Trabalho

Home office declina e movimento de volta ao escritório ganha força

Quase 95% das ofertas de emprego exigem atividade presencial dos funcionários, revela pesquisa. Tendência do home office, que cresceu durante a pandemia, perde espaço

Fernanda Strickland
postado em 09/07/2023 03:55
 (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
(crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O início de 2020, com a pandemia da covid-19, trouxe uma nova realidade para os trabalhadores. A doença obrigou funcionários de diversos setores a exercerem suas funções longe do escritório das empresas, tornando as vagas oferecidas neste modelo muito populares durante quase dois anos. Diante do cenário, o que se imaginava para o futuro é que as vagas de teletrabalho seriam plenamente ampliadas para os anos seguintes. Porém, o movimento de volta aos escritórios é que tem ganhado força no mercado de trabalho.

De acordo com a plataforma de divulgação de ofertas de emprego Infojobs, mesmo com o crescimento de 16,6% entre novembro de 2022 e janeiro deste ano de vagas híbridas, elas ainda representam apenas 2,48% do total, sendo 2,7% totalmente remotas e 94,82% totalmente presenciais.

"Em termos gerais, as empresas possuem o direito de estabelecer as condições de emprego fornecidas aos empregados e, caso o funcionário se recuse a exercer o modelo presencial sem motivo pertinente, pode ser excluído do processo seletivo", explica a advogada Ana Paula Cardoso, do escritório Aparecido Inácio e Pereira.

Uma alternativa para balancear a rotina é o trabalho em modelo híbrido, que se trata da junção do modelo presencial e do teletrabalho. Com a pandemia, muitas empresas passaram a dividir a semana de trabalho dos colaboradores entre o escritório e as casas dos próprios profissionais, e, mesmo com o retorno ao novo normal, algumas delas ainda continuam a exercer este modelo.

Flavio Mikami, especialista em empreendedorismo e empresário, explica que a tendência do home office começou a perder força por questões específicas. "A primeira, porque muita gente foi literalmente obrigada a trabalhar de casa, sem nunca ter feito isso antes, e, com isso, o rendimento desses trabalhadores foi caindo, levando o rendimento da empresa a cair também", afirma. "Muita gente que, mesmo antes da pandemia, trabalhava em home office se sentia desconfortável com as distrações, como barulho, família, filho, entre outros", diz.

Segundo o especialista, o que está influenciando o restabelecimento do trabalho presencial, é o controle da pandemia. "A estabilização da covid traz um cenário mais propício para as pessoas voltarem a trabalhar de forma presencial", explica. "As empresas estão preferindo realmente ter as pessoas de volta a seu local de trabalho, até porque muitas das atividades performam melhor de forma presencial", ressalta.

Monitoramento das empresas

No Brasil, há ferramentas pelas quais as empresas podem monitorar o trabalho dos funcionários, como acompanhamento de páginas acessadas e programas executados por eles. Além disso, alguns softwares realizam checagens periódicas da localização dos funcionários, por meio do computador corporativo. É importante ressaltar que, atualmente, o monitoramento de funcionários não é previsto por nenhum tipo de legislação, ou seja, não há nada que regulamente ou proíba esse tipo de prática. Assim, o indicado é buscar uma composição amigável entre empregados e empregadores.

Outro ponto essencial para o monitoramento de funcionários é possuir um bom planejamento, que esteja de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados, com a preservação de informações confidenciais que envolvam os titulares de dados, além de manter comunicação com os funcionários, a fim de informá-los sobre essas políticas. "A comunicação é fator essencial em qualquer ambiente de trabalho, então, caso o monitoramento seja realizado por parte da empresa, é vital que os colaboradores saibam e entendam as diretrizes", ressalta a advogada Ana Paula Cardoso, do escritório Aparecido Inácio e Pereira.


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