CONJUNTURA

Reunião de Haddad com Campos Neto chama atenção de analistas

A Selic, atualmente em 13,75% ao ano, tem garantido uma remuneração atrativa para pequenos investidores ou para quem tem aversão ao risco nas aplicações financeiras

Rosana Hessel
postado em 01/02/2023 03:55
 (crédito: Fabrice Coffrini/AFP)
(crédito: Fabrice Coffrini/AFP)

O encontro do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na véspera das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), que começaram ontem e terminam hoje, chamou a atenção de analistas.

Ex-diretores do BC e ex-integrantes de equipes econômicas de governos anteriores destacaram que esse tipo de reunião não é comum, especialmente porque existe um período tácito de silêncio dos diretores da autarquia, que começa na quarta-feira antes do Copom e vai até a terça-feira da semana seguinte.

"Não é comum uma reunião desse tipo antes do Copom, mas nossa expectativa é que isso não influencie a decisão do Comitê, que vai continuar considerando as sinalizações do lado fiscal do novo governo, que continuam dúbias", alertou Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos. Ele lembrou que o ministro Haddad tem falado da importância do equilíbrio das contas públicas e sinalizado que está empenhado no desenho do novo arcabouço fiscal, mas, por outro lado, tem a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição que aumentou os gastos "muito além do necessário e do razoável".

Se é motivo de críticas de integrantes do governo, a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano, tem garantido uma remuneração atrativa para pequenos investidores ou para quem tem aversão ao risco nas aplicações financeiras.

Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) lembra que juros nesse patamar garantem uma rentabilidade melhor para aplicações em renda fixa atreladas ao CDI, como fundos, CDBs e títulos prefixados ou pós-fixados do Tesouro Direto.

"O Banco Central deverá manter a taxa Selic em 13,75% por um período mais prolongado, devendo começar a diminuir a taxa apenas na segunda metade do ano, porque ainda há repiques inflacionários, como nos alimentos. Dependendo da situação da inflação, o Banco Central poderá começar a reduzir os juros, mas muito pouco neste ano, talvez algo entre um ponto a dois pontos percentuais. Mesmo assim, a Selic ainda continuará em um patamar elevado, o que continuaria proporcionando uma rentabilidade boa para a renda fixa frente a outros tipos de aplicação, como Bolsa e poupança", afirmou. "A renda fixa vai continuar sendo atrativa neste ano", emendou. 

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