CONJUNTURA

Empresários defendem queda dos juros e dizem que Selic estrangula produção

O presidente da CNI argumentou que a indústria e outros segmentos da economia têm dificuldades de conseguir crédito com a taxa Selic atual

Victor Correia
Rafaela Gonçalves
postado em 28/04/2023 03:55 / atualizado em 02/05/2023 11:11
 (crédito: Editoria de ilustração)
(crédito: Editoria de ilustração)

Representantes do setor produtivo que participaram da audiência pública no Senado, ontem, defenderam a queda imediata dos juros básicos da economia para retomada do crescimento. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, foi enfático ao afirmar que "as empresas não aguentam pagar esses juros que nós temos".

"É claro que a inflação não pode ser elevada. Todos nós concordamos com esse ponto. Nós também precisamos dosar esses juros, presidente Roberto Campos [Neto], para que atenda, claro, as questões da meta de inflação, mas que também não prejudique o crescimento e o desenvolvimento econômico", cobrou.

O presidente da CNI argumentou que a indústria e outros segmentos da economia têm dificuldades de conseguir crédito com a taxa Selic atual. Segundo ele, o setor está tomando empréstimos a mais de 30%. Ele aproveitou, ainda, para criticar a falta de concorrência na rede bancária nacional.

"Não tem nenhuma atividade empresarial, industrial, que tenha capacidade de enfrentar uma situação dessas. O banco que faz um empréstimo nessas condições, se está pensando na rentabilidade das empresas, está indo na direção errada", declarou.

Empobrecimento

O presidente da Federação das Indústrias do estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, destacou que o impacto da Selic na indústria está fazendo o país "empobrecer". "Não há negócio em condições de concorrência capaz de fazer frente a tamanho custo de capital. Com a perenidade dos juros altos, temos assistido ao empobrecimento do país", acusou.

Mesmo reconhecendo a importância do combate à inflação, o presidente da Fiesp acredita que o custo dos juros no país seja desproporcional. E chamou a atenção para a relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB).

"O Brasil gasta com juros mais do que o gasto público somado com saúde e educação. Não é aceitável um pouco mais de inflação para ter um pouco mais de crescimento, mas não podemos descuidar do denominador da relação dívida/PIB", afirmou.

Também estiveram presentes à sessão representantes da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), do Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor (Brasilcon), da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). 

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