MEIO AMBIENTE

Pessoas ricas poluem mais do que as pobres, alerta Oxfam

De acordo com levantamento da Oxfam divulgado, nesta segunda-feira (20/11), os 10% mais ricos do planeta são responsáveis por 50% das emissões de gases do efeito estufa

Templo de Akshardham em meio a forte poluição atmosférica em Nova Delhi, em 9 de novembro de 2023       -  (crédito: ARUN SANKAR / AFP)
Templo de Akshardham em meio a forte poluição atmosférica em Nova Delhi, em 9 de novembro de 2023 - (crédito: ARUN SANKAR / AFP)
postado em 20/11/2023 16:48 / atualizado em 20/11/2023 20:25

Em um cenário em que o mundo enfrenta crises gêmeas, de colapso climático e de descontrole da desigualdade, os mais ricos são mais poluidores do que os mais pobres, que são os mais afetados pelas emissões de carbono.

Conforme estudo da Oxfam lançado nesta segunda-feira (20/11), a fatia de 10% dos mais ricos respondem por 50% das emissões de gases do efeito estufa. E, dentro desse conjunto, o 1% de super-ricos são responsáveis por 16% das emissões de gases do efeito estufa no mundo, o dobro do percentual dos 50% mais pobres, de 8%. Além disso, equivale ao volume de poluentes gerados por 66% da população mais pobre, ou o equivalente a 5 bilhões de pessoas. 

“Esse estudo mostra um esforço de mostrar que há, infelizmente, uma combinação entre o colapso climático e a desigualdade”, destaca Katia Maia, diretora-executiva da Oxfam, em entrevista ao Correio. Segundo ela, o documento da entidade, de 114 páginas, será uma importante contribuição para os debates da 28ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas, a COP28, que ocorrerá no fim deste mês e no começo de dezembro, em Dubai.

“A concentração de riqueza permite que esses 1% mais ricos queimem mais carbono e há uma série de elementos que mostram como os gastos desse 1% de super ricos contribui para a aceleração”, ressalta Katia Maia.

De acordo com os dados do estudo, desde a década de 1990, o volume de emissões de carbono da fatia de 1% mais rica da população global, dobrou e as emissões geradas por esse contingente de privilegiados em 2019, são suficientes para causar a morte de 1,3 milhão de mortes em excesso devido ao calor entre 2020 e 2100.

O relatório também mostra o contraste entre as pegadas de carbono do 1% mais rico – que têm muitos investimentos em indústrias poluentes e cujos estilos de vida resultam em grandes emissões de CO2, impulsionando assim o aquecimento global – e da maior parte da população do mundo.

“Um dos temas centrais da COP 28 é a necessidade de manter a meta de 1,5°C no aumento da temperatura global para evitar um colapso climático e é inaceitável que o 1% mais rico continue liderando o mundo ladeira abaixo para um colapso planetário”, aponta Katia Maia.

A diretora da Oxfam ressalta que bilhões de pessoas são impactadas por enchentes, secas, perdas de território, aquecimento global e baixa de temperatura desproporcional, entre outros problemas, mas problemas de saúde e de pobreza E uma das principais recomendações da Oxfam para o combate a essa desigualdade gêmea é a taxação mais justa dos super ricos para evitar o agravamento das crises climáticas e de desigualdade.

 

Tributação sobre os mais ricos

 

Pelas estimativas da Oxfam, um imposto de 2% sobre a riqueza dos milionários, de 3% sobre aqueles com riqueza superior a US$ 50 milhões e de 5% sobre os bilionários do mundo geraria US$ 1,7 trilhão. 

“Temos a sensação de que o planeta Terra não está mais sendo dirigido pela maioria, mas por esse 1% de super ricos. E, por isso, queremos colocar a maioria de volta ao poder. Os governos precisam ter vontade e adotar ações importantes para acelerar o processo de redução das desigualdades”, defende ela, em referência ao título do estudo da Oxfam “ Igualdade Climática: Um Planeta para os 99%”.

 

 

 

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