Nova diretrizes da Educação

Mão na massa

Metodologia de ensino baseada em projetos explora situações significativas para desenvolver capacidades cognitivas e motoras dos estudantes

Augusto Fernandes
postado em 02/09/2020 19:13 / atualizado em 02/09/2020 19:54
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Para que o processo de aprendizagem seja mais prazeroso e eficiente, um fator essencial é o método de ensino escolhido pelo professor. Hoje, existe um leque de modalidades para o educador organizar o trabalho dentro de sala de aula. Aquelas que têm se mostrado mais efetivas envolvem a participação ativa do aluno na construção dos seus próprios conhecimentos e habilidades.

Nesse sentido, uma das opções à disposição do professor é a pedagogia de projetos, metodologia em que os alunos são provocados a despertar o lado criativo para executar a atividade que lhes foi proposta. Dessa forma, o educador não apenas cumpre com o seu dever de aplicar os conteúdos didáticos, pois, ao levar os estudantes para o centro do processo de ensino e aprendizagem, também faz com que eles sejam os agentes mais importantes nas próprias trajetórias escolares.

“O trabalho por projetos é muito relevante porque envolve a coparticipação dos alunos. Isso é importante, pois a aprendizagem implica em uma forma de os educadores estabelecerem uma relação com o saber. Se essa relação for curiosa e prazerosa, o saber ganha um sentido. Ou seja, fica muito mais fácil de acontecer se o aluno apropriar-se do processo de conhecimento de uma forma mais relevante e significativa”, explica a professora adjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Nalu Rosa, doutora em educação pela Universidade de São Paulo (USP).

Segundo a professora, a metodologia de projetos é uma via de mão dupla. Enquanto o professor encontra uma maneira diferente de proporcionar aprendizagem aos alunos, desde que respeitando o cronograma pedagógico da faixa etária em questão, os estudantes passam a explorar situações significativas para desenvolver capacidades cognitivas e motoras. Além disso, eles têm a oportunidade de trabalhar aspectos emocionais que estão intrínsecos à produção de um projeto.

“É importante valorizar os trabalhos por projetos, porque eles têm que ter um produto final. Assim, os estudantes terão questões a pensar e um objetivo a perseguir, enquanto o professor estará preocupado em quais conteúdos e conhecimentos vai proporcionar aos alunos”, diz Nalu.

O que determina se o projeto vai contribuir ou não, explica a especialista, é o que o professor concebe como a relação de aprendizagem e desenvolvimento, ou seja, como conduz esse processo e como ele faz a intervenção pedagógica direto com o estudante. “Essa intervenção tem que levar o estudante a refletir, a ter boas questões a pensar. O que vai estar em jogo é a organização de boas situações de aprendizagem”, completa a professora.

Autonomia
A diversificação das formas de ensino é ainda mais relevante diante do atual cenário provocado pela pandemia do novo coronavírus, em que as escolas estão fechadas e os alunos têm de participar das aulas pela internet. Para tornar esse contato com os estudantes mais agradável e efetivo, os educadores têm de aguçar a autonomia dos jovens. É o que tem acontecido com a família da autônoma Daniela Naves, 49 anos.

Frequentemente, os filhos dela, Vitor, 11, e Gabriel Aguiar, 8, são instigados a fazerem atividades em que precisam pensar em tudo. Em um dos projetos, por exemplo, o caçula precisou escutar o concerto As Quatro Estações, de Vivaldi, e, a partir dele, fazer um desenho em que o verão, o inverno, a primavera e o outono estivessem representados.

O mais velho, por sua vez, já teve de criar uma história fictícia e transformar a narrativa em uma revista de quadrinhos, com ele próprio tendo de desenhar os personagens e os balõezinhos das falas de cada um.

“Na minha opinião, esses trabalhos são bastante significativos, pois os meninos aprendem muito. E, com a pandemia, esses projetos aumentaram bastante. Eles têm atividades em basicamente todas as matérias. Isso é ótimo para que possam trabalhar a própria autonomia”, opina Daniela.

Apesar da dificuldade inicial para executar alguns dos projetos, a mãe conta que os filhos ficam extremamente felizes quando percebem que deram conta da tarefa. Para incentivar Vitor e Gabriel, ela sempre os estimula a pensarem por si mesmos nas melhores respostas para as atividades.

“Por mais que eles se sintam seguros quando estão comigo e com o pai, nós trabalhamos a questão de que eles têm de fazer os projetos sem nenhuma ajuda. Estaremos ao lado dos nossos filhos nesse caminho de construção da atividade, mas quem tem que investigar sobre o trabalho e estimular a criatividade são eles próprios.”

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