Jornal Correio Braziliense

Juros

Campos Neto em debate no Senado: juro real 'já foi muito mais alto'

O presidente do Banco Central participa de debate no Senado Federal sobre a taxa de juros nesta quinta (27/4). Também estão presentes os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet

Em sessão temática do Senado Federal, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a defender a atual política monetária nesta quinta-feira (27/4). Segundo ele, a decisão tomada pelo órgão de manter a taxa Selic no patamar de 13,75% é “coletiva e técnica”, e o sistema de metas de inflação adotado pelo Brasil “funciona”. O chefe do BC afirmou ainda que o juro real no Brasil “já foi muito mais alto”.

Conduzida pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a sessão do Senado debate a política atual de juros. Também estão presentes o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, que defendem a queda dos juros.

“A gente tem um sistema de metas que funciona muito bem. Funcionou em todos os países. Já temos demonstrado como o sistema de metas faz a inflação cair rapidamente”, declarou Campos Neto em seu discurso. “Nós temos um sistema de meta de inflação que chega a 3% em 2024. É importante frisar inclusive que a meta é determinada pelo governo, e o Banco Central tem autonomia para executar”, acrescentou.

Decisão técnica

Sobre a decisão de manter a taxa de juros alta, principal ponto de conflito entre o Executivo e a autoridade monetária, Campos Neto frisou que a decisão é tomada de forma “técnica e coletiva”, durante a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que dura dois dias. O presidente do BC é o alvo prioritário do governo contra a taxa de juros, e vem sendo atacado por integrantes do Executivo e aliados desde o início do mandato. Integrantes do governo, como Haddad e Tebet, argumentam que o patamar atual leva a uma diminuição do consumo e emperra o desenvolvimento econômico.

Ao final de seu discurso, Campos Neto justificou a decisão de manter a taxa de juros elevada. Ele citou que parte da decisão leva em conta questões estruturais, como uma baixa operação de credito, endividamento percebido alto e indicadores de risco. A outra parte, segundo ele, é ligada à política monetária.

“É importante frisar que a gente tem um volume de crédito direcionado que é muito grande. É como se o Banco Central pisasse no freio, mas o freio tivesse menos potência”, explicou. “A gente tem 42% do crédito da economia que é direcionado, ou seja, que não está sob impacto direito do que o BC faz. A média no mundo emergente, para se ter uma ideia, é de 6%”, acrescentou.