Dez meses depois de levar o Flamengo ao bicampeonato da Libertadores e se tornar o segundo técnico europeu a conquistar o principal torneio de clubes da América do Sul, Jorge Jesus passou vexame, ontem, na Grécia. Em Salônica, o Benfica perdeu por 2 x 0 para o PAOK e frustrou os planos do português de tirar os encarnados da fila de 58 anos. O time português não conquista a Champions League desde a era Eusébio, em 1962. Se passasse pela equipe comandada pelo também lusitano Abel Ferreira, o Benfica teria pela frente na quarta fase o Krasnodar.
O PAOK nem pode nem deve ser considerado zebra. Na fase anterior, os gregos desbancaram o Besiktas, atual vice-campeão turco. A eliminação é um duro golpe para Jorge Jesus. No Brasil, o treinador colecionou mais títulos (6) que derrotas (4) à frente do Flamengo. Empilhou as conquistas da Libertadores, Recopa Sul-Americana, Brasileirão, Supercopa do Brasil, Campeonato Carioca e Taça Guanabara. Dois dias depois de superar o Fluminense na decisão do Estadual, em 15 de julho, Jesus anunciou a volta a Portugal para assumir o Benfica.
Cheio de moral com o presidente Luis Felipe Vieira, fez o clube pagar pela contratação de Everton Cebolinha, ex-Grêmio; tirou o lateral-direito Gilberto do Fluminense; recebeu Pedrinho do Corinthians, sonhou com o centroavante Cavani e insistia em arrancar o volante Gerson e o atacante Bruno Henrique do Flamengo caso classificasse o Benfica para a fase de grupos da Champions League. A tendência é de que os investimentos sejam reduzidos. Resta ao time português brigar pelo título da Europa League, torneio em que ele foi vice em 2013 e 2014.
Jesus estava desiludidos após o revés, principalmente, porque a eliminação pode abalar a candidatura do amigo Luis Felipe Vieira à reeleição no Benfica. A vaga para a Champions League era um dos trunfos políticos. “Estamos fora de uma competição em que sentíamos que podíamos ir longe. Fomos uma equipa com muita qualidade ofensiva, criamos muitas oportunidades, mas não conseguimos fazer tantos gols. O goleiro do PAOK (Zivko Zivkovic) tem mérito, evitou muitos gols”, lamentou Jorge Jesus, em declarações à TVI.
Um dos carrascos de Jesus foi um jogador dispensado por ele neste ano na volta ao Benfica. O meia sérvio Andrija Zivkovic fez o segundo gol do PAOK. “O resultado é desfavorável, mas temos potencial para continuar essa caminhada que começou com jogos muitos complicados. Se tivéssemos passado, tínhamos o play-off com o Krasnodar. Menos positivo é o resultado e a qualidade da organização defensiva, que ainda não está tão forte”.
O treinador encarou a eliminação como um retrocesso. “É um passo atrás porque saímos da Champions. Era um sonho poder chegar o mais longe possível na Champions, é uma competição para a qual ainda não estamos preparados, entre aspas, para podermos ser favoritos. Sabemos que somos uma equipe que podia fazer coisas interessantes, não conseguimos neste primeiro jogo. Não era isto que queríamos, é uma desilusão pelo resultado mas não pelo que a equipe jogou. Faltou qualidade em termos de finalização”, resumiu Jorge Jesus.
“É um passo atrás porque saímos da Champions. Era um sonho poder chegar o mais longe possível na Champions, é uma competição para a qual ainda não estamos preparados, entre aspas, para podermos ser favoritos”
Jorge Jesus, técnico do Benfica
Reprodução/SL Benfica
Português deixou o Flamengo com a missão de resgatar o prestígio do Benfica na Uefa Champions League e terá de se conformar com a Europa League
Eliminatórias
Fifa e Conmebol decidiram, ontem, manter em outubro o início das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa de 2022, no Catar. Apesar da crise sanitária e do impasse da logística entidade comunicou que as datas das primeiras rodadas — 8 e 13 de outubro — foram ratificadas no encontro. O Brasil estreia em 9 de outubro contra a Bolívia, na Arena Corinthians. Quatro dias depois, visitará o Peru, em Lima, pela segunda rodada da seletiva.
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