Mercado Financeiro

Dólar cai 1,85%, a R$ 5,3518, com 'freio de arrumação' em discurso do governo

A moeda norte-americana operou em queda ao longo do dia, enquanto investidores digeriam o realinhamento das sinalizações do governo, que negou a intenção de intervir nos preços da Petrobras e de revisar a reforma da Previdência

Agência Estado
postado em 05/01/2023 20:52
 (crédito: Reprodução/Pixabay - Julita)
(crédito: Reprodução/Pixabay - Julita)

O dólar à vista caiu 1,85% em relação ao real nesta quinta-feira, a R$ 5,3518, a menor taxa no fechamento desde a última sexta-feira (29/12) (R$ 5,2800). O "freio de arrumação" nas declarações do novo governo beneficiou a moeda brasileira em um dia de fortalecimento global da divisa norte-americana. Na expectativa pela reunião do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, com ministros para afinar o discurso na sexta-feira (6/1) os agentes de câmbio realizaram os ganhos das últimas três sessões, quando o ruído político levou o dólar a acumular alta de 3,27% em relação ao real.

A moeda norte-americana operou em queda ao longo do dia, enquanto investidores digeriam o realinhamento das sinalizações do governo, que negou a intenção de intervir nos preços da Petrobras e de revisar a reforma da Previdência.

As declarações em defesa da responsabilidade fiscal pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), também foram bem recebidas. Com o alívio do risco doméstico, o dólar chegou a atingir a mínima de R$ 5,3508 (-1,86%) após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) de St. Louis, James Bullard, falar em "moderação" da inflação nos EUA.

O chefe da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, afirma que as sinalizações do governo balizaram o movimento do dólar na sessão desta quinta e permitiram uma dosagem dos prêmios de risco na taxa de câmbio. Em meio à valorização das commodities com as notícias sobre a reabertura da China - com altas de 1,14% do petróleo WTI para fevereiro, a US$ 73,67 o barril, e de 1,09% do Brent para março, a US$ 78,69 - e diante da moderação das taxas dos Treasuries após as declarações de Bullard, a melhora da percepção de risco político e fiscal permitiu uma correção do real.

"Esta semana, ouvimos falas de vários ministros que, na maioria, foram negativas para os preços de ativos. Mas, hoje, Tebet fez comentários mais positivos e teve uma 'arrumação de casa', pararam de dar declarações que estavam gerando muita confusão", diz Weigt. "O real tem oscilado muito em função dessas declarações, do lado positivo e negativo, acho que vai continuar assim por algum tempo, até a gente entender como vai ser a atuação do Ministério da Fazenda, do BNDES, da Petrobras e da Caixa."

Para o operador de câmbio da Fair Corretora Hideaki Iha, o "freio de arrumação" no discurso de ministros do governo permitiu a realização dos ganhos das últimas terça e quarta-feiras, quando a divisa americana se aproximou dos R$ 5,50, em meio ao ruído político. "Não dava para sair comprando dólar a R$ 5,45 para ganhar dinheiro. Então, temos um alívio por causa da política: o dólar subiu demais e, agora, está tendo um ajuste, mas continua o ambiente de cautela, no início do governo", afirma Iha, para quem a reunião de Lula com ministros dará o tom do mercado na sexta-feira.

Em um dia de criação de empregos acima do esperado nos EUA, o dólar operou em alta no mundo. O índice DXY, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de seis moedas desenvolvidas, teve ganhos na maior parte do dia, em torno dos 105 mil pontos. Às 17h45, a moeda americana subia 1,22% em relação ao dólar australiano e 0,72% ante o dólar canadense - ambos correlacionados às commodities -, e avançava 0,06% e 1,75% frente às divisas emergentes lira turca e rand sul-africano, respectivamente.

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