LIBERTADORES

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Como o investimento na base tornou o adversário equatoriano do Flamengo um fornecedor de "pés de obra" para o Brasil. Comandados por espanhóis, os melhores times da América duelam na altitude de Quito

Marcos Paulo Lima
postado em 17/09/2020 00:37
 (crédito: Norberto Duarte/AFP)
(crédito: Norberto Duarte/AFP)

Alan Franco, Jefferson Orejuela, Luis Caicedo, Juan Cazares, Júnior Sornoza, Léo Realpe e Luís Caicedo. Uns tiveram brilharecos no Brasil. Outros, nem isso. Em comum, a origem antes do desembarque no país: Independiente del Valle. Atual campeão da Libertadores Sub-20, o adversário do Flamengo, hoje, às 21h, no Estádio Casa Blanca, em Quito, virou polo industrial no mercado do futebol.

Autor de dois gols na vitória do Atlético-MG por 3 x 0 sobre o São Paulo no Brasileirão deste ano, o meia Alan Franco é mais um egresso da fábrica de talentos do Independiente del Valle desafiado a comprovar o talento longe do clube campeão da Sul-Americana (2019) e vice da Libertadores (2016).

Entre as apostas dos clubes brasileiros vindas do Independiente del Valle, Sornoza teve boa passagem pelo Fluminense. Cazares rendeu no Atlético-MG até a chegada de Jorge Sampaoli. O técnico argentino o afastou do elenco. O Corinthians emprestou Sornoza à LDU do Equador. Orejuela é titular da lateral direita do Grêmio. Léo Realpe foi titular nas últimas quatro partidas do Bragantino. Ex-Cruzeiro Luis Caicedo voltou ao Equador. Joga na LDU.

Aposta do Atlético-MG, Alan Franco disputou o Sul-Americano Sub-17 de 2015, no Paraguai. Era um dos quatro jogadores do Independiente del Valle na seleção. Participou da campanha que classificou o país para o Mundial Sub-17, no Chile. O Equador caiu nas quartas contra o México.

No ano passado, Alan Franco foi uma das peças-chave de Miguel Ángel Ramírez no Independiente del Valle na conquista inédita da Copa Sul-Americana. Alternou papéis de volante e meia.

O Independiente Del Valle era base da seleção equatoriana na conquista do Sul-Americano Sub-20 do ano passado. O elenco tinha cinco jogadores do clube da usina de talentos de Sanggolquí. O elenco atual tem média de 24,2 anos. Grande parte formado na base. As joias adestradas no CT do clube moram, treinam e estudam lá. Saem com diploma de ensino médio numa parceria com o Ministério da Educação do Equador. O Independiente tem o status de Clube de Alto Rendimento Especializado Independiente Del Valle.

A revolução começou em 2007. O clube foi comprado por Michelle Deller, do ramo de construção civil; e Franklin Tello, gerente-geral da rede de fast food KFC no país, e atual presidente do time equatoriano. O modelo administrativo é baseado em quatro ideias: gestão empresarial, formação de atletas, infraestrutura e gestão de talentos. Em quatro anos, saltou da terceira divisão para a elite em 2010. Nesta temporada, disputa a Libertadores pela sexta vez em sete anos.

Em fevereiro, o time equatoriano vendeu caro o título da Recopa Sul-Americana ao Flamengo. Deu trabalho danado ao então técnico Jorge Jesus no empate por 2 x 2, em Quito, mas perdeu por 3 x 0 na volta. O duelo tem sabor de revanche.

Compatriotas
Independiente e Flamengo são comandados por técnicos espanhóis. Admirado no Brasil, Miguel Ángel Ramírez, 35 anos, nasceu em Las Palmas. Domènec Torrent é de Santa Coloma de Farners, na Catalunha.

O ex-auxiliar de Guardiola terá batismo de fogo na Libertadores, com direito a viagem longa, altitude e adversário qualificado. Quinto colocado no Brasileirão, o Flamengo ainda não poderá contar com o goleiro Diego Alves. O titular está se recuperando de lesão no ombo e cumpre protocolo após testar positivo para covid-19. Bruno Henrique está disponível. Líder do Equatoriano, o Independiente não contará com Gabriel Torres, Pellerano e Moisés Caicedo.


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Sete títulos em jogo no Morumbi

 (crédito: Erico Leonan/saopaulofc.net)
crédito: Erico Leonan/saopaulofc.net

Mais de seis meses após a sua última partida pela Libertadores, o tricampeão São Paulo volta a jogar pela principal competição sul-americana, hoje, às 19h, contra o tetra River Plate, no Morumbi. Irregular na temporada, o time paulista precisa vencer o atual vice-campeão para não se complicar na briga pela classificação ao mata-mata e também para manter um tabu histórico: o de nunca ter perdido para uma equipe argentina como mandante no torneio. No total, são 11 jogos em casa contra os hermanos, com 10 vitórias e um empate.

O duelo, válido pela terceira rodada, opõe dois rivais que somam três pontos no Grupo D. O River, porém, leva a melhor e aparece no segundo lugar por ter saldo de gols superior ao do São Paulo, que ocupa o terceiro posto. O líder é a LDU, que foi aos seis pontos com o triunfo sobre o lanterna Binacional na última terça.

Portanto, basta ao São Paulo ganhar do River Plate no jogo que promete ser o mais difícil para saltar à liderança da chave. Em caso de derrota, a equipe tricolor ficará em situação delicada, visto que, dos três jogos restantes, dois serão disputados fora de casa.

“Acredito num jogo muito difícil. É um time muito competitivo, joga junto há muitos anos com o mesmo treinador (Marcelo Gallardo). É um jogo dificílimo, no nível de São Paulo x River Plate. Independentemente de o River estar sem jogo oficial, será um jogo muito difícil pela grandeza e por estar junto com o mesmo treinador há anos”, projetou o goleiro Tiago Volpi.

A novidade do time do técnico Fernando Diniz será Pablo. O atacante se recuperou do descolamento de um músculo que liga a costela ao abdômen e volta a ficar à disposição depois de perder os últimos três jogos.

A liberação de Pablo surpreendeu porque a lesão, pouco comum, fez o São Paulo manter uma posta de pessimismo. O clube, externamente, não trabalhava com a possibilidade de o atacante estar pronto tão cedo. No entanto, ele está livre do problema e, inclusive, participou dos três treinos que antecederam a partida.

Ainda não está definido se o jogador será titular. Se não começar jogando, é provável que Paulinho Boia seja escalado. Certo é que a volta de Pablo é bem-vinda, já que Fernando Diniz não pode contar com Luciano, suspenso por três rodadas no torneio por ter sido expulso quando ainda atuava pelo Grêmio, no último Gre-Nal, em março. Daniel Alves, ainda em recuperação de uma fratura no braço, também segue fora.

Sem ritmo
O principal desafio do River Plate é a falta de ritmo. Como o futebol na Argentina ainda está paralisado, a última vez que os comandados de Marcelo Gallardo disputaram um jogo oficial foi em 11 março, antes da pandemia. Na ocasião, fez 8 x 0 no Binacional, do Peru, na segunda rodada.

Os desfalques são o atacante Lucas Pratto, ex-São Paulo, que trata uma lesão na coxa direita e não viajou ao Brasil, e o lateral-esquerdo Milton Casco, diagnosticado com covid-19. Lucas Pratto está em baixa no time e não seria titular. Casco deve ser substituído por Fabrizio Angileri.


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