COMBUSTÍVEIS

Alta na gasolina se deve à defasagem dos preços internacionais, diz Tavares

A Petrobras diz que aumento de 7,5% no valor da gasolina "é coerente com a prática de preços" da estatal. Economista consultado pelo Correio diz que reajuste terá impacto na inflação

Fernanda Strikcland
Francisco Artur
postado em 24/01/2023 17:53 / atualizado em 24/01/2023 17:54
 (crédito: Ed Alves/CB/DA.PRESS)
(crédito: Ed Alves/CB/DA.PRESS)

O presidente do Sindicombustíveis do Distrito Federal, Paulo Tavares, atribuiu o reajuste de 7,5% no valor da gasolina vendida às refinarias, anunciado nesta terça-feira (24/1) pela Petrobras, à defasagem da Paridade de Preço Internacional (PPI) da estatal.

“Até ontem (23), o PPI estava defasado em R$ 0,50 na gasolina e no diesel. Ou seja, o preço dessas duas commodities no mercado internacional estava mais barato em R$ 0,50 o litro no mercado interno”, explicou o representante dos postos revendedores de combustíveis. 

Ainda na perspectiva que aponta uma defasagem do preço da gasolina praticado no Brasil em relação ao mercado internacional, Tavares acrescentou que a Petrobras reajustou "apenas a metade da defasagem". "Ou seja, o preço das suas commodities do mercado brasileiro será repassado para as distribuidoras em R$ 0,25. Consequentemente, elas podem repassar esse valor de forma integral, menor ou maior”, disse.

Questionado sobre o preço nos postos, o presidente do Sindicombustíveis foi sucinto: “Ainda não sabemos o valor exato que vão repassar amanhã (25)”.

Defasagem e "aumento coerente"

Quanto à diferença dos preços da gasolina comercializada no Brasil em relação ao custo no mercado internacional, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) divulgou um levantamento, nos último dia 3, em que apontou uma defasagem de 11%.

A Petrobras informou hoje que o aumento "acompanha a evolução dos preços de referência e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações e da taxa de câmbio".

Com o aumento, o preço médio de venda de gasolina para as distribuidoras passará de R$ 3,08 para R$ 3,31 por litro, um aumento de R$ 0,23 por litro. O valor é 7,47% maior do que o atual. O último reajuste dos preços da gasolina havia sido realizado em dezembro, com redução de 6,1%.

Inflação

Para o economista e professor de Mercado Financeiro da Universidade de Brasília (UnB) César Bergo, o reajuste no valor da gasolina vendida às refinarias foi acima do esperado. 

"7,5% foi exagerado. Creio que, pelos preços internacionais (barril de petróleo e do dólar), nos últimos três meses o aumento poderia ter ficado abaixo dos 5%", defendeu o especialista. A base da gasolina é o petróleo do tipo Brent. No mercado internacional, essa commodity é comercializada, atualmente, por cerca de 85 dólares. 

Na avaliação do professor, o reajuste no preço da gasolina terá impactos na inflação dos próximos meses. Segundo ele, outros reajustes na gasolina devem ser realizados pela petroleira.

"Os próximos meses devem ser de aumento do combustível independente do mercado internacional. Isso porque, no dia 28 de fevereiro vai vencer a medida que desonera tributos federais na gasolina e no etanol", afirmou. 

Nova gestão da Petrobras

O cenário de aumento dos preços do combustível, porém, pode ser alterado caso haja uma mudança na política de preços da Petrobras.

"Esse, aparentemente, é o discurso do próximo presidente indicado para assumir a Petrobras (Jean Paul Prates). Ele fala em rever a política de preços que a companhia pratica", afirmou o professor. Para assumir a estatal, o nome Jean Paul Prates terá de ser aprovado pelo conselho da empresa. A decisão sobre se Prates presidirá a estatal será tomada nesta quinta-feira (26).

Quando questionado sobre como será a política de preços da estatal, Jean Paul Prates endossa publicamente a ideia de criar um “mecanismo de proteção” para estabilizar os preços dos combustíveis em momentos de crises, quando o valor internacional internacional subir pressionando o mercado interno.

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