Liga dos campeões

Nos bastidores da revolução francesa

Como os dirigentes brasileiros Juninho Pernambucano e Leonardo influenciaram Lyon e PSG a chegar às semifinais. É a primeira vez que o país tem dois clubes entre os quatro melhores da Europa

Marcos Paulo
postado em 16/08/2020 00:05
 (crédito: Franck Fife/AFP)
(crédito: Franck Fife/AFP)

Nem só de Neymar, Thiago Silva, Marquinhos, Philippe Coutinho, Marcelo e Bruno Guimarães viverá o futebol tupiniquim nas semifinais da Liga dos Campeões da Europa. Há um pouquinho de Brasil, iá, iá, também nos bastidores após o triunfo do Lyon por 3 x 1 sobre o Manchester City, ontem, no Estádio da Luz, em Lisboa. Um gol de Comet e dois de Dembele despacharam a badadala trupe de Pep Guardiola. De Bruyne marcou para o time inglês. O Lyon terá direito à revanche com o Bayern nas semifinais. Caiu nesta fase contra os alemães em 2010.

Os ex-jogadores Leonardo e Juninho Pernambucano buscam o título atuando fora das quatro linhas como dirigentes dos franceses Paris Saint-Germain e Lyon, respectivamente. Ambos precisaram ter jogo de cintura para sobreviver no cargo e desembarcar em Portugal para os 12 dias que apontarão o campeão europeu de 2020.

Diretor de futebol do PSG pela segunda vez, Leonardo colocou em prática diplomacia e, até certo ponto, jogo político para não deixar o barril de pólvora do badalado clube francês explodir. O campeão da Copa do Mundo de 1994 tem moral com os proprietários do time. Homem de confiança do presidente Nasser al-Khelaifi, conquistou acesso livre ao emir do Catar, Tamim bin Hamad Al-Thani. Ostenta incômodos superpoderes no time de Paris.

O primeiro desafio de Leonardo na volta ao clube foi domar as birras de Neymar. O jogador quis deixar o clube no início da temporada. Barcelona e Real Madrid surgiram como possíveis destinos do jogador contratado por 222 milhões de euros — o mais caro da história do futebol. O “vai ou fica” desgastou o relacionamento de Leonardo com Neymar pai e Neymar filho.

A corda também esticou por conta das críticas de Leonardo à festa de aniversário do craque, em fevereiro, e ao possível veto do dirigente à escalação do jogador contra o Borussia Dortmund, no jogo de ida das oitavas da Champions Legue, quando ele estava recuperado de lesão. No fim, o jogador participou da partida na Alemanha.

Há relatos de desgastes com outros figurões, como o zagueiro Thiago Silva, o centroavante uruguaio Cavani e Daniel Alves. O lateral deixou o clube no fim da temporada passada rumo ao São Paulo. Os três casos têm em comum a negativa de Leonardo para renovação dos contratos. Medalhões consideram Leonardo centralizador.

Guerra de vaidades à parte, Leonardo mostra resultados. Fundado em 12 de agosto de 1970, o PSG voltou às semifinais no dia em que comemorou 50 anos. A última presença entre os quatro candidatos ao título havia sido em 1994/1995. O time chegará ao duelo de terça-feira contra o Red Bull Leipzig embalado por quatro títulos nesta temporada: Supercopa da França, Campeonato Francês, Copa da França e Copa da Liga.

Juninho Pernambucano tem personalidade tão forte quanto a de Leonardo. O estilo catapultou o ex-jogador ao cargo de diretor esportivo do Lyon, clube pelo qual empilhou títulos nos tempos de meia. Heptacampeão da Ligue 1, hexa da Supercopa da França e campeão da Copa da França, Juninho teve moral para contratar Sylvinho. O ex-auxiliar de Tite na Seleção assumiu o comando do Lyon. A escolha não deu certo e o indicado foi demitido.

Sob o comando de Sylvinho, o Lyon amargou a pior largada da história em 24 anos. O brasileiro escalou o time em 11 partidas. Venceu três, empatou quatro e perdeu outras quatro. Com nove pontos em 33 disputados, igualou o desastroso início da temporada 1995/1996. Quando saiu, Sylvinho deixou o time em 14° lugar no Francês.

Sob pressão, Juninho deu tiro certo ao apontar Rudi Garcia para a sucessão de Sylvinho. Campeão nacional à frente do Lille em 2010/2011 e vice da Liga Europa pelo Olympique de Marselha na temporada 2017/2018, o francês colocou o Lyon nos trilhos. O time concluiu a Ligue 1 em sétimo. Decidiu a Copa da Liga contra o PSG e perdeu nos pênaltis. Avançou na fase de grupos da Champions League e despachou a Juventus nas oitavas de final. Ontem, desbancou Pep Guardiola com imponente 3 x 1 com direito a algumas ajudas da arbitragem.

Outra sacada de Juninho Pernambucano foi a contratação de Bruno Guimarães. Símbolo do Athletico-PR nos títulos da Copa Sul-Americana 2018 e da Copa do Brasil 2019, o volante de 22 anos ocupou espaço na prancheta de Rudi Garcia como se fosse veterano.

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Guerra de vaidades

 (crédito: Franck Fife/AFP)
crédito: Franck Fife/AFP

Leonardo e Juninho Pernambucano têm muito mais do que a personalidade forte, as polêmicas e a competência em comum. Ambos são vaidosos. Externaram essa característica em um bate-boca sobre Neymar. Juninho, do Lyon, criticou o brasileiro do PSG antes da decisão da Copa da Liga Francesa. “Olhe para o Neymar. Ele se transferiu ao PSG só por causa do dinheiro. O PSG deu tudo a ele, tudo que ele queria, e agora ele quer sair antes do fim do contrato. Mas, agora, é tempo para dar de volta, de mostrar alguma gratidão. É uma troca, você vê. Neymar precisa dar tudo que pode no gramado, mostrar total dedicação, responsabilidade e liderança”, declarou.

O diretor de futebol do PSG contra-atacou: “Não entendo por que Jean-Michel Aulas (presidente do Lyon) fala tanto sobre o PSG, e Juninho agora fala sobre o Paris e Neymar. Deveria falar sobre o clube dele. Não estamos falando sobre a situação do Lyon e peço ao Lyon para não falar sobre nosso jogador ou nosso clube”, disse Leonardo.

Tretas à parte, Leonardo e Juninho Pernambucano podem fazer história. É a primeira vez que a França tem dois representantes nas semifinais. PSG e Lyon jamais chegaram à final da Liga dos Campeões. Uma obsessão move os dirigentes dos dois clubes: igualar o feito do único time gaulês campeão da Champions League: o Olympique de Marselha na longínqua temporada 1992/1993. Faz 27 anos! (MPL)

Fórmula 1

O piloto inglês Lewis Hamilton, da Mercedes, largará na frente, hoje, às 10h10, no GP da Espanha de Fórmula 1. Ontem, o atual campeão mundial ampliou para 92 o recorde de pole positions na história da F-1, e terá ao seu lado na primeira fila o companheiro de equipe, o finlandês Valtteri Bottas. Logo atrás, estão o holandês Max Verstappen (Red Bull) e o mexicano Sergio ‘Checo’ Pérez (Racing Point), que regressa após ficar de fora das duas úlitimas etapas do campeonato por ter sido diagnosticado com o novo coronavírus. A temperatura da prova no circuito de Monmeló, perto de Barcelona, é estimada em 30 graus na hora da prova.

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