Jornal Correio Braziliense

Comércio exterior

Haddad nega intenção de afastamento com Estados Unidos em viagem à China

Um dos principais temas tratados na viagem é a proposta de que as transações comerciais entre o Brasil e o país asiático não passem pelo dólar. Ideia pode ser um impasse em relação aos EUA

Ao ser questionado se a aproximação com a China representa um afastamento dos Estados Unidos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou que a relação com os norte-americanos esteja estremecida. Pelo contrário, segundo ele, o governo que “restabelecer as melhores relações”.

“Não temos intenção de nos afastar de nenhum parceiro comercial, sobretudo da qualidade dos Estados Unidos. Nós estamos fazendo um esforço de aproximação, queremos investimentos dos EUA no Brasil”, declarou durante coletiva de imprensa em Pequim, nesta sexta-feira (14/4). “Na verdade, estamos vivendo quase um momento de desinvestimento, pois algumas empresas americanas deixaram o Brasil no governo passado. Queremos restabelecer as melhores relações”, acrescentou o ministro.

Para Haddad, “o Brasil tem tamanho para fazer parceria com grandes blocos e outros países em acordos bilaterais”. “Não faz nenhum sentido fazer a opção de se aproximar de um para se afastar de outro”, afirmou.

Moeda única 

Um dos principais temas tratados na viagem do governo à China é a proposta de que as transações comerciais entre o Brasil e o país asiático não passem pelo dólar, com a criação de uma moeda única que possa reduzir os custos de transação. A ideia pode ser um impasse em relação aos EUA, pois criaria uma alternativa para driblar eventuais sanções financeiras impostas pelos norte-americanos.

“O desafio que o presidente Lula colocou em todas as reuniões com as empresas e com o próprio governo [chinês] foi intensificarmos os estudos de viabilidade de reindustrializar o Brasil, em parceria com o capital chinês”, disse Haddad.

O ministro afirmou ainda que sempre avaliou que o real estava muito desvalorizado e viu a recente queda do dólar como natural. Para ele, a moeda doméstica pode ir a patamares ainda mais "adequados" caso o Congresso colabore com a agenda de recuperação fiscal do governo.