Mal da vaca louca

Diretor da CNA defende revisão de acordo com China para retomada de exportações

Em entrevista ao CB.Agro, diretor da CNA defende revisão de acordo com a China para retomada mais rápida das exportações

Isabel Dourado*
postado em 25/02/2023 06:00
 (crédito:  Mariana Lins )
(crédito: Mariana Lins )

A identificação de um caso de "mal da vaca louca" no município de Marabá (PA), que provocou a suspensão das exportações de carne bovina para a China, maior compradora de proteína animal brasileira, foi o assunto da semana na área do agronegócio. Para a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o país deve continuar mantendo total transparência em relação a questões de natureza sanitária animal, mas é necessário rever o protocolo sobre o tema assinado com o governo chinês em 2015.

De acordo com Bruno Lucchi, diretor técnico da CNA, a ideia é permitir que as exportações sejam automaticamente retomadas tão logo se confirme que se trate de um caso atípico da doença, a forma que não traz riscos nem para outros animais nem para humanos. Afinal, dos seis casos até agora registrados no país, que adota protocolos de vigilância há 23 anos, nenhum foi da forma típica da doença, a mais grave. Lucchi deu entrevista ao CB.Agro, programa realizado em parceria do Correio com a TV Brasília.

Como a CNA avalia o caso de "vaca louca" identificado no país nesta semana? É grave a situação?

Tem dois tipos do mal da vaca louca. A forma típica, que realmente é grave, que causa problemas em todo o rebanho e nas pessoas que comam a carne de bovinos doentes, surge quando o animal consome uma ração contaminada. Uma ração que tem inclusive produtos de origem animal. No Brasil, desde 2004, a legislação proíbe a utilização de qualquer tipo de fonte de origem animal na alimentação de ruminantes (bovinos, caprinos, ovinos). O sistema de produção do Brasil, predominantemente, é de pastagem.

No Brasil, nunca foi diagnosticada a forma grave da doença. Os poucos casos que tivemos nos últimos anos foram da forma atípica, na qual o animal desenvolve a doença de modo espontâneo, em função da idade. Animais mais velhos têm algum problema no metabolismo do cérebro e apresentam os sintomas da vaca louca, mas de forma que não oferece o risco de contaminação para outros animais nem para a população humana. Nesse caso no Pará, o órgão de defesa sanitária do estado seguiu todos os procedimentos e o primeiro resultado do laboratório de referência no Brasil identificou a forma atípica. Mas, como a gente segue as normas da Organização Mundial da Saúde Animal, uma contraprova é feita em um laboratório internacional de referência, que, no caso, é no Canadá. O resultado deve sair na próxima semana ou na seguinte.

Ao mesmo tempo, houve a suspensão das exportações. Por quê?

A China é o único país para o qual o Brasil suspende as exportações assim que encontra quaisquer indícios de vaca louca. Essa cláusula consta de um dos últimos protocolos que assinamos com os chineses, em 2015. O Brasil hoje exporta para mais de 120 países, e esse é um protocolo já de longa data. É um ponto que gostaríamos de rever neste protocolo, e vamos discutir o assunto com o ministro da Agricultura.

Como seria feito isso?

Há uma missão prevista do governo brasileiro para a China em março. Nós vamos propor o seguinte: identificou a vaca louca, ok, suspende a exportação, mas, se deu a forma atípica, retoma automaticamente, não precisa vir uma nova missão da China ao Brasil, não precisa que a China tome a decisão de reabrir. Nós tivemos, no passado, e eu falo de 2021, um período em que ficamos quase quatro meses com esse mercado suspenso para um caso atípico. Não é mais um caso sanitário, é comercial. Então, o que a gente quer é tirar a parte comercial e ficar com a parte sanitária. É algo que pode ser revisto sem problema algum, basta alguém provocar e dar as garantias sanitárias.

*Estagiária sob a supervisão de Odail Figueiredo

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