Relembre a trajetória do goleiro Fillol, amado por Racing e Flamengo

Considerado o melhor da América do Sul no século 20, Fillol deixou troféus nos museus dos dois clubes que se enfrentam pelas oitavas de final da Libertadores

Marcos Paulo Lima
postado em 24/11/2020 17:18 / atualizado em 24/11/2020 18:10

Di Stéfano, Maradona e Messi formam a santíssima trindade dos melhores jogadores de linha no futebol argentino. Dividem súditos de diferentes gerações. No gol, há uma unanimidade: Ubaldo Matildo Fillol é a maior referência do país vizinho na posição. Eleita por jornalistas esportivos do mundo inteiro, a seleção do século 20 da América do Sul começa por ele. Fillol; Carlos Alberto Torres, Figueroa, Daniel Passarella e Nilton Santos; Maradona, Di Stéfano e Rivellino; Zico, Garrincha e Pelé.

Dono das traves da Argentina na conquista da Copa do Mundo 1978, “El Pato” teve dias de ídolo no Racing e no Flamengo — protagonistas de um dos duelos desta terça-feira (24/11) na abertura das oitavas de final da Libertadores. O confronto de ida será às 21h30, no Estádio Presidente Perón, o popular El Cilindro, em Avellaneda. Fillol foi campeão da Taça Guanabara pelo time rubro-negro em 1984. Oito anos depois, brindou o Racing com o título inédito da Supercopa dos Campeões da Libertadores na decisão contra o Cruzeiro.

Aos 70 anos, Fillol conseguiu a proeza de ser amado por três clubes sul-americanos diferentes — Racing, River Plate e Flamengo — e idolatrado com a camisa da seleção da Argentina. Foi titular nas Copas do Mundo de 1974, 1978 e 1982. Nascido em San Miguel del Monte, o goleiro iniciou a carreira no modesto Quilmes antes de desembarcar no Racing, em 1971, para consolidar uma profecia

Aos 14 anos, o adolescente trabalhava em um restaurante na cidade natal. O dono do estabelecimento o apresentou a um jogador que passava por lá. O cliente prestou atenção nas mãos do garçom e profetizou: “Vai ser goleiro”, disse o ex-meia ítalo-argentino Renato Cesarini, que fazia uma refeição no local. Fillol seguiu trabalhando.

Apesar de ter ignorado Cesarini no restaurante, Fillol virou goleiro, sim. Surgiu no Quilmes, atraiu a atenção do Racing e rapidamente chegou ao River Plate em 1973. Era a realização de um sonho familiar. Fillol é torcedor do River. Legado do pai. É tão amado clube que ostenta o título de embaixador dos millonarios.

Fillol começou a encantar no Racing. Era comandado por Ángel Labruna na primeira passagem pelo clube quando recebeu convite do River Plate. Conta a lenda que Labruna teria ameaçado acabar com Fillol se ele mudasse para outro clube que não fosse o River. Nem precisou intimidá-lo. Fillol ouviu o coração.

El Pato colecionou sete títulos no River Plate e fez escala no Argentinos Juniors antes de topar o inesquecível desafio de defender o Flamengo. Em 1984, foi comprado pelo Flamengo por US$ 125 mil, dizem os jornais da época. Chegou à Gávea para suceder o ídolo rubro-negro Raul Plassmann em uma fase de reformulação no clube.

Zico havia embarcado rumo à Itália para defender a Udinese. Tricampeão brasileiro em 1983 contra o Santos, o time passava por transformações para a temporada de 1984. Fillol virou titular. Disputou a Libertadores de 1984. Ajudou o time rubro-negro a ganhar a Taça Guanabara no Campeonato Carioca.

Segundo o Almanaque do Flamengo, Fillol disputou 71 jogos com o “manto sagrado”. Venceu 40, empatou 20 e perdeu 11. Chateado com a diretoria devido a uma convocação da Argentina, foi negociado com o Atlético de Madrid. Estava em Buenos Aires com a seleção e teria se recusado a retornar sob alegação de que o clube havia se negado a liberá-lo. Chegava ao fim a passagem do jogador pelo clube mais popular do Brasil.

Quando fala sobre o Flamengo, Fillol costuma dizer que o Flamengo mudou a vida dele. Conta que é impossível não virar outro ser humano depois de vestir a camisa rubro-negra. Adora dizer que jogou para um público de 150 mil pessoas. Exalta a felicidade de viver do povo carioca. Fez amizade com Jorginho, Leandro e Mozer. Ainda sofre com a derrota por 4 x 1 para o Corinthians pelas quartas de final do Brasileirão de 1984.

Depois da passagem pela Espanha, Fillol retornou à Argentina para uma longa segunda passagem pelo Racing, de 1986 a 1989. Deixou no museu da Academia o título da Supercopa dos Campeões de 1988. O time argentino venceu a partida de ida por 2 x 1, em Buenos Aires. Na volta, segurou empate por
1 x 1, em Belo Horizonte.

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