Mesmo diante da possibilidade de se isolar como o maior vencedor da história da Fórmula 1, o heptacampeão Lewis Hamilton desmentiu rumores sobre uma possível aposentadoria no fim deste ano. Aos 36 anos, o piloto britânico está longe de dar-se por satisfeito. Se os resultados nas pistas o tornam incostestável como piloto, o primeiro negro a disputar a principal categoria do automobilismo mundial mostrou empolgação com as muitas novidades da temporada que começa hoje, com os treinos livres para o GP do Barein, no domingo. Além disso, parece cada vez mais engajado em marcar uma era, também, com avanços sociais em uma das modalidades mais elitizadas do esporte.
“Não sinto que eu esteja no fim de carreira. Esta será a temporada mais legal até agora. Temos novas equipes, novos formatos, e os rivais estão próximos da Mercedes”, disse Hamilton, ontem, em coletiva para o GP do Bahrein.
A largada da temporada será dada hoje, com o primeiro treino livre, às 8h30. A classificação ocorre amanhã, às 12h, e a corrida, domingo, às 12h.
Além da dança de cadeiras entre as equipes e das alterações técnicas e esportivas, a transmissão da F-1 no Brasil está de casa nova. A Band retomará a exibição da categoria após 40 anos de domínio e exclusividade da Globo.
De contrato renovado com a Mercedes, Hamilton é o favorito a manter a hegemonia da escuderia alemã e ampliar a coleção de recordes pessoais. Ele pode chegar ao oitavo título e ultrapassar o número de conquistas do alemão Michael Schumacher.
A Mercedes, porém, sofreu alguns problemas na pré-temporada e foi a que completou menos voltas antes do começo do GP de abertura. “Atualmente, não somos os mais velozes. E como vamos trabalhar juntos, como vamos nos unir para chegar aonde queremos? Eu adoro esse desafio”, pontua Hamilton.
A briga fora das pistas promete ser tão ferrenha quanto pelo pódio. Em um ano atípico devido às adaptações à pandemia de covid-19, Hamilton inseriu de vez o debate racial na Fórmula 1. O maior piloto da atualidade liderou os protestos contra o racismo na categoria em 2020, ao ajoelhar-se durante a cerimônia pré-prova, reproduzindo o protesto do jogador de futebol americano Colin Kaepernick, em 2017, durante a execução do Hino dos EUA antes de jogos da NFL. “Foi importante me ajoelhar e mostrar às comunidades pretas ao redor do mundo que estou com elas”, explicou o piloto da Mercedes.
Apesar de classificar o ano passado como “pesado”, Lewis Hamilton promete seguir se manifestando. “Vou continuar me ajoelhando. Pessoas mais novas perguntarão aos pais ou aos professores o motivo disso. É um assunto que deixa as pessoas desconfortáveis, mas que os pais vão explicar”, completou. O ato voltou a ganhar visibilidade nas competições esportivas após o assassinato de George Floyd, com manifestações norte-americanas contra a violência policial que atinge, principalmente, a população negra. Na Fórmula 1, o britânico foi acompanhado pela maioria dos pilotos.
“Não posso ignorar que o ano passado foi pesado para mim. Vou ficando mais velho, aprendendo mais, e todos nós passamos por fase de aprendizado. Senti-me empoderado por não ficar em silêncio”, completou Hamilton.
O piloto criticou a postura da Igreja Católica após a instituição afirmar que não pode abençoar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O piloto se solidarizou com o compositor Elton John e a comunidade LGBTQ+. “Isso é inaceitável, principalmente nos dias atuais. Ninguém pode ser vítima de preconceito ou discriminação por amar alguém, especialmente em nome de Deus, que sempre pregou a igualdade”, postou nas redes sociais.
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País se apega a Fittipaldi
O Brasil terá mais uma temporada sem representantes titulares na F-1, como acontece desde 2018. A esperança fica por conta dos pilotos reservas, assim como ocorreu com Pietro Fittipaldi no ano passado. O neto do bicampeão mundial Emerson Fittipaldi fez as duas primeiras corridas da carreira na F-1 nos GPs de Sakhir e Abu Dhabi, quando substituiu Romain Grosjean enquanto o francês se recuperava do acidente sofrido no GP do Barein. Com o carro mais fraco, terminou na 17ª e 19ª colocações, respectivamente. Aos 24 anos, Pietro renovou contrato com a Haas como piloto reserva da dupla composta por Mick Schumacher e Nikita Mazepin.
Outro jovem brasileiro que vem flertando com a F1 é Sérgio Sette Câmara, 22. De 2016 a 2020, ele teve passagens como piloto reserva e de teste na McLaren e na AlphaTauri, antiga Toro Rosso, da Red Bull. Neste ano, porém, o mineiro não renovou contrato com nenhuma escuderia da categoria e estreará a primeira temporada completa na Fórmula E, categoria 100% elétrica, pela equipe Dragon Penske.
Ao longo da temporada, entretanto, o Brasil contará com pilotos nas categorias de base da F-1. Felipe Drugovich e Gianluca Petecof disputam a Fórmula 2, Caio Collet está na F-3 e Bruna Tomaselli, na W Series.
10 novidades para 2021
Tempo menor de treinos
Os três treinos livres passam a durar 1 hora. Antes os dois tinham 1h30, cada.
Limite de gastos
O teto orçamentário passa a ser US$ 145 milhões em 2021, com reduções para US$ 140 mi em 2022 e US$ 135 mi em 2023.
Mudanças nos assoalhos
Carros perderam "abas" aerodinâmicas dos assoalhos, ocupando uma área externa menor, o que reduz a eficiência aerodinâmica e exige mais dos pilotos.
Carros mais pesados
O peso mínimo dos carros sem combustível subiu de 746 kg para 752 kg e dos motores mudou de 145 kg para 150 kg de 2020 para 2021.
Regras para evitar plágio
A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) endureceu as regras sobre cópias de peças e acordos para a negociação de propriedade intelectual entre as escuderias.
Transmissão de casa nova
A Band assumiu a transmissão da F1 após 40 anos de exibição da Globo. O time de profissionais da nova dona dos direitos é composto por ex-integrantes da emissora carioca.
A volta do bicampeão Alonso
O espanhol Fernando Alonso está de volta à Fórmula 1 aos 39 anos. Longe da categoria desde 2018, o bicampeão, em 2005 e 2006, defenderá a Renault (agora Alpine)
Leva de novatos
São três estreantes: o alemão Mick Schumacher, filho do heptacampeão Michael, e o russo Nikita Mazepin, ambos pela Haas. E o japonês Yuki Tsunoda, da Alpha Tauri.
McLaren e Mercedes juntas
Em 2021, a McLaren reeditou a parceria com a Mercedes, que rendeu 230 pódios entre 1995 e 2014 e o título de pilotos de Lewis Hamilton em 2008.
Novas cidades no circuito
A F1 terá a estreia dos GPs da Holanda, em Zandvoort, e da Árabia Saudita, em Jidá, além do retorno das pistas de Ímola, na Itália, e de Portimão, em Portugal, incluídos em 2020 devido à pandemia.