Nem só de futebol vive Adenor Leonardo Bachi. A retomada do projeto do hexa, adiado pela derrota para a Bélgica, por 2 x 1, nas quartas de final da Copa de 2018, tem aliados literários e até cinematográficos para a continuidade do trabalho do técnico de 59 anos no início da caminhada da Seleção Brasileira rumo ao Mundial do Qatar-2022, hoje, às 21h30, contra a Bolívia, na Neo Química Arena, em São Paulo.
Enquanto o futebol parou em meio à pandemia, Tite aproveitou a quarentena para ler. Duas obras inspiram o treinador neste início das Eliminatórias Sul-Americanas: Cartas da prisão de Nelson Mandela, editado por Sahm Venter; e Legado — 15 lições sobre liderança que podemos aprender com o time de rugby All Blacks, de James Kerr, sobre o sucesso da seleção da Nova Zelândia.
A obra sobre Mandela é uma coleção autorizada de correspondências dos 27 anos em que o líder da África do Sul esteve encarcerado. A resenha aponta que há textos comoventes, fervorosos, arrebatadores e sempre inspiradores — muitos deles inéditos — de coleções públicas e privadas.
A obra sobre a seleção de rúgbi da Nova Zelândia, tricampeã mundial em 1987, 2011 e 2015, é outra leitura de cabeceira de Tite no momento. O autor James Kerr passou cinco semanas conhecendo os bastidores de um dos times mais badalados do mundo em busca de respostas sobre o sucesso da equipe. Queria saber, entre outras curiosidades, como os jogadores lidam com a pressão e como treinam para atingir o mais alto nível.
A retomada da excelência é o maior desafio de Tite no 49º jogo à frente da Seleção. Depois de um início de trabalho arrasador nas Eliminatórias para a Copa-2018, o Brasil frustrou a torcida na Rússia e entrou em depressão depois do Mundial. O time teve altos e baixos até mesmo na conquista da Copa América no ano passado.
Como se não bastasse reencontrar o futebol, Tite precisará do auxílio dos livros de cabeceira para motivar a Seleção a jogar bem sem torcida contra a Bolívia. Em 106 anos de história, o Brasil jamais se exibiu sem público no estádio. A medida faz parte do protocolo de prevenção ao coronavírus.
Desfalques
Este não é o único problema. Tite não contará com o melhor goleiro do mundo. Alisson está lesionado. Cortou Gabriel Jesus e aguardará até a última hora por Neymar. O camisa 10 sente dores nas costas e não participou do treino de ontem no estádio do Corinthians. Permaneceu no hotel em tratamento.
“Ele (Neymar) teve pequena melhora, mas não temos ainda nem 24h da dor mais intensa. Tivemos deslocamento (do Rio para São Paulo), isso tudo dificultou um pouco o tratamento. Ele não tem condições de treino, faz trabalho intensivo com nosso fisioterapeuta e vamos aguardar até amanhã para passar posição ao técnico Tite”, explicou médico Rodrigo Lasmar na entrevista coletiva de ontem, em São Paulo. Se Neymar não jogar, Everton Ribeiro será o substituto contra a Bolívia.
Neymar pode ficar fora da estreia do Brasil nas Eliminatórias pela segunda vez. Em 2015, cumpriu suspensão nas duas rodadas iniciais devido à confusão protagonizada depois da derrota para a Colômbia na fase de grupos da Copa América do Chile. Perdeu os duelos com o Chile e Venezuela e só voltou contra a Argentina.
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Renovação pós Rússia-2018
Dos 23 jogadores convocados para a Copa da Rússia, oito estão no grupo do início das Eliminatórias para 2020. Danilo, Marquinhos, Thiago Silva, o capitão Casemiro, o meia Philippe Coutinho e o atacante Roberto Firmino começarão entre os titulares. Neymar virou dúvida. O goleiro Ederson é opção no banco de reservas. Algumas novidades jamais disputaram as Eliminatórias: o lateral-esquerdo Renan Lodi, o volante Douglas Luiz e o meia Everton “Cebolinha” — destaque do Brasil no título da Copa América.
De volta à pressão dos jogos da Seleção, Tite pode arrumar um tempinho para assistir pela quarta vez ao filme Green Book: o Guia, sobre o personagem Dr. Don Shirley, um pianista afro-americano de renome mundial, prestes a embarcar em uma turnê pelo sul dos Estados Unidos, em 1962. No caso do maestro Tite, chegou a hora de afinar a orquestra no início da turnê verde-amarela pela América do Sul para chegar ao Qatar. No caso das seleções do nosso continente, é necessário jogar 25 vezes para ganhar a Copa: 18 nas Eliminatórias e mais sete no Mundial.