JUSTIÇA

Ronaldinho Gaúcho é solto

Após mais de 5 meses presos, craque eleito duas vezes melhor do mundo e o irmão Assis fazem acordo no Paraguai e podem voltar ao Brasil

Correio Braziliense
postado em 25/08/2020 00:15
 (crédito: Norberto Duarte/AFP)
(crédito: Norberto Duarte/AFP)

Ronaldinho Gaúcho e Roberto Assis Moreira, seu irmão, estão livres. Ontem, a Justiça do Paraguai soltou os dois ex-jogadores, que estavam detidos há mais de cinco meses, embora eles tenham sido culpados. Assim, agora eles poderão retornar ao Brasil. Os irmãos eram acusados pela utilização de passaportes falsos para entrarem no país em março. Eles foram condenados, com pena suspensa de dois anos para Assis e de um para Ronaldinho.

A soltura foi possível porque Ronaldinho e seu irmão aceitaram a proposta do Ministério Público para que fossem colocados em liberdade. Eles pagarão uma multa de US$ 200 mil (cerca de R$ 1,12 milhão), que será descontada da fiança paga quando foram colocados em prisão domiciliar. E Assis terá de comparecer, a cada quatro meses, perante um juiz brasileiro durante o período da pena suspensa. O juiz de garantias Gustavo Amarilla Arnica aceitou o acordo feito entre as partes e colocou os irmãos em liberdade, com a pena suspensa.

Na audiência de ontem, realizada no Palácio da Justiça, em Assunção, o Ministério Público do Paraguai apontou que Assis e Ronaldinho tiveram atuações diferentes no caso. De acordo com a promotoria, o irmão do ex-jogador do Barcelona foi o responsável pelo fornecimento das fotos para a produção de documentos falsos, enquanto Ronaldinho não teria conhecimento desse ato. Por isso, a multa que Assis pagará — US$ 110 mil (R$ 616 mil) — é maior do que a do irmão —

US$ 90 mil (R$ 504 mil). Do valor pago pelo pentacampeão mundial, US$ 60 mil vão para um hospital e outros US$ 30 mil para a campanha solidária “Todos somos Bianca”.

Ronaldinho desembarcou em Assunção ao lado do irmão, em 4 de março, para participar da inauguração de um cassino e de uma ação social que utilizava a sua imagem. Esse projeto era liderado pela empresária Dália López, que chegou a recepcioná-los no aeroporto e agora está foragida da Justiça.

Na noite do dia da chegada de ambos ao país, a polícia do Paraguai foi ao quarto do hotel onde eles estavam, para investigar a acusação de que portavam documentos falsos. Eles prestaram depoimentos no dia seguinte e chegaram a admitir terem cometido um crime. Inicialmente, seriam liberados da acusação e voltariam ao Brasil, mas uma reviravolta judicial os levou para a prisão, em 6 de março.

Os dois, então, foram detidos e ficaram por um mês em um presídio de segurança máxima no Paraguai. Em abril, a Justiça aceitou a transferência para o regime domiciliar, em um hotel de Assunção, após o pagamento de uma fiança de US$ 1,6 milhão (o equivalente a cerca de R$ 8,5 milhões), que será devolvida ao fim do processo, exceto os US$ 200 mil do acordo firmado ontem.

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Nem jogos sem torcida evitam mortes após clássico paulista

Dois torcedores do Santos, de 21 e 22 anos, respectivamente, foram mortos, na noite do último domingo, em Mauá (SP), depois da vitória do Palmeiras sobre o Peixe, por 2 x 1, no Morumbi. O clássico foi disputado sem público. Segundo a Secretaria de Seguranção Pública de São Paulo, um palmeirense, de 21 anos, foi preso e confessou a autoria dos disparos de arma de fogo que vitimaram os dois jovens.

Ele prestou depoimento à Polícia Civil, ontem, e foi encaminhado à Cadeia Pública de Santo André. Tudo aconteceu em meio a uma briga entre torcedores dos dois times. Segundo informações obtidas pela tevê Globo, o suspeito seria natural de Brasília. Além dos dois mortos, outro santista ficou ferido após ser atinggido com tiro de raspão na nuca.

De acordo com a tevê, um grupo de palmeirenses estava em um posto de gasolina, quando chegou um grupo de santistas em maior número. Eles portavam pedaços de pau. Houve uma briga, por volta das 22h, e os disparos foram efetuados.

“Eles disseram que, como estavam em minoria lá no confronto, para defesa deles próprios, resolveram sacar arma de fogo para tentar se defender e desvencilhar das agressões por parte da outra torcida. Os mesmos foram abordados e conduzidos ao 1º Distrito Policial, onde foi feita a confissão”, disse o guarda civil metropolitano André Luiz Gonçalves em entrevista à tevê Globo.

As vítimas morreram a caminho do hospital. Imagens exibidas pela emissora, gravadas por pessoas que estavam no local, mostram o momento da confusão, que teve muita correria. É possível ouvir o barulho dos disparos em uma das filmagens.

Autor do livro A violência no futebol, o sociólogo Maurício Murad diz que o novo episódio de barbárie reforça uma tese. “A violência se distribuiu demais e não ter torcida no jogo não resolve nada. Pelas pesquisas que coordeno, 94% dos problemas acontecem longe dos estádios. Onde o jogo é disputado, a situação é controlada pela polícia. O problema continua sendo em locais distantes dos estádios”, afirma . A polícia de São Paulo continua investigando o caso.

 

“A violência se distribuiu demais e não ter torcida no jogo não resolve nada. Pelas pesquisas que coordeno, 94% dos problemas acontecem longe dos estádios”
Maurício Murad, sociólogo, autor do livro A violência no futebol

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