FOLIA

Saiba como se proteger de golpes e pular o carnaval sem preocupações

Fraudes e roubos estão entre os crimes mais comuns cometidos no carnaval. Para evitar dor de cabeça, foliões devem se precaver e ter atenção redobrada, especialmente nas aglomerações

Rafaela Gonçalves
postado em 12/02/2023 06:00
 (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)
(crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)

Com o carnaval chegando, a aglomeração de pessoas e a distração no momento de pagamentos facilitam que bandidos apliquem golpes financeiros, bastante comuns nesta época do ano. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) um dos mais recorrentes é o golpe da troca do cartão, por isso é preciso estar atento. O golpista se passa por um ambulante e entrega a maquininha para o cliente digitar a senha do cartão. O falso vendedor se aproveita de um momento de distração do comprador e presta atenção na senha que está sendo digitada.

O publicitário Rodrigo Oliveira, de 26 anos, sofreu com o golpe da troca de cartão no último carnaval, no Rio de Janeiro. "Eu fui comprar bebida de um ambulante, estava um pouco disperso conversando com amigos e ele se afastou um pouco parecendo buscar por sinal da maquininha, mas até então tudo bem, estava no meu campo de visão. Quando ele devolveu o cartão eu guardei rapidamente para sair do local e acompanhar a minha turma, só depois percebi que o cartão que ele tinha me devolvido não era o meu", conta.

Oliveira disse que demorou a se dar conta que havia caído em um golpe. "Eu ainda fui inocente, porque quando fui pegar o cartão novamente para comprar bebida e vi que não era o meu pensei que tinha sido um engano, mas nessa altura do campeonato já seria impossível encontrar de novo o mesmo ambulante. Só depois falando com meus amigos percebi que não tinha nada de engano e sim já era premeditado, na verdade isso é até bastante comum", diz.

Segundo o publicitário, a maior dor de cabeça veio depois, ao chegar em casa: "Na hora em que eu percebi, eu já bloqueei o cartão no aplicativo, mas já era tarde demais, já tinha dado tempo deles fazerem a festa. Depois, a bateria do meu celular acabou e eu continuei curtindo o bloco. Só quando cheguei, tive noção do tamanho da perda, acabei com um prejuízo financeiro de mais de R$ 7 mil", lamenta.

O diretor do Comitê de Prevenção a Fraudes da Febraban, Adriano Volpini, alerta que é necessário prestar muita atenção ao comprar algo na rua e pagar com cartão. "Muitas vezes, o golpista também usa algum truque e desvia a atenção do folião para que a vítima digite a senha no campo destinado ao valor da compra. Isso permite que o bandido descubra o código secreto. É importante ressaltar que o campo de senha deve mostrar apenas asteriscos", diz.

Volpini ainda ressalta que o cliente não deve aceitar fazer pagamentos se o visor da maquininha estiver danificado. "Também é muito importante que a própria pessoa insira o cartão na maquininha e confira se o cartão devolvido é realmente o seu. Peça o recibo impresso da transação ou verifique se o valor está correto nas mensagens SMS que recebe no app do banco. No caso de pagamento via QR Code ou transferência, confira o valor e o destinatário do dinheiro", acrescenta.

Celulares na mira

Outro problema muito comum em locais com aglomeração de pessoas, como é o caso dos blocos de carnaval, são os furtos, roubos ou perdas de celulares. Muitos usuários anotam suas senhas de acesso ao banco em blocos de notas, e-mails, mensagens de Whatsapp ou em outros locais do celular. Também há casos de clientes que usam a mesma senha de acesso do banco em outros aplicativos que, em grande parte dos casos, não contam com sistemas de segurança robustos.

Segundo o especialista em segurança Alan Fernandes, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, as quadrilhas estão se especializando em golpes digitais. "Há também um interesse pelo próprio aparelho e pelas peças, mas, em boa parte, o aumento dos crimes se deu pelo fluxo de informações contidas nos celulares, sobretudo acesso a aplicativos de banco", observa.

Os softwares são os principais canais de comunicação com os bancos e estão nos celulares. Quem acessa pode movimentar as contas com facilidade. Os golpistas tentam acompanhar a tecnologia para extrair mais dinheiro das vítimas. "Existem grupos criminosos que só atuam com crimes financeiros a partir de dados de celulares", destaca Fernandes.

A servidora pública Laryssa Passos, 28 anos, teve seu celular furtado em uma festa de pré-carnaval em janeiro. Além da perda do aparelho, os criminosos mudaram todas as suas senhas. "Tive prejuízo de quase R$ 14 mil, virei a noite e passei o dia inteiro cumprindo burocracias para tentar recuperar minhas contas e proteger dados, porque, além de tudo, deletaram meu e-mail. Todos os aplicativos de bancos tinham autenticação de dois fatores e eu dependia do celular, que estava com os bandidos, para acessá-los. Não desejo para ninguém o desespero que senti", conta.

Ela ainda conseguiu rastrear o aparelho, mas não teve ajuda da polícia para recuperá-lo. "O pior de tudo é que eu consegui rastrear durante dias, eu conseguia ver onde ele estava, mas fui na delegacia e a polícia simplesmente me disse que não fazia esse tipo de trabalho. Não tinha como também eu ir lá em busca do aparelho sozinha, sem um amparo. Dá um sentimento imenso de impotência", desabafa.

De acordo com a Febraban, os aplicativos dos bancos contam com o máximo de segurança em todas as suas etapas, desde o seu desenvolvimento até a sua utilização. No entanto, algumas estratégias podem facilitar a ações dos bandidos, por isso é necessário tomar determinados cuidados, como não deixar cartões salvos no aparelho, cadastrar um e-mail separado que não esteja logado no celular para a recuperação de contas e usar a biometria como camada extra de proteção, não como a única.

A advogada Tainá Aguiar Junquilho, especialista em direito digital e professora do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), destaca que ainda há dificuldade para prestar queixa de golpes financeiros a partir do roubo do aparelho. "Tanto quanto criminosos usam seus dados para fazer empréstimos, em seu nome, quanto quando usam para fazer saques ou transferências, os bancos têm tentado alegar culpa exclusiva da vítima", afirma.

Em casos em que o banco não atenda a solicitação, o cliente pode recorrer aos órgãos de defesa do consumidor. De acordo com Junquilho, não é regra que os bancos sempre devam realizar o reembolso dos valores subtraídos pelos criminosos, sobretudo com o aumento do número de casos recentes.

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