CAMPEÃS DA AREIA

Brasileiras do vôlei de praia treinam para final verde-amarela em Tóquio

Com vaga assegurada para as Olimpíadas, as duplas Ágatha e Duda e Ana Patrícia e Rebecca enfrentam alemãs e canadenses no torneio no Rio

Maíra Nunes
postado em 30/01/2021 07:00
 (crédito: Wander Roberto/Inovafoto/CBV)
(crédito: Wander Roberto/Inovafoto/CBV)

O 17 de agosto de 2016 ficou marcado para a brasileira Ágatha Bednarczuk e a alemã Laura Ludwig. Naquele dia, elas realizaram o sonho de disputar a final do vôlei de praia dos Jogos Olímpicos do Rio. Na mesma cidade, neste domingo (31/1), as duas se reencontram no Campeãs da Areia, competição amistosa que serve como preparação para as próximas Olimpíadas, marcadas para julho, em Tóquio. As duas estão com parceiras diferentes e vivem um cenário de incertezas marcado pela pandemia de covid-19, em que cada oportunidade de competir contra duplas internacionais é tratada como preciosa.

Aos 37 anos, a medalhista olímpica de prata Ágatha usa a experiência de mais de 15 anos no esporte de alto rendimento para "focar no hoje". "Saíram notícias de que a população japonesa não gostaria que os Jogos Olímpicos ocorressem em meio à pandemia, mas eu, como atleta, me apego no que o governo japonês e o comitê olímpico organizador dizem: que os Jogos serão realizados", comenta a curitibana. Ela avalia como desafiador o confronto com Laura Ludwig, inclusive pelo jogo mental que a veterana de 35 anos costuma impor sobre as adversárias.

"São quatro anos que alimentamos esse objetivo de estar em Tóquio. Imaginar que não existirão os Jogos seria muito frustrante", completa Ágatha, que traçou esse objetivo desde que se juntou à jovem promissora Duda Lisboa, de 22 anos, em 2017. A junção de duas gerações do vôlei de praia na dupla brasileira que se tornou campeã do Circuito Mundial e conquistou o ouro no World Tour Finals, ambos em 2018, é prova de como a modalidade segue forte no Brasil.

"A Duda veio para ficar, está jogando um vôlei de altíssimo nível já muito nova. Imaginamos umas cinco Olimpíadas, pelo menos, para ela", aposta Ágatha, que comemora o fato de Duda ter começado essa trajetória com objetivo olímpico ao lado dela. "A Duda saiu do interior de Sergipe para o Rio de Janeiro fazer parceria com uma medalhista olímpica… A coragem dela faz muita diferença. Ela tem um futuro brilhante pela frente e é uma pessoa muito querida no meio", completa.

Outra jovem jogadora que já trilha um início de carreira promissora é Ana Patrícia, que aos 23 anos integra, ao lado de Rebecca, a outra dupla que representará o Brasil nos Jogos de Tóquio e que é a atual campeã nacional. "Neste ciclo olímpico, os dois times brasileiros foram muito bem no Circuito Mundial, estão entre os cinco melhores do mundo e têm condição de medalhar", pontua Ágatha. "Seria incrível ver mais uma final brasileira, assim como aconteceu em Atlanta, em 1996. Com certeza, seria o melhor cenário possível", completa. Naquele ano, de estreia do vôlei de praia nas Olimpíadas, as brasileiras Adriana Samuel e Mônica Rodrigues foram campeãs sobre as compatriotas Jacqueline Silva e Sandra Pires.

Mineira de Espinosa de 1,94m, Ana Patrícia é mais uma prova da força da nova geração do vôlei de praia brasileiro. Empolgada pela estreia olímpica, ela não se intimida com a pressão que é colocar o nome na história de uma modalidade em que o país soma 13 medalhas olímpicas, sendo três de ouro, sete de prata e três de bronze. "Nossa responsabilidade é a mesma de todos os times do Brasil que vão para uma Olimpíada no vôlei de praia. É um esporte muito tradicional, que sempre traz medalha", analisa. Mas Ana Patrícia foca em aproveitar o momento e trabalhar para conquistar o espaço dela.

Apesar da idade, Ana Patrícia faz uma dupla relativamente jovem ao lado de Rebecca, 27 anos. As duas se conheceram dentro de quadra no Circuito Brasileiro Sub-23, em 2015. Mas foi em 2018 que decidiram montar a parceria em busca do sonho olímpico em Tóquio. Apesar da ansiedade de concretizar o sonho após a conquista da vaga olímpica, o adiamento e, agora, as incertezas que permeiam os Jogos Olímpicos impostos pela pandemia criaram novos desafios aos atletas. Para a jogadora, a ausência de confrontos do Circuito Mundial há aproximadamente um ano prejudica o ritmo de jogo das duplas.

A volta do Circuito Brasileiro minimizou essa ausência. Agora, poder enfrentar parcerias estrangeiras de primeiro nível é um ótimo início de ano olímpico. Porém as incertezas até sobre a realização das Olimpíadas seguem rondando os competidores e todos envolvidos no evento. "Já fiquei tensa só de pensar na possibilidade de não ter Olimpíada, pois estou classificada e quero muito disputar os meus primeiros Jogos Olímpicos em Tóquio", diz Ana Patrícia. "A expectativa real é que tenha, mas não tenho conhecimento para dizer se deve ou não ter. O Japão e o comitê organizador devem ser capazes de avaliar isso", completa.

Formato de disputa

O Campeãs da Areia terá um formato diferente das competições tradicionais. Serão três sets de 15 pontos. A primeira parcial será entre a dupla Ágatha e Duda e as alemãs Laura Ludwig e Margareta Kozuch. O torneio também contará com a dupla canadense Heather Bansley e Brandie Wilkerson, que entrará em quadra no segundo set, contra as também brasileiras Ana Patricia e Rebecca. Por fim, haverá a disputa em quarteto entre as brasileiras e o time mundo. O evento será disputado na manhã de domingo (31/1), aos pés do Pão de Açúcar, na Urca, no Rio de Janeiro, sem a presença de público. Terá transmissão da TV Globo.

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