Hoje, às 21h30, o estádio de São Januário, no Rio, testemunhará mais um encontro entre Vasco e Corinthians, desta vez pela 18ª rodada do Campeonato Brasileiro. Em anos dourados, como 2011, quando os clubes paulista e carioca disputaram o título nacional até a última rodada — a taça foi para o Parque São Jorge —, o encontro significaria briga pelo topo da tabela. O panorama atual é bem diferente do cenário de nove anos atrás.
Colados na classificação, vascaínos e corintianos brigam contra o rebaixamento no Brasileirão. Os cariocas estão em 15º e os paulistas, em 16º. Levantamento do Correio mostra que ambos têm, sim, motivos para se preocupar com a reedição dos piores momentos de suas histórias centenárias, quando caíram para a segunda divisão. O Corinthians viveu o drama em 2007. O Vasco passou pelo pesadelo em 2008, 2013 e 2015.
Sem vencer há seis jogos na Série A, o Vasco promoverá a estreia do técnico português Ricardo Sá Pinto. A troca de treinador, inclusive, é um dos erros rotineiros protagonizados pelos dois clubes nos últimos anos. Além de interromper a série sem triunfos, o lusitano terá a missão de elevar o aproveitamento do cruzmaltino dentro de casa e gerir um elenco que vem enfrentando sucessivos atrasos salariais.
Também em um início de trabalho — Vagner Mancini irá para o terceiro jogo —, o Corinthians quer esquecer a goleada por 5 x 1 em casa diante do Flamengo, no domingo, para amenizar o clima em um time que convive com cobranças e protestos da torcida nos últimos dias. A preocupação não é à toa. Com 18 pontos, o Timão está abaixo da catastrófica campanha de 13 anos atrás, quando somava 20 pontos nessa mesma altura do campeonato. A sangria defensiva também é mais séria: 25 gols sofridos contra 21 de 2007.
Protagonistas de quatro quedas, Vasco e Corinthians lutam para não terminar o primeiro turno do no Z-4. Somar três pontos significa oportunidade de dar um salto na classificação e respirar mais tranquilo. Quem perder, porém, arrisca ser ultrapassado por três das quatro equipes que vêm logo na sequência na classificação.
Vasco
1. Troca de comando
O processo de troca de treinador foi traumático. Após três rodadas mágicas deixarem o time carioca na ponta do Brasileirão, o time de Ramon Menezes sofreu uma brusca queda e o treinador foi demitido após a derrota por 3 x 0 para o Bahia na 13ª rodada. Contratado, o português Ricardo Sá Pinto estreia hoje.
2. Salários atrasados
Com graves problemas financeiros, o Vasco atrasou o pagamento diversas vezes. Segundo o clube cruz-maltino, o débito atual é de dois meses para funcionários e de um para o elenco, além de uma parcela do acordo firmado no primeiro semestre. Ao embarcar para assumir o time, Ricardo Sá Pinto alegou não saber da situação.
3. Sequência sem vitórias
Na filosofia do espanhol Pep Guardiola, um campeonato de pontos corridos se ganha nas últimas oito rodadas e se perde nas oito iniciais. Mas o que o consagrado treinador teria a dizer sobre um time com sequência de seis partidas sem vitória? No Brasileirão, o último triunfo do Vasco foi na 10ª rodada. Se somados os tropeços da eliminação na Copa do Brasil, o número chega a oito.
4. Desempenho em casa
O fator casa não está sendo um aliado de Corinthians e Vasco no Brasileirão. Nos oito jogos como mandante, o time paulista ganhou apenas 10 pontos na Neo Química Arena. Venceu duas vezes, empatou quatro e perdeu outras duas. O desempenho de apenas 41,67% dos pontos disputados põe o alvinegro como o terceiro pior no quesito, à frente somente de Goiás e Coritiba.
5- Cano entupido
Principal aposta de gol cruzmaltina, o atacante argentino Germán Cano vive uma seca de bolas na rede. O camisa 14 do time carioca não marca há 698 minutos, quando fez um na vitória do Vasco sobre o Botafogo por 3 x 2, no Nilton Santos. Curiosamente, desde então, a linha de frente vascaína também perdeu poder de fogo e só fez a comemoração da torcida três vezes em seis partidas.
Corinthians
1. Troca de comando
O Corinthians também interrompeu trabalho em andamento. Demitiu Tiago Nunes após a derrota no clássico para o Palmeiras. Na sequência, Dyego Coelho assumiu o cargo interinamente por sete rodadas até a chegada de Vágner Mancini, que abandonou o Atlético-GO para dirigir o time paulista.
2. Protestos da organizada
A panela de pressão corintiana ficou ainda mais instável depois de o time ser recebido no aeroporto sob protestos da torcida, em setembro. No domingo, antes de ser goleado por 5 x 1 pelo Flamengo, o elenco recebeu visita da principal organizada na porta do CT. O encontro teve tom de apoio, mas também de pressão, como na chamada telefônica do goleiro Cássio.
3. Coincidências
Com apenas 18 pontos em 17 rodadas, o corintiano relembra o desempenho que culminou no rebaixamento de 2007. Naquela ocasião, o Corinthians havia somado 20 pontos, dois a mais do que conquistou neste ano. A defesa está abaixo. Há 13 anos, acumulava 21 gols sofridos. O atual foi vazado 25 vezes.
4. Desempenho em casa
No Vasco, a situação não é diferente. Nas sete oportunidades em que jogou em São Januário, conquistou somente 11 pontos. O desempenho foi alcançado em uma série com três vitórias, dois empates e duas derrotas. O proveitamento em casa é de 52,38%. O cruz-maltino, porém, realizou um jogo a menos como mandante na comparação com o clube paulista.
5. Crise política e financeira
Em ano eleitoral, os bastidores dos clubes costumam pulsando. No Corinthians, clube de segunda maior torcida do Brasil, não é diferente. Com eleições marcadas para 28 de novembro, o alvinegro convive com a ebulição que cerca a definição do sucessor de Andrés Sanchez. Nesta temporada, o time paulista amargou atrasos de salários ocasionados pelos problemas financeiros.
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