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Donos do mercado

Oitavas de final reforçam o domínio dos treinadores argentinos no continente: 8 dos 16 times candidatos ao título são comandados por hermanos. Sorteio aponta rota perigosa para o atual campeão Flamengo

Marcos Paulo Lima
postado em 24/10/2020 01:14
 (crédito: Juan Mabromata/AFP)
(crédito: Juan Mabromata/AFP)

Em tempos de discussão sobre a qualidade dos técnicos brasileiros, a Argentina dá mais uma prova de força nas oitavas de final. Dos 16 times candidatos ao título, oito, ou seja, metade, são comandados por técnicos nascidos no país vizinho. Eles podem até virar maioria se o Palmeiras confirmar a contratação de Gabriel Heinze. Os defensores da mão de obra nacional dirão: “Também, está cheio de time argentino no mata-mata”. Fake news! A terra de Messi e Maradona será representada apenas por Boca Juniors, River Plate e Racing.

A conquista da escola argentina extrapola as fronteiras. Guarany e Libertad, ambos do Paraguai; Jorge Wilstermann da Bolívia; Delfín do Equador e o brasileiro Internacional são comandados por hermanos. Quer mais uma prova de que a moda pegou na América do Sul? Apenas quatro candidatos ao título apostam em treinadores do próprio país, ou seja, nos “santos de casa”: Santos, Grêmio, Athletico-PR e Nacional do Uruguai.

O atual campeão do torneio é português. Jorge Jesus deixou o Flamengo, mas a península ibérica mantém seus representantes na principal competição de clubes do continente. O sucessor dele no time rubro-negro é Domènec Torrent. O Independiente del Valle segurou Miguel Ángel Ramírez. O Palmeiras pode importar mais um. Até ontem, a diretoria estava dividida entre Quique Sétien, ex-Barcelona, e o argentino Gabriel Heinze.

Mais do que a nacionalidade, as oitavas de final valorizam a prova de títulos. Neste quesito, quatro clubes largam na frente. Adversário do Inter nas oitavas, o Boca Juniors é comandado pelo experiente Miguel Angel Russo. O argentino levou aquele timaço de Riquelme e companhia ao título em 2007 contra o Grêmio, de Mano Menezes.

Um técnico campeão ficará pelo caminho no duelo entre Athletico-PR e River Plate. O Furacão é liderado por Paulo Autuori. O brasileiro brindou Cruzeiro (1997) e São Paulo (2005) com o título. Do outro lado, Marcelo Gallardo. O maestro do atual vice-campeão busca o tri. No cargo desde 2014, levou a taça em 2015 e em 2018.

A prancheta do Libertad do Paraguai pertence ao Argentino Ramón Díaz. Ele era o comandante do River Plate na conquista do título de 1996. Nesta temporada, tentará desbancar o Jorge Wilstermann e a altitude de 3.600m de La Paz nas oitavas para, quem sabe, bater de frente com o Palmeiras nas quartas de final.

A escola argentina é disparada a mais premiada da Libertadores. Os treinadores de lá colecionam 27 títulos contra 18 dos brasileiros e 10 dos uruguaios. O aposentado Carlos Biachi mantém o recorde de quatro troféus perseguido pelo compatriota tricampeão Osvaldo Zubeldía.

Cruzamentos
A definição dos duelos, ontem, em Luque, no Paraguai, indica facilidade para o Palmeiras chegar, ao menos, às semifinais. Em jejum desde 1999, o alviverde terá pela frente o Delfín do Equador. Se avançar, cruzará com Libertad ou Jorge Wilstemann. Adversários fortes, em tese, somente nas semifinais, contra River Plate — adversário do Athletico-PR na próxima etapa — ou Independiente del Valle do Equador.

Não há duelos entre brasileiros nas oitavas. Porém, é possível que eles comecem a se digladiar nas quartas. Flamengo, Internacional, Santos e Grêmio estão do mesmo lado. A pressão é maior sobre o atual campeão. O time rubro-negro sonha em disputar o jogo único da decisão, no Maracanã. A primeira missão é superar o Racing.

Em tese, o Grêmio se deu bem. O tricampeão da Libertadores terá pela frente o Guaraní do Paraguai. No entanto, o adversário deve ser, no mínimo, respeitado. Motivo: eliminou o Corinthians na fase Pré-Libertadores. O confronto entre Inter e Boca é um dos mais atraentes da próxima fase. O Santos terá de encarar altitude de Quito contra a LDU, e o Athletico encara deu o azar de encarar o atual vice-campeão, River Plate.

O país de origem dos treinadores

» Argentina
Eduardo Coudet (Internacional)
Sebastián Beccacece (Racing)
Marcelo Gallardo (River Plate)
Miguel Angel Russo (Boca Juniors)
Gustavo Costas (Guarany)
Ramón Díaz (Libertad)
Christian Díaz (J. Wilstermann-)
Miguel Zahzú (Delfín)
» Brasil
Cuca (Santos)
Paulo Autuori (Athletico-PR)
Renato Gaúcho (Grêmio)
Andrey Lopes* (Palmeiras)
» Espanha
Miguel Ángel Ramírez (I. del Valle)
Domènec Torrent (Flamengo)
» Uruguai
Gustavo Munúa (Nacional)
Pablo Repetto (LDU-EQU)

*interino

 

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