Segundo o economista-chefe do Banco Original, Marcos Caruso, apesar de dezembro ser um mês tradicionalmente de compras, o enfraquecimento do varejo já era esperado, refletindo um mix de condições macroeconômicas desfavoráveis às famílias. "A título de exemplo, citamos os recordes do comprometimento de renda e níveis de endividamento da população, reforçados pelos baixos rendimentos médios habituais e inflação ainda elevada. Esses fatores comprimem o orçamento do consumidor, que diminui o consumo e tende a recorrer a linhas de crédito, que, hoje, possuem juros elevados", observou.
Cinco das oito atividades analisadas apresentaram resultado positivo no ano. Entre os setores que registraram alta, além de combustíveis e lubrificantes, o ramo de livros, jornais, revistas e papelaria também foi destaque, com crescimento de 14,8%. O gerente do levantamento, afirmou que a alta na área de combustíveis e lubrificantes foi motivada, desde julho do ano passado, pela política de redução dos impostos de gasolina, etanol e diesel.
"Com essas mudanças, essa atividade teve aumento significativo e, após aquele momento, teve quedas grandes. Em novembro, houve uma perda de 5,4% e o resultado de dezembro intensificou ainda mais essa trajetória. Mesmo assim, o acumulado do ano para esse setor foi o maior da série histórica", avaliou Santos. Só no segundo semestre do ano, o segmento de combustíveis e lubrificantes cresceu 27,8%.
Supermercados
O setor de hiper e supermercados, que é o de maior peso na pesquisa, está há dois meses no campo negativo, mas encerrou o ano com ganho acumulado de 1,4%. "Em 2022, tivemos o efeito da inflação elevada, sobretudo em alimentos, o que favorece mais esse setor que outros, já que muitos deixam de consumir outro tipo de produto para continuar comprando esses itens básicos, ainda que reduzam o dispêndio de forma geral. No último trimestre, tivemos também o efeito do aumento do Auxílio Brasil, alcançando as famílias de menor renda, que tendem a usar o valor do benefício em hiper e supermercados", analisou Cristiano Santos.
O diretor da Faculdade do Comércio de São Paulo (FAC-SP), Wilson Rodrigues, avalia que, se não fossem as medidas de incentivo ao consumo adotadas pelo governo, o resultado viria pior. "Não se pode deixar de mencionar o dinheiro que se colocou na mão da população por meio do Auxílio Brasil. Com essa ajuda financeira, as pessoas, embora endividadas, tiveram um pouco mais de fôlego para o consumo", afirmou.
A projeção preliminar do Banco Original indica uma estagnação do setor, com expectativa de avanço de apenas 0,6% do varejo ampliado em 2023. "Se por um lado temos uma ampliação de transferência de renda estimulando o comércio, por outro, o conflito do governo com o Banco Central vem causando recorrentes revisões altistas para a inflação futura. Esse cenário reforça uma política monetária com a manutenção dos juros elevados por mais tempo, dificultando o consumo e o acesso ao crédito", avaliou o economista-chefe, Marcos Caruso.
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