CARIOCA

Triunfo da aplicação

Vasco cumpre estratégia à risca, neutraliza ações ofensivas do Flamengo e volta a derrotar o maior rival no Clássico dos Milhões após quase cinco anos de seca. Sem Arrascaeta, rubro-negro esbanjou desorganização em campo

Danilo Queiroz
postado em 15/04/2021 22:44

Após quase cinco anos de seca, o Vasco voltou a vencer o Flamengo. E a quebra da escrita que vigorava desde 24 abril de 2016 foi com autoridade. Ontem, no Maracanã, o Vasco cumpriu à risca a estratégia traçada para o Clássico dos Milhões. Aproveitando-se da desorganização do rival, o cruzmaltino foi fatal quando teve oportunidades concretas de balançar as redes e venceu, por 3 x 1. O resultado deu fim à maior série invicta do rubro-negro sem derrotas no confronto: 17 jogos.

Sem Arrascaeta, Rogério Ceni modificou bastante a estrutura do Flamengo e mudou diversos jogadores de posição. A medida não deu certo, foi refeita várias vezes durante os 90 minutos, mas não impediu o time rubro-negro de esbarrar em um Vasco recheado de aplicação tática. Ao abrir o placar cedo, o cruzmaltino teve tranquilidade para não sofrer pressão. A entrega dos jogadores foi recompensada com a efetividade nas finalizações.

Aos 3, o rubro-negro ameaçou com Bruno Henrique, de cabeça. Dois minutos depois, quando foi ao ataque, o Vasco foi fatal. Zeca cobrou escanteio na cabeça de Léo Matos. O zagueiro cabeceou com força e colocou na rede. Com a vantagem, o cruzmaltino se fechou à espera de um contra-ataque. Com a bola, o Flamengo rondava a área do rival, mas não conseguia a infiltração. Somente aos 25 a trama teve sucesso. Gabi recebeu de Everton Ribeiro. A finalização cruzada, porém, foi para fora.

A inofensividade rubro-negra foi punida aos 27. Morato deu bom passe entre a zaga do Flamengo e achou Cano. O camisa 14 finalizou com categoria para ampliar. Encaixotado e sem organização tática, o Fla era alvo fácil para a defesa vascaína. As tentativas eram, basicamente, de fora da área. Aos 37, Lucão encaixou tentativa de Gerson. Com 44, Bruno Henrique mandou por baixo e o goleiro cruzmaltino defendeu bem.

Modificado no segundo tempo, o Flamengo seguiu mordendo. No primeiro minuto, Gerson finalizou cruzado e Lucão pegou. Aos 4, Vitinho tentou da mesma maneira e carimbou o pé da trave. Cinco minutos depois, o goleiro do Vasco apareceu novamente. Everton Ribeiro emendou escanteio de primeiro e o arqueiro espalmou. O camisa 28 estava intransponível. Com 15, ele pegou cabeçada à queima-roupa de Bruno Henrique na pequena área. Enquanto o rubro-negro pressionava, o Vasco se fechava por um contra-ataque.

Aos 28, mais Flamengo. Sem espaço para infiltrar, Gerson ajeitou para a perna esquerda e chutou com perigo rente ao travessão. De tanto errar, o rubro-negro foi novamente castigado. Em velocidade, Morato recebeu de Galarza, bateu no contra-pé de Diego Alves e comemorou a lá Edmundo no Brasileirão de 1997, gingando o corpo enquanto balançava os braços. Perdido em campo, o time de Rogério Ceni seguiu com a bola, mas, na ausência de inspiração, diminuiu somente aos 48 com Vitinho finalizando após bate e rebate.

Autor do primeiro gol vascaíno, o zagueiro Léo Matos vibrou pela disciplina cruzmaltina na partida. “A estratégia foi perfeita. Às vezes, temos que adotar essa postura. Logicamente que preferimos ter a bola, fazer jogo de imposição, posicional. Mas certas partidas não é permitido. O que a gente se propôs a fazer foi isso. Defender bem, bloco baixo e tentar sair no contra-ataque. Marcamos um gol de bola parada que facilitou um pouco”, resumiu. Com os três pontos, o Vasco subiu para o quinto lugar. O Flamengo segue em segundo.

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Imbróglio entre Fla e Arrascaeta

No clássico com o Vasco, uma ausência chamou a atenção da torcida do Flamengo. Destaque na conquista da Supercopa do Brasil, Arrascaeta estava relacionado para o jogo, mas foi cortado quatro horas antes de a bola rolar. Ao anunciar o desfalque, o clube rubro-negro alegou uma entorse no tornozelo direito para justificar a ausência do uruguaio. Porém, um incômodo do atleta e seu staff por uma divergência contratual que se arrasta desde o fim de 2020 também motivou o repentino afastamento.

Daniel Fonseca, empresário do uruguaio, considera que o clube não cumpriu acordo de renovação com compra de 12,5% dos direitos econômicos que pertencem ao Defensor Sporting e cobra uma resposta. A alegação é de que a ação teria sido uma promessa do departamento de futebol. Arrascaeta tem contrato até 2023 e foi um dos poucos a não receber valorização entre os astros do time.

Mesmo considerando a compra do percentual um investimento pelo desempenho do uruguaio, o clube alega restrições financeiras causadas pela pandemia e se respalda em cláusula contratual que exigia 4 mil minutos em campo por temporada para executar a ação. Arrascaeta ficou abaixo da meta nos dois anos de Flamengo. O clube deve buscar um entendimento nos próximos dias. Atenuante, o corte contra o Vasco tem dois objetivos: deixar o camisa 14 com condições físicas de encarar o Vélez Sarsfield na estreia da Libertadores, na terça-feira, e acalmar a guerra fria nos bastidores.

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