 bilhões no terceiro trimestre, uma alta de 16,5% na comparação anual. Já o custo de produtos vendidos (CPV) teve um avanço de 21,67%, com crescimento superior ao de receita.

Para Sérgio Castro, analista CNPI do TradeMap, a queda no lucro em relação ao terceiro trimestre de 2021 pode ser explicada por dois principais vilões: o maior custo de produção e o elevado nível de dívida. "A maior inflação do período acumulado em 12 meses fez com que o custo de produção crescesse em maior ritmo que as receitas, mesmo com deflação no terceiro trimestre", afirmou. De acordo com ele, os números indicam que o repasse da inflação para os preços dos produtos pode não ter sido suficiente para cobrir a elevação dos custos com matérias-primas.

Rentabilidade

A rentabilidade sobre o patrimônio (ROE) anualizado no terceiro trimestre de 2022 foi de 13,21%, uma redução de 5,08 pontos percentuais no comparativo com o mesmo período de 2021. Quando analisado o resultado financeiro do período, nota-se uma performance negativa de R$ 41,1 bilhões — valor que, inevitavelmente, acaba por impactar o lucro das companhias analisadas. No mesmo período de 2021, o resultado financeiro também foi negativo, mas um pouco mais ameno — foram R$ 34,7 bilhões.

A dívida líquida das empresas, por sua vez, aumentou 44,5%, enquanto o caixa teve redução de 4,1%. Segundo o analista, outro ponto que vale ressaltar é a maior alavancagem das empresas, que tiveram que captar mais dívidas e queimar parte do caixa, seja para fazer novos investimentos, pagar parte de dívidas que já tinham ou mesmo para poderem postergá-las. "O maior volume de dívida somado à elevada taxa de juros, de 13,75%, se reflete no aumento das despesas financeiras da empresa, que, por sua vez, corrói os lucros", pontuou Castro.

Lucro por setor 

O setor de energia elétrica, que engloba um total de 36 empresas, foi o que apresentou melhor desempenho, com lucro de R$ 9,68 bilhões entre julho e setembro deste ano. Na outra extremidade, o setor de transportes, com 18 companhias, que juntas acumularam o maior prejuízo do período, com resultado negativo em R$ 1,16 bilhão. Vale destacar, no entanto, que o desempenho do segmento em 2022 foi melhor que em 2021. Na ocasião, o setor havia registrado prejuízos na ordem de R$ 4,09 bilhões.

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