Heptacampeão Lewis Hamilton é o britânico mais brasileiro da Fórmula 1

Primeiro piloto negro na história da Fórmula 1, Hamilton venceu GP da Turquia e igualou-se a Michael Schumacher como maior campeão mundial da F1

Correio Braziliense
postado em 16/11/2020 08:58 / atualizado em 16/11/2020 09:00
Piloto da Mercedes, Lewis Hamilton comemora o heptacampeonato mundial na Fórmula 1 em 2020 -  (crédito:  CLIVE MASON/AFP)
Piloto da Mercedes, Lewis Hamilton comemora o heptacampeonato mundial na Fórmula 1 em 2020 - (crédito: CLIVE MASON/AFP)

A cada corrida, Lewis Hamilton quebra recordes e reafirma estar entre os maiores pilotos da história, como o ídolo dele, Ayrton Senna. No domingo (15/11), o inglês de 35 anos sagrou-se heptacampeão mundial da Fórmula 1, no GP da Turquia, no Istambul Park, igualando-se ao alemão Michael Schumacher como o maior detentor de títulos na principal categoria do automobilismo. A inspiração declarada pelo ícone brasileiro não é a única ligação de Hamilton com o Brasil. Elas vão do primeiro título mundial conquistado no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, em 2008, às amizades e admiração pela cultura do país sul-americano.

Assim como a trajetória vitoriosa correu em alta velocidade do GP de Interlagos até o GP da Turquia, o primeiro negro a disputar uma corrida de Fórmula 1 tornou-se o maior vencedor nos 70 anos de história da categoria. Habilidoso, combativo e ousado nas pistas, Hamilton mostra o mesmo empenho para enfrentar o racismo. Em um ano marcado pelo movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) e pela intensa discussão sobre ações afirmativas, Hamilton  não se intimidou e reafirmou postura antirracista, tornando-se referência do movimento.

Mesmo com a ameaça de represálias, Hamilton tentou organizar um protesto coletivo para que os 20 pilotos se ajoelhassem antes da prova. Seis não aderiram. Depois, Hamilton subiu ao pódio no GP da Itália com uma camiseta em que cobrava a prisão dos policiais responsáveis pela morte da jovem americana negra Breonna Taylor. Logo depois, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) proibiu o uso de outras vestimentas no pódio, além do macacão. Ele reiterou que continuaria protestando, e assim o fez. 

Segundo o heptacampeão mundial, o preconceito o deixa distante de ser uma unanimidade no próprio país, como ocorreu com o ídolo. “A comoção pela morte do Ayrton foi parecida com a da princesa Diana, na Inglaterra. Fico arrepiado só de pensar. Infelizmente, isso nunca aconteceria comigo na Inglaterra”, declarou, ao Jornal Nacional, da Rede Globo.

Difícil saber se o inglês estaria certo diante de uma situação hipotética. Correto mesmo é que a Grã-Bretanha e a comunidade do automobilismo terão um Dia da Consciência Negra, comemorado no próximo dia 20, com um olhar mais consciente após as conquistas, os recordes, a voz e a postura de Lewis Hamilton nos quase 14 anos de trajetória na Fórmula 1. O ativismo de Hamilton foi ganhando espaço à medida que o piloto conquistava a autonomia nos contratos, principalmente a partir da Mercedes. Além de promover debates pela maior diversidade em uma modalidade tão elitista, o inglês vem inserindo outras pautas à agenda do esporte a motor, como temas ambientais.

Não é só a idolatria por Ayrton Senna, porém, que torna Hamilton o inglês mais brasileiro do grid da Fórmula 1. O piloto da Mercedes adora futebol e cultiva forte amizade com Neymar. Ele até assistiu a um jogo da Seleção Brasileira na Copa América Centenária de 2016, no estádio Rose Bowl, nos Estados Unidos, ao lado do craque brasileiro, que estava lesionado na ocasião. Outro esporte que o britânico admira é o surfe. E, nas ondas, a principal referência é Gabriel Medina, outro brasileiro de quem o piloto também se diz amigo. Mas nessa lista ainda cabe mais gente.

“Meus amigos mais próximos no Brasil são Anitta, Gabriel (Medina) e Neymar. Eles são muito brasileiros, muito patrióticos, o que eu adoro ver. Acho que eles representam a maneira como amo o Brasil”, disse Hamilton, ao site Motorsport.com, no início do ano. O inglês ainda afirmou amar a cultura e as cores brasileiras. E não deixou de fora dessa lista uma outra paixão que cultiva. “A música é incrível”, declarou o piloto, que sabe tocar violão e tem um estúdio em casa. Ele também revelou que segue a funkeira Ludmilla nas redes sociais e que há muitos lugares no Brasil que gostaria de visitar.

 

GP da Turquia e a temporada 2020


Com pneus intermediários, inteligência, paciência e talento, Hamilton venceu o GP da Turquia, após largar na sexta posição. As dificuldades que encontrou nos treino classificatório pela “pista de gelo” em Istambul, molhada pela chuva e com pouca aderência em razão do recapeamento tardio, se repetiram na corrida. Tanto que Hamilton chegou a errar e cair para sétimo no começo da corrida, mas conseguiu adaptar-se ao circuito para sair campeão da temporada antecipadamente mais uma vez. 

O mexicano Sergio Perez, da Racing Point, terminou em segundo e o alemão Sebastian Vettel, da Ferrari, completou o pódio. Assim, o britânico da Mercedes  estabelece uma carreira dominante: chegou à incrível marca de 94 vitórias em 264 prova. O agora heptacampeão mundial triunfou em 10 das 14 corridas da temporada 2020 e reforçou, a cada prova, que está entre os maiores da história.

Hamilton soma 307 pontos na classificação e não pode mais ser alcançado pelo companheiro Valtteri Bottas, que decepcionou no GP turco e terminou fora da zona de pontuação, em 14°. O finlandês teve uma péssima atuação e rodou várias vezes. Agora, corre o risco de perder o vice para Max Verstappen.

“É muito importante que as crianças vejam isso. Não acreditem quando disserem que vocês não podem fazer algo. Sonhem com o impossível. Trabalhem por isso, persigam, nunca desistam”, reforçou Hamilton, que superou o preconceito e outras adversidades para se tornar um dos maiores ídolos do esporte mundial. Após a corrida, o britânico vibrou muito e se emocionou.

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