COMBATE AO DESMATAMENTO

Gigante de potássio brasileira propõe não vender fertilizante a Amazônia

O agricultor brasileiro é altamente tecnológico, com produtividade recorde nos últimos anos, comprovando esse compromisso de cada agricultor em produzir de forma mais eficiente e sustentável", disse o fundador da empresa

Agência Estado
postado em 24/05/2023 11:21 / atualizado em 24/05/2023 11:21
 (crédito: Michel Dantas/AFP)
(crédito: Michel Dantas/AFP)

A Verde Agritech, empresa com maior capacidade de produzir potássio do Brasil, vai propor aos acionistas que a companhia não venda fertilizantes para 218 municípios da Amazônia. A decisão do Conselho de Administração, em linha com as premissas de operação sustentável da companhia, tem por objetivo estimular o combate ao desmatamento em um dos territórios mais ricos em biodiversidade no mundo. A votação será em junho, informa a companhia em comunicado.

O fundador e CEO da Verde Agritech, Cristiano Veloso, afirmou na nota que "do ponto de vista de faturamento, não terá impacto no nosso negócio, mas reforça o compromisso da agricultura brasileira com um modelo de produção que já é o mais sustentável do mundo". "O agricultor brasileiro é altamente tecnológico, com produtividade recorde nos últimos anos, comprovando esse compromisso de cada agricultor em produzir de forma mais eficiente e sustentável", acrescentou.

O executivo ressaltou que a empresa venderá produtos para a região apenas se for algum projeto de reflorestamento de mata nativa. "Os agricultores do Brasil estão comprometidos com o meio ambiente, porque entendem a importância dos recursos naturais para produzir alimentos."

Ao todo, a iniciativa vai proteger um território total de 2,23 milhões de km2. Segundo estatísticas da plataforma IBGE Países, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área é maior, em extensão, do que Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Itália somados, nações que fazem parte do top 10 de maiores economias do mundo.

"Somos uma empresa que usa tecnologia para produzir uma nova geração de fertilizantes, de forma sustentável e que tem o meio ambiente como aliado da produção de alimentos, valorizando os microrganismos do solo que ajudam, inclusive, a reduzir o uso de agroquímicos", disse Veloso.

Desde o ano passado, a companhia tem capacidade para produzir 3 milhões de toneladas de fertilizantes e anunciou investimentos de R$ 275 milhões para construção de uma terceira unidade produtiva, que fará com que a empresa atinja até 16,4% da demanda nacional por potássio. O projeto contempla outras fases de investimento, podendo chegar a 60% de todo potássio que o Brasil necessita.

As plantas industriais da companhia estão em São Gotardo e Matutina, interior de Minas Gerais, em uma operação que é ambientalmente sustentável, sem a necessidade de barragem ou rejeito. O processo não utiliza produtos químicos graças à tecnologia Cambridge Tech, desenvolvida em parceria com a Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

No fim do ano passado, a empresa solicitou à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) autorização para construir um ramal ferroviário interligando as plantas da companhia ao Triângulo Mineiro. A companhia aguarda liberação. A linha férrea vai se conectar a sete Estados e ao Distrito Federal, por meio de uma rede que tem parte administrada pela Ferrovia Centro Atlântica (FCA). O projeto permitirá o transporte de até 55% da demanda do agronegócio por fertilizante potássico, podendo atingir até 50 milhões de toneladas por ano.

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