Nova diretrizes da educação

De olho no calendário

Enem já tem data marcada, inclusive para a modalidade digital, novidade desta edição. Seleções da Universidade de Brasília, no entanto, seguem incertas

Tainá Seixas
postado em 02/09/2020 19:38 / atualizado em 02/09/2020 19:50
 (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)
(crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)

Depois de impasse jurídico para definição de novas datas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a prova está marcada. Ela ocorrerá, de forma presencial, em 17 e 24 de janeiro de 2020. A seleção trará a novidade da prova digital, que funcionará como um teste piloto da modalidade. A intenção do Ministério da Educação é de que a prova seja totalmente digitalizada até 2026, com implantação progressiva ao longo dos anos. Nesta edição, apenas 96 mil candidatos, do total de 5,8 milhões de inscritos, assinalaram a nova opção.

Para Rafael Cunha, pré-vestibular on-line Descomplica, o Enem digital é um experimento que precisará ser testado para avaliar a eficiência, mas trata-se de uma ideia promissora. “Se o mundo é cada vez mais digital, uma prova que vai medir o conhecimento dos jovens tem que se adequar a ele. A prova on-line não vai ser diferente no conteúdo. O que pode mudar é a forma, porque o impresso nunca vai poder ter um vídeo, um gif, ou um som. Na teoria, essa prova tende a ser mais completa”, avalia o educador.

César Nunes, do Instituto Unibanco, acredita que a modalidade tem potencial, mas sugere cautela e atenção quanto às suas consequências. “É uma tendência internacional e há vários motivos importantes para a gente pensar nisso, mas é preciso ter todos os cuidados, principalmente com a desigualdade que pode causar”, observa. Ele complementa que a modalidade tem potencial para obter sucesso no longo prazo, mas que isso depende de planejamento e de transparência.

Espera
As principais seleções de instituições públicas do Distrito Federal, no entanto, seguem indefinidas. O vestibular da Universidade de Brasília (UnB), que ocorre no meio do ano, foi adiado por tempo indeterminado e ainda não há previsão para o lançamento de um novo edital no segundo semestre. A universidade também reserva 25% de suas vagas para candidatos do Enem, mas o edital para preenchimento destas vagas ainda não tem data definida.

Em relação ao Programa de Avaliação Seriada (PAS), a UnB informa que “não houve, até o presente momento, nenhuma alteração na estrutura e na correspondência das etapas aos ciclos do ensino médio e as provas devem ocorrer assim que for possível o estabelecimento de condições de segurança para tal”.

Na Escola Superior de Ciências da Saúde (Escs), a seleção se dá por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), baseado nos resultados do Enem. O período de inscrições deve ser divulgado após a disponibilização dos resultados do exame.

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Para minimizar desigualdades

Seja por dificuldade de acesso à internet, seja por dificuldade de se concentrar dentro de casa, as diferentes condições sociais são determinantes neste momento. A necessidade de isolamento social e a consequente suspensão das atividades escolares presenciais trouxeram obstáculos para muitos estudantes.

Para César Nunes, gerente de Desenvolvimento de Soluções do Instituto Unibanco, quanto mais tempo os estudantes do ensino médio passarem longe da escola, maior vai ser o impacto. “Sabemos que as consequências da pandemia vão ser muito grandes e duradouras”, avalia.

Na avaliação de Caio Sato, coordenador do Núcleo de Inteligência do Todos pela Educação, o quadro é crítico e pode provocar aumento da evasão escolar. “A situação do ensino médio é muito grave nessa pandemia, ainda mais se a gente considerar que essa era uma etapa que já vinha com resultados muito preocupantes”, afirma. “A pandemia escancarou a desigualdade e tende a aprofundá-la, especialmente quando a gente fala sobre evasão, abandono e até mesmo aprendizagem”, explica o especialista.

Com o objetivo de reduzir esse desequilíbrio, Caio Sato defende uma resposta rápida, focalizada e eficiente da administração pública. “É importante que esses estudantes que mais precisam voltem às escolas com um nível parecido e um forte programa de acolhimento socioemocional para lidar com desestímulo, falta de confiança, insegurança e medo”, reforça. “É importante que administração pública coloque a educação como prioridade orçamentária”, conclui.

Aluna do 3º ano ensino médio, Ludmylla Loiola, 18 anos, relata dificuldades no aprendizado em casa em razão do ambiente com diversas interferências externas. Além da mãe e do padrasto, ela mora com dois irmãos mais novos, um de 6 anos e uma bebê de 2 meses. “Ficamos o tempo inteiro em casa, então tem a família, tem problema com internet, tudo isso atrapalha bastante.”

Aspirante a estudante de letras na UnB, a jovem tem se preparado para o Enem no cursinho gratuito Vestibular Cidadão e com materiais que busca por conta própria. “A aula presencial faz muita falta, porque eu acho que, estando on-line, as pessoas não participam tanto e acaba faltando muitas coisas que poderiam ser tratadas se fosse presencialmente”, opina a jovem, que teme que a pandemia possa afetar o resultado no exame.

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