JUROS

Galípolo diz que poderá ser voz dissonante dentro do BC

Indicado para diretoria do Banco Central diz que poderá ser voz dissonante na autarquia, mas que pretende construir consensos

Rosana Hessel
postado em 10/05/2023 03:55
 (crédito: Estadão Conteúdo)
(crédito: Estadão Conteúdo)

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, admitiu que pode ser a voz dissonante no Banco Central (BC), mas que pretende "construir consensos" entre as políticas monetária e fiscal quando assumir a diretoria de Política Monetária da autarquia, caso tenha seu nome aprovado pelo Senado. Para isso, pretende conduzir o diálogo, da forma "mais democrática e cordial possível", pois "todo mundo quer baixar os juros". Ele tem convicção de que a atual diretoria da autoridade monetária não tem nenhum tipo de satisfação de deixar os juros no atual patamar.

"O ministro Fernando Haddad vem dizendo há muito tempo que ele está tentando evitar um equívoco na economia, que é você ter uma política monetária que vai por um lado, e uma política fiscal que vai para o lado oposto. Esse tipo de diálogo e esse tipo de convergência entre a política monetária e fiscal são essenciais", afirmou Galípolo, ontem, a jornalistas, em frente à sede da Fazenda.

Galípolo foi confirmado por Haddad, na segunda-feira, como o nome escolhido para a diretoria de Política Monetária do BC. Atualmente, ele exerce a função de ministro interino, porque Haddad embarcou para o Japão para participar, como convidado, do encontro ministerial dos G7, grupo dos países mais industrializados do planeta.

Ele afirmou que tem uma boa relação com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e com a diretoria também, mas isso "não significa obrigatoriamente que todo mundo vai pensar igual em economia".

"A conversa com o Banco Central tem sido sempre da maneira mais educada e cordial possível. É óbvio que tenho uma grande afinidade de pensamento com o ministro Fernando Haddad. A intenção é facilitar a convergência das duas políticas", assegurou.

Ao ser questionado se pretende votar pela queda dos juros nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), ele afirmou que "não necessariamente". "Eu acho que todo mundo quer baixar os juros. Tenho a convicção de que toda a diretoria do Banco Central não tem nenhum tipo de satisfação, nem profissional nem pessoal, de ter um juro mais alto. O que vem sendo feito pela Fazenda é tentar criar um ambiente para que o mercado possa colocar os preços da maneira adequada e que o Banco Central possa sancionar essa redução de juros", afirmou, acrescentando que, "antes de tudo", tem que esperar a sabatina no Senado Federal.

Ele contou que já teve manifestações positivas de vários parlamentares, inclusive do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). "Fiquei muito contente com as declarações públicas e privadas", afirmou.

Gabriel Galípolo evitou comentar a ata do Copom, divulgada ontem, mas reconheceu que ela é clara e considera outras condicionantes para a manutenção dos juros além da desaceleração atual da inflação. E reforçou que pretende pacificar o diálogo entre o governo e o Banco Central. "Espero que a gente possa construir consensos e caminhar da melhor forma possível", emendou.

Herança ultrapositiva

Ao tratar das reservas internacionais do país, atualmente em US$ 347,8 bilhões, Galípolo disse que elas são uma "herança ultrapositiva" dos governos anteriores de Lula. Ele lembrou que outros países emergentes estão passando por dificuldade neste momento justamente pela restrição de divisas internacionais. "Agora, com a alta dos juros em outros países, essa herança nos coloca em uma condição muito mais segura, até para um cenário mais adverso que vem pela frente, para se apresentar, como um caso de eleição de investimento para a economia internacional", afirmou.

O secretário evitou comentar os rumores de que está sendo preparado para presidir o Banco Central a partir de 2025, após o fim do mandato de Campos Neto. Afirmou que não está no governo por um projeto de carreira pessoal, mas para colaborar com o que for preciso.

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