Em Portugal, o país das grandes navegações, o mundo começou a descobrir, ontem, na goleada do Bayern de Munique por 8 x 2 sobre o Barcelona, o novo normal do futebol europeu. Pela primeira vez, em 15 anos, a Uefa Champions League não terá a presença de Lionel Messi e/ou Cristiano Ronaldo nas semifinais. A última vez havia sido na temporada 2004/2005. Naquela edição, os candidatos ao título eram Chelsea, Liverpool, Milan e PSV. CR7 ainda era mais um no Manchester United. A Pulga não passava de opção no banco da trupe catalã. Ele também não entrou em campo nas semis de 2005/2006, quando o Barça conquistou o bi, mas já era opção entre os reservas.
De 2006 em diante, o principal torneio de clubes do mundo sempre teve Cristiano Ronaldo e/ou Messi nas semifinais. Ambos revezaram-se como vencedores do prêmio de melhor do mundo da Fifa por 10 anos consecutivos. Coube ao croata Modric quebrar a hegemonia, em 2018. Talvez, um recado de que dias piores viriam para a dupla. Messi recuperou o status de número 1 no ano passado. Neste, é impossível ganhar o troféu pela sétima vez depois de passar o maior vexame da carreira. Antes, a pior derrota havia sido para a Bolívia, por 6 x 1, em 2009.
O jogo de ontem, no Estádio da Luz, foi uma noite de trevas para Messi. A partida teve 10 gols. Nenhum dele. Nas oitavas de final, Cristiano Ronaldo chegou a vestir a capa de super-herói na tentativa de evitar a eliminação da Juventus contra o Lyon. Fez dois gols. Faltou um para a classificação. Nas quartas, Messi não viu a cor da bola. Dois gols de Thomas Müller, dois de Philippe Coutinho, um de Robert Lewandowski, um de Sege Gnabry, um de Perisic e outro de Joshua Kimmich deixaram o mundo tão pasmo quanto naquele 7 x 1 da Alemanha no Brasil.
Por falar naquela partida no Mineirão, o técnico do Bayern de Munique era o assistente de Joachim Löw nas semifinais da Copa de 2014. O discípulo Hans-Dieter Flick parece ter aprendido muito bem a lição do mestre. Inclusive na piedade. A Alemanha poderia ter feito 10 gols na trupe de Luiz Felipe Scolari. O time bávaro também na caricatura de time comandado pelo técnico demitido Quique Sétien. Vice-campeão europeu pelo Tottenham em 2019, o argentino Mauricio Pocchettino é um dos cotados a assumir a prancheta na temporada 2020/2021.
Resta saber se Messi continuará no elenco. A humilhação em Portugal pode escancarar o desejo do atacante de 33 anos de ter uma experiência fora do Barcelona. Os chineses proprietários da Internazionale querem o jogador eleito seis vezes melhor do mundo. Messi inclusive comprou uma cobertura, em Milão. Comenta-se numa oferta de 260 milhões de euros, aproximadamente R$ 1,65 bilhão. O contrato de Messi expira em 30 de junho de 2021.
Fundo do poço
Messi não falou depois do jogo. Coube a um protagonista de várias lambanças na defesa se pronunciar. “Chegamos ao fundo do poço. Se tiver que sangrar, sou o primeiro a sair. Uma partida horrível, uma sensação nefasta. Vergonha, essa é a palavra”, definiu o zagueiro Gerrard Piqué. “Foi uma derrota humilhante e dolorosa”, disse o técnico do time catalão, Quique Setién.
Do outro lado, o atacante Thomas Müller, autor de dois gols, chegou a minimizar o fatídico 7 x 1 da Alemanha sobre o Brasil na Copa de 2014 e acredita que o Bayern foi até melhor do que a seleção que conquistou o tetra naquele mundial: “É uma noite muito especial, a maneira como jogamos foi muito especial. No 7 x 1 no Brasil não tivemos tanto domínio. Fomos bem, é claro, mas, esta noite, dominamos de forma brutal”.
Tabu
O principal torneio de clubes do mundo não via um time sofrer oito gols das quartas de final em diante havia 60 anos. Em 30 de novembro de 1960, o Rangers fez 8 x 0 no Borussia Mochengladbach.
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Vezes o Barcelona perdeu sofrendo oito gols em 4.440 jogos oficiais
“É uma noite muito especial, a maneira como jogamos foi muito especial. No
7 x 1 no Brasil não tivemos tanto domínio. Fomos bem, é claro, mas, esta noite, dominamos de forma brutal”
Thomas Müller,
atacante do Bayern
Manu Fernandez/AFP
Recorde negativo: antes de ontem, a maior derrota da carreira de Messi havia sido por 6 x 1 para a Bolívia
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Guardiola encara o "Rei Lyon"
Depois de eliminar o Real Madrid de forma convincente nas oitavas de final, o Manchester City está a apenas três jogos da tão sonhada taça, mas, primeiro, precisa passar pelo Lyon, o convidado surpresa nesta fase da competição. O recado do técnico Pep Guardiola foi claro: “Desconfiem!”.
Após passar pelo campeão espanhol, time que nunca havia sido eliminado na Liga dos Campeões com Zinedine Zidane no comando, enfrentar o time francês — sétimo na última Ligue 1 e que não participava de um torneio como este há 10 anos, pode ser traiçoeiro.
Mas, não costuma ser assim quando se tem a experiência do treinador espanhol. Imediatamente após o jogo, Guardiola diminuiu o entusiasmo dos jornalistas ingleses, que não acreditavam na sorte de ter que enfrentar o Lyon, e não a Juventus, no duelo valendo vaga nas semifinais. “Acabei de falar com os meus assistentes e eles me disseram: desconfie! Eles me disseram que nos dois jogos contra a Juventus foram muito melhores”, alertou.
Um discurso que não hesitou em repetir: “Jogamos contra eles na temporada passada e perdemos (1 x 2 em Manchester) e empatamos (2 x 2 na França), não conseguimos derrotá-los. É a realidade”, lembrou.
No Lyon não há o mesmo excesso de confiança que vem do lado dos “citizens”. Mas o time deposita tudo na Champions para se redimir após sua decepcionante temporada na França. Uma vitória na Liga dos Campeões também é a única maneira de evitar ser excluído das competições europeias pela primeira vez desde 1996/1997.
Caso elimine o Lyon, o City enfrentará o todo poderoso Bayern de Munique, que ontem massacrou o Barcelona com uma incrível goleada de 8 x 2 nas quartas de final, na última fase antes de uma eventual final contra o Paris Saint-Germain ou o Red Bull Leipzig.
Com Kevin de Bruyne no auge da carreira, Gabriel Jesus cada vez mais preciso nas finalizações e Aymeric Laporte, que tem proporcionado a solidez defensiva necessária para que a equipe não seja superada nos contra-ataques, o City nunca se mostrou tão preparado.
“Acabei de falar com os meus assistentes e eles me disseram: desconfie! Eles me disseram que nos dois jogos contra a Juventus, o Lyon foi muito melhor”
Pep Guardiola, técnico do Manchester City