Match do bem

Iniciativas tecnológicas, como a criação de aplicativos, ajudam a levar à população mais vulnerável alimentos e doações

Luana Patriolino
postado em 20/04/2021 23:08
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Em uma guerra onde o inimigo é invisível, encontramos combatentes que acreditam na força da solidariedade como uma das maiores armas contra o drama da pandemia. Ideias que combinam boas intenções e apoio tecnológico estão fazendo a diferença na vida de quem precisa de ajuda e de pessoas que querem estender a mão.

A professora Fernanda Alencar, do Departamento de Letras da Universidade de Brasília (UnB), percebeu a dificuldade dos vendedores ambulantes em se sustentarem em meio à pandemia. Com a suspensão das aulas presenciais no campus Darcy Ribeiro, na Asa Norte, os trabalhadores informais perderam completamente a principal renda da casa. Para ajudar as famílias desamparadas, a docente, com outros colegas do departamento, começou uma arrecadação de dinheiro.

O grupo completou um ano de atividade este mês. “Temos muito a agradecer aos doadores que estão com a gente desde o ano passado e se mantiveram constantes nessas doações. De fato, não é uma ajuda tão grande, mas faz diferença para quem está sem a renda básica, que vinha todo mês, justamente do movimento do câmpus”, diz Fernanda.

Atualmente, o grupo consegue arrecadar cerca de R$ 300 para cada uma das 16 famílias amparadas. “Começamos a organizar doadores e beneficiários para distribuir uma ajuda mensal a cada um desses vendedores ambulantes”, diz Fernanda. São nove voluntários e 150 doadores fixos no projeto.

O trabalho, que antes era feito praticamente de forma manual, recebeu um reforço da tecnologia para agilizar a organização e otimizar o processo de doadores e beneficiários. O professor Rafael Timóteo de Sousa Júnior, da Faculdade de Tecnologia (FT/UnB), soube do projeto da colega e resolveu trabalhar na iniciativa. Com um grupo de 10 voluntários, divididos entre docentes e alunos de todos os níveis de graduação, foi desenvolvido o aplicativo Amoris. Pela plataforma, os colaboradores podem fazer um cadastro para ver quem são as pessoas auxiliadas pelo projeto.

A autônoma Clébia de Oliveira, 36 anos, saía de segunda a sexta-feira de casa, no Itapoã, para vender bolos de pote e geladinhos gourmet na UnB. À época, a renda da profissional ficava entre
R$ 2 mil e R$ 2,5 mil por mês. No entanto, com a pandemia, o trabalho de dois anos no local foi completamente paralisado. “Muita gente ficou sem dinheiro, desempregada e sem ter o que colocar em casa”, diz Clébia. O próximo passo agora do aplicativo é ampliar para outro público. Pessoas que necessitam de ações voluntárias no dia a dia, como idosos que precisam de ajuda para ir ao mercado, por exemplo, e estudantes que têm dificuldades de acesso à internet.

Conexão

O nome do projeto já entrega o seu objetivo. No aplicativo Doarti, doadores e entidades filantrópicas ficam unidos em prol do bem. Por meio de um site e app, estão disponíveis funcionalidades como cadastro de doadores e consulta de entidades que possuem ações de ajudas ativas. A tecnologia também permite o envio de notificação sempre que uma nova ação for registrada, tipos de doações a serem feitas e controle de entrega e recebimento de materiais doados.

O professor George Marsicano Corrêa, da UnB Gama (FGA), conta como abraçou essa corrente do bem. Ele está à frente do projeto, que faz aniversário no mesmo dia de Brasília: 21 de abril. “Percebemos que havia muita campanha de doação, mas as pessoas começaram a ter dificuldade de identificar essas iniciativas e saberem qual poderia ajudar e como doar. Criamos o site e o aplicativo como forma de facilitar a comunicação”, explica. “A ideia é contribuir como ação para uma grande rede de ajuda”, diz Marsicano. Um exemplo dos projetos do Doarti é a campanha UnB Solidária, que arrecada doações para pessoas em vulnerabilidade e para hospitais.

Comida para todos

Pelo menos três vezes por semana, o professor de administração Luís Antonio Pasquetti, da UnB, vai à Asa Norte para entregar marmitas a pessoas em situação de vulnerabilidade social e trabalhadores dos semáforos. O projeto nasceu em 12 de março e, até o momento, mais de 700 marmitas foram entregues na região. “Eu acompanho a embalagem, carrego as marmitas no carro e levo para as pessoas”, relata Pasquetti.

 
Corrente de ajuda

Adote uma campanha solidária e ajude quem precisa:

Projeto Marmitas Solidárias
Projeto entrega marmitas para população carente que vive em ocupações e trabalhadores dos semáforos.

» Como doar: CPF - 279.425.620-34 (Pix)

Dissemine Amor e aplicativo Amoris
Iniciativa promove doação para vendedores ambulantes da Universidade de Brasília (UnB) que estão sem trabalhar por conta da suspensão das aulas presenciais.

» Como doar: enviar um e-mail para dissemineamorunb@gmail.com

Doarti
Aplicativo que cadastra doadores, consulta entidades que possuem ações de doações ativas, controla entrega e recebimento de doações e conecta pessoas que precisam de ajuda.

» Onde encontrar: Play Store e na Apple Store

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