A vacinação de atletas contra a covid-19 virou um entrave para os organizadores do Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, adiados em um ano por causa da pandemia do novo coronavírus. Hoje, a Comissão Executiva do Comitê Olímpico Internacional (COI) fará uma reunião para discutir o tema. O atual cenário prevê duas categorias de atletas: os vacinados, que terão liberdade para circular pelo evento, e quem não estiver imunizado, que precisará ficar confinado antes de competir.
No caso da delegação brasileira, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) declarou que não pretende “furar a fila da vacina”. O plano do órgão é que os atletas do país cumpram um período de 12 dias de quarentena logo após o desembarque no Japão.
Nesta semana, o presidente do Comitê Olímpico Francês, Denis Masseglia, declarou que os atletas que participarem dos Jogos de Tóquio e não forem vacinados terão de enfrentar condições “extremamente difíceis”. O dirigente diz ter ouvido do presidente do COI, o alemão Thomas Bach, que os competidores não imunizados terão de “passar por exames pela manhã e à noite”.
Muitos países começaram a vacinar contra o novo coronavírus, mas o ritmo é variado. Por isso, a vacinação de atletas abriu um debate sobre saúde pública, pois, se os competidores forem priorizados, poderão passar à frente de outras pessoas dos grupos de risco. “Está fora de cogitação que os atletas tenham prioridade sobre outras categorias da população, mas, até os Jogos, pode-se pensar que eles serão vacinados sem que isso penalize outras pessoas”, disse o dirigente francês.
Alguns países têm atuado para imunizar os atletas até os Jogos Olímpicos, programados para o período de 23 de julho a 8 de agosto. Paul Tergat, presidente do Comitê Olímpico do Quênia, declarou: “Queremos que todos os que vão a Tóquio sejam vacinados logo, para que se sintam seguros. Quanto mais cedo, melhor”.
O mesmo ocorre na Austrália, onde o comitê olímpico “incentiva” os atletas a se vacinarem e a se prepararem para os Jogos “em total segurança”. É uma posição semelhante à da Rússia, que planeja “vacinar os atletas das seleções nacionais, inclusive as categorias de base”.
O COI e autoridades japonesas garantem que a vacina não será obrigatória para atletas e torcedores. Mas, a entidade declarou que “fará grandes esforços” para garantir que os participantes dos Jogos sejam vacinados.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), no entanto, se mostra contrária a uma possível prioridade que possa ser dada aos atletas na fila da vacinação. “Este não é um problema relacionado aos Jogos Olímpicos. Trata-se, acima de tudo, de saber usar um recurso escasso para combater uma das crises de saúde mais devastadoras da nossa história”, disse o vice-diretor-geral da entidade, Bruce Aylward.
Apesar da multiplicação das variantes da covid-19 e do agravamento da pandemia, o COI afirma que as vacinas são “uma das muitas ferramentas” de combate à propagação do novo coronavírus, mas não uma arma decisiva. Os organizadores dos Jogos estão também empenhados em “procedimentos específicos de imigração, medidas de quarentena, realização de testes, fornecimento de equipamento de proteção individual e rastreamento de contatos”.
Em um segundo momento, “uma vez que a vacina esteja disponível para um público mais amplo”, a instância fará um apelo às delegações Olímpicas e Paralímpicas “para que sejam vacinadas nos países de residência, em conformidade com as diretrizes nacionais”.
A campanha de vacinação só vai começar no final de fevereiro no Japão, onde a opinião pública tem se mostrado cada vez mais hostil à realização dos Jogos.
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Mobilização por médicos
O governo japonês pretende mobilizar 10 mil médicos e enfermeiros para os Jogos Olímpicos de Tóquio, embora o sistema de saúde do país esteja saturado pela pandemia do coronavírus. Tóquio e 10 outros departamentos japoneses se encontram em estado de emergência desde o início do mês para enfrentar o aumento das infecções.
Até agora, na comparação com outros países, o Japão foi menos afetado pela pandemia, registrando cerca de 5 mil mortes em um ano, mas os médicos alertaram que o sistema de saúde corre o risco de entrar em colapso, sobretudo, se os Jogos aumentarem o número de infecções.
“Estamos tentando obter o pessoal médico necessário, cerca de 10 mil pessoas, pedindo a médicos e enfermeiros que trabalhem cinco dias por semana durante os Jogos”, disse o ministro responsável pelo evento esportivo, Seiko Hashimoto, ao Parlamento. Os organizadores também avaliam quais infraestruturas médicas serão necessárias e como tratar “infecções por covid-19” durante os Jogos, relatou.
A previsão é de que cerca de 11 mil atletas de todo o mundo participem dos Jogos. Recentemente, os organizadores mencionaram a possibilidade de realizar o evento sem a presença de público nas arquibancadas.