Juros

Decisões do Banco Central têm impacto na política, diz Tebet

Ministra do Planejamento diz que governo e Banco Central tem visões diferentes sobre os juros, mas acredita que elas não são contraditórias. Tebet também reforçou a importância de um BC autônomo para a estabilidade

Henrique Lessa
postado em 27/04/2023 12:24 / atualizado em 27/04/2023 12:26
 (crédito:  Pedro França/Agência Senado)
(crédito: Pedro França/Agência Senado)

Para a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, o governo faz uma forte relação entre a taxa de juros e o crescimento econômico enquanto o Banco Central (BC) relaciona taxa de juros e inflação. Ela pondera, no entanto, que “o crescimento não pode ficar no meio do caminho”.

Ela observa que governo e BC têm visões diferentes sobre os juros, mas acredita que elas não são contraditórias. “É impossível crescer e termos um crescimento sustentável, duradouro e inclusivo se tivermos altas taxas de juros. Já o Banco Central diz que baixando as taxas de juros nós pagaremos um preço alto, que seria o aumento da inflação. Mas não há contradição nessas afirmações”, disse a ministra em sessão especial do Senado nesta quinta-feira (27/4) para debater a taxa básica de juros (Selic) e o crescimento da economia.

Tebet também reconhece a importância da autonomia do BC, mas diz que, apesar das visões não serem contraditórias, a autarquia não pode apontar que suas decisões são "apenas técnicas". Segundo ela, essas ações têm reflexos na política, em especial nas forma como a autoridade monetária apresenta suas atas e comunicados.

“Não há contradição quando dizemos que o Banco Central é o responsável pela política monetária, que tem sempre decisões técnicas, mas também temos que afirmar que (a autarquia) tem que ter foco nas políticas públicas e no crescimento do Brasil. Não há contradição em dizer que o BC é autônomo, é bom que o seja, a autonomia é importante para a estabilidade econômica, e o governo não interfere nas decisões técnicas. Mas o Banco Central também não pode considerar que suas ações são apenas técnicas. São técnicas, mas também são decisões que interferem na política, especialmente nos seus comunicados e nas suas atas”, apontou Tebet.

Também estiveram presentes à sessão comandada pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, bem como representantes da sociedade civil como o ex-presidente do BC Armínio Fraga e o presidente da Fiesp, Josué Gomes.

Inflação

A ministra não deixou de apontar, em seu discurso que a inflação é uma grande mazela a ser enfrentada.

“Tem razão o Banco Central quando diz que não podemos descuidar da inflação. É o pior e o mais perverso imposto que se paga no Brasil, e quem mais paga esse preço é a população mais carente, os mais pobres. Mas não há contradição em se ter uma economia mais pujante, com crescimento sustentável e duradouro e estabilidade”, disse.

Tebet encerrou sua fala na sessão ponderando que os juros não seriam a única forma de combater a inflação. “A reflexão que realmente importa é: o que está gerando a inflação?”, questionou a ministra.

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