BRASILEIRÃO

Mau exemplo tipo exportação

Queda de Paulo Autuori no Botafogo amplia para nove o número de técnicos dispensados na Série A. A novidade é que até o organizado Campeonato Alemão copia a impaciência dos nossos cartolas

Maíra Nunes
postado em 01/10/2020 23:42
 (crédito: Vitor Silva/Botafogo)
(crédito: Vitor Silva/Botafogo)

Demitido do Botafogo ontem, Paulo Autuori é o nono técnico desligado do Campeonato Brasileiro. No mesmo dia, o clube anunciou Bruno Lazaroni como substituto. Ele é filho de Sebastião Lazaroni, técnico da Seleção na Copa do Mundo de 1990, na Itália. A estreia será no clássico contra o Fluminense no domingo. O Glorioso também comunicou a contratação do brasiliense Tulio Lustosa para o cargo de gerente de futebol. Dias antes, Thiago Larghi havia deixado o comando do Goiás. Se a dinâmica continuar neste ritmo, a antiga e questionada dança das cadeiras entre os treinadores ainda terá muita música para tocar no futebol brasileiro. O Nacional está na 12ª rodada, ou seja, apenas um terço dos jogos foram disputados até o momento.

A dinâmica rotativa e comum nos gramados brasileiros parece estar sendo exportada para o futebol alemão. Foi necessário apenas duas rodadas da organizada Bundesliga para dois clubes trocarem os treinadores. O Mainz desligou o técnico Achim Beierlorzer. O Schalke 04 mandou David Wagner embora. Mas a conduta não é tão recente no país. Na liga alemã de 2016/2017, sete dos 18 treinadores caíram nas 16 rodadas iniciais.

Paulo Autuori deixou o comando do Botafogo após a derrota para o Bahia, por 2 x 1, resultado que colocou o clube na penúltima posição do Brasileirão. “Está na hora de proceder mudanças, sem qualquer tipo de constrangimentos”, disse. “Uma coisa é ser persistente; outra, é ser teimoso”, completou o agora ex-técnico. Quando não pensava mais em assumir o papel de chefe da prancheta, Autuori aceitou o convite para substituir Alberto Valentim, em fevereiro, como forma de gratidão ao clube. No posto, foi crítico ao retorno do futebol carioca em meio à pandemia de covid-19 e ajudou o time a se classificar para as oitavas de final da Copa do Brasil.

Retrospecto

Em 23 partidas, Autuori somou seis vitórias, 13 empates e quatro derrotas à frente do Botafogo. O número elevado da igualdade no placar fez o Botafogo somar apenas 11 pontos em 12 jogos e encarar o incômodo Z-4. O auxiliar Renê Weber também deixa a função no clube.

Mas nem todos conseguem tempo hábil para implementar o trabalho proposto. Thiago Larghi que o diga. O treinador de 40 anos assumiu o Goiás no lugar de Ney Franco, que já havia sido demitido após o começo do Brasileirão. No comando da equipe, Thiago Larghi amargou três derrotas nas primeiras partidas, que foram seguidas por dois empates e uma vitória contra o então líder Internacional. Ele ficou exatos 38 dias no cargo. O substituto é Ederson Moreira, que retorna ao comando do Esmeraldino. O último trabalho dele foi na Série B à frente do Cruzeiro. O time celeste deixou uma posição da zona de rebaixamento para a terceira divisão.

Ao todo, oito times trocaram de treinadores desde o começo do Campeonato Brasileiro, em 8 de agosto. Por muito pouco, Jesualdo Ferreira não foi incluído na conta. A demissão do português do comando do Santos três dias antes da estreia da equipe no torneio dava uma prova do que estava por vir.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

O entra-e-sai na Série A

Paulo Autuori — Botafogo
No cargo desde fevereiro, foi demitido após 12 rodadas, com o clube na zona de rebaixamento. De acordo com nota divulgada pelo time, Bruno Lazaroni assume o alvinegro no clássico contra o Fluminense, domingo.

Tiago Nunes — Corinthians
Vinha bastante pressionado e caiu após a derrota para o Palmeiras, em casa, pela nona rodada do Campeonato Brasileiro. Em 26 jogos, somou nove vitórias, 10 empates e sete derrotas. Coelho segue interino.

Roger Machado — Bahia
À frente do clube desde 2019, enfrentou início ruim. A derrota para o Flamengo, por 5 x 3, na 7ª rodada, decretou o fim do trabalho, que totalizou 74 jogos: 30 vitórias, 22 empates e 22 derrotas. Mano Menezes asumiu.

Felipe Conceição — Bragantino
Assumiu em janeiro, mas não repetiu o bom desempenho do Paulistão no Brasileirão. A queda ocorreu após a derrota para o Fortaleza, por 3 x 0, na sexta rodada. Maurício Barbieri assumiu o time bancado pela Red Bull.

Dorival Júnior — Athletico-PR
Não resistiu às quatro derrotas seguidas para Santos (3 x 1), Palmeiras (1 x 0), Fluminense (1 x 0) e São Paulo (1 x 0). Ficou fora na maioria dos jogos porque estava infectado pela covid-19. Eduardo Barros segue interino.

Daniel Paulista — Sport
Comandou o time de fevereiro a agosto. A derrota para o São Paulo, por 1 x 0, na 5ª rodada, quando o clube já estava na zona de rebaixamento motivou a demissão.

Eduardo Barroca — Coritiba
Quatro derrotas consecutivas nas primeiras rodadas tornaram a situação do técnico insustentável. Campeão mundial com a Seleção Brasileira em 1994, o ex-lateral Jorginho tenta dar um jeito no Coxa.

Ney Franco — Goiás
Deixou o time após derrota para o Fortaleza, em casa, por 3 x 1, na terceira rodada. O diretor de futebol Túlio Lustosa acabou desligado na mesma leva que o treinador.

Thiago Larghi — Goiás
O segundo técnico do clube no Brasileirão durou apenas seis jogos no cargo. Ficou exatos 38 dias no trabalho e saiu com três derrotas iniciais, depois dois empates e uma vitória, essa contra o então líder Internacional.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação