COPA DO BRASIL

Clube restrito

Na véspera do Dia Internacional da Mulher, saiba qual dos times candidatos ao título tem mais presença feminina na comissão técnica. Conheça a nutricionista alviverde que conquistou espaço no time

Maíra Nunes
postado em 06/03/2021 21:48
 (crédito: Cesar Greco/Agência Palmeiras)
(crédito: Cesar Greco/Agência Palmeiras)

Nenhum clube das principais divisões do futebol masculino do Brasil deu oportunidade a uma treinadora. A presença delas nos bastidores do trabalho do técnico, no entanto, é extensa. Finalista da Copa do Brasil, o Palmeiras conta com três profissionais do gênero feminino entre os 33 que compõem a comissão técnica de Abel Ferreira. Apesar de representar menos de 10%, essas profissionais simbolizam uma abertura de portas para o equilíbrio nesse cenário ainda repleto de barreiras. Adversário alviverde na véspera do Dia Internacional da Mulher, às 18h, no Allianz Parque, em São Paulo, o Grêmio tem apenas homens na comissão liderada por Renato Gaúcho. Segundo o site do tricolor gaúcho, são 37 colaboradores.

“Toda a estrutura do futebol masculino foi construída e montada para os ‘comportamentos masculinos’, vamos dizer assim”, pontua em entrevista ao Correio Mirtes Stancanelli, nutricionista do Palmeiras há dois anos. Por isso, alguns pontos precisam ser repensados, desde a estrutura com banheiros diferentes até uma reunião importante para tomada de decisões. “A mulher tem sido colocada e também se colocou no futebol masculino e estamos acertando esses detalhes, como, por exemplo, a entrada das mulheres nos vestiários”, explica. “A gente não está tendo dificuldades de atuar no meio, a estrutura só precisa entender, e está entendendo, que existem as mulheres”, completa a profissional.

A nutricionista exemplifica com questões corriqueiras, como o uniforme da equipe ser produzido apenas em modelos masculinos. “De repente, a pessoa não pensa que tem uma mulher no grupo”. Mas a presença delas começa a evidenciar aspectos femininos que ficaram esquecidos em um meio todo construído para o mundo masculino. “Em algum momento, a gente tem de se adaptar. O próprio atleta, as comissões e diretorias começam a ver a mulher de forma diferente.” Para Mirtes, as atuais profissionais do gênero feminino no futebol nacional quebram essas barreiras com profissionalismo e dedicação. “Eu sei da minha importância para que as mulheres continuem no esporte”, afirma.

São 27 anos dedicados à nutrição para a performance no futebol. Dois deles no Palmeiras, onde Mirtes levou uma metodologia que englobava gerar mais compreensão aos jogadores para que o trabalho fizesse mais sentido e, consequentemente, alcançar os objetivos traçados.

Na avaliação dela, o cargo que ocupa não tem relação a gênero, mas ao trabalho estar direcionado às metas traçadas pelo time. “Sinto-me muito bem exatamente por ser aceita pelas minhas competências e experiências e pelo meu comportamento dentro do clube. É isso que faz eu compor a comissão técnica”. O trio feminino da equipe palmeirense ainda conta com Elaine Francelino de Souza, técnica em nutrição, e Gisele Silva, psicóloga.

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Número de mulheres na comissão técnica do Palmeiras, que tem 33 profissionais. Do outro lado, todos os colaboradores de Renato Gaúcho no Grêmio são homens.

“Sinto-me muito bem exatamente por ser aceita pelas minhas competências e experiências e pelo meu comportamento dentro do clube. É isso que faz eu compor a comissão técnica”
Mirtes Stancanelli, nutricionista do Palmeiras


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Grêmio busca hexa na força da base

 (crédito: Lucas Uebel/Gremio FBPA)
crédito: Lucas Uebel/Gremio FBPA

Preparando-se para jogar a nona final em 27 participações na Copa do Brasil, o Grêmio tentará a virada contra o Palmeiras amparado na força das categorias de base. Grande revelador de talentos, o clube gaúcho colheu benefícios técnicos e financeiros com os talentos caseiros. No campo, eles foram fundamentais para a conquista de títulos recentes. Fora deles, renderam lucro ao clube com vendas milionárias.

O clube gaúcho conseguiu de 2016 para cá ganhar uma Copa do Brasil e uma Libertadores liderado por jogadores pratas da casa. Luan, Pedro Rocha, Arthur, Everton Cebolinha e Walace foram alguns dos protagonistas nesses torneios e até chegaram à seleção brasileira. A formação de todos foi fruto de um projeto criado em 2013 no Grêmio para reorganizar as categorias de base. Desde então, a diretoria estima ter recebido mais de R$ 700 milhões em vendas de atletas da base.

Criador do projeto, o ex-coordenador da base do clube Júnior Chávare afirmou que o segredo da formação do Grêmio está em trabalhar de maneira específica cada posição. “É um projeto em que se trabalha as valências técnicas, táticas, físicas, emocionais e nutricionais pela sua respectiva posição. Depois, esse trabalho é aplicado de forma a integrar esse indivíduo no grupo”, disse.

Um grande apoiador desse trabalho é o técnico Renato Gaúcho. No clube há mais de quatro anos, ele foi o responsável por integrar grande parte desses atletas revelados na base e fazer o Grêmio sair de um longo jejum. Antes de ganhar a Copa do Brasil de 2016, o Grêmio acumulava 15 anos sem conquistas importantes. De lá para cá, o time voltou a ser uma potência.

A equipe que tentará vencer o Palmeiras no Allianz Parque tem mais uma dessas revelações da base. O atacante Pepê está vendido ao Porto, de Portugal, por R$ 98 milhões. O jogador deixará o time em junho. A maior venda recente foi a de Éverton Cebolinha. No ano passado o Benfica pagou mais de R$ 100 milhões pelo atleta. O atacante é presença certa nas convocações da seleção brasileira juntamente com outro gremista de sucesso na Europa. O meia Arthur passou pelo Barcelona e, agora, está na Juventus.

A captação de talentos é outro destaque do trabalho do Grêmio. O clube gaúcho descobriu Everton Cebolinha na base do Fortaleza, trouxe Arthur do Goiás e contratou para a base o volante Walace após vê-lo em ação pelo Avaí. Destaque do time atual, o atacante Pepê chegou ao time após ter feito somente 12 partidas pelo Foz do Iguaçu.

“É um projeto em que se trabalha as valências técnicas, táticas, físicas, emocionais e nutricionais pela sua respectiva posição. Depois, esse trabalho é aplicado de forma a integrar esse indivíduo no grupo”
Júnior Chávare, coordenador da base do Grêmio


A caminho da presidência

 (crédito: Cesar Greco/Palmeiras)
crédito: Cesar Greco/Palmeiras

Se Leila Pereira seguisse a cabeça do pai, hoje seria dona de casa e cercada por muitos filhos em Cabo Frio (RJ). Nenhum problema se fosse esse o desejo dela. Mas a única menina entre os irmãos criados para serem médicos queria fazer faculdade e trabalhar. Apoiada pela mãe, foi estudar no Rio ainda adolescente para, mais tarde, se transformar em uma empresária renomada. Hoje, é presidente da Crefisa, patrocinadora máster do Palmeiras desde 2015. Na última semana, Leila foi reeleita conselheira do campeão da Libertadores até 2025 e é cotada para a eleição presidencial do clube, em novembro.

“Meu pai não queria que eu saísse de Cabo Frio, porque sou filha única. Ele queria que eu ficasse, casasse, tivesse filhos e fosse dona de casa”, contou Leila, em entrevista ao Uol. “Minha mãe nunca trabalhou, é dona de casa. Eu não tive em quem me espelhar. Eu sempre soube que minha vida não estaria restrita a Cabo Frio. Eu sempre quis mais”, completa a empresária, orgulhosa das conquistas, desde a escolha por cursar jornalismo até os caminhos que segue abrindo no mercado financeiro e no futebol.

Dos 76 representantes do Conselho Deliberativo, três são mulheres. Além de Leila Pereira, Ilse Particelli Martins e Lucile Cezar Fanti Correa. A empresária que diz ter começado a se relacionar com o Verdão por causa do marido, hoje, é liderança política do time. Na linha de frente ou não, o esforço dela é colaborar com o desempenho da equipe para ter a possibilidade de levantar três taças ao fim da temporada — Campeonato Paulista, Libertadores e, possivelmente, a Copa do Brasil. (MN)


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