Com altas menos intensas no preço da gasolina, a prévia da inflação oficial brasileira desacelerou para 0,60% em abril. O resultado, no entanto, elevou a inflação acumulada em 12 meses para 6,17%, bem acima da meta deste ano, que é de 3,75%. Segundo analistas, isso reforça a expectativa de nova alta da taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para a próxima semana.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que havia chegado a 0,93% em março, teve alta mais branda neste mês por conta das reduções no preço da gasolina, anunciadas nas últimas semanas pela Petrobras.
O alívio, no entanto, ainda não chegou ao bolso do consumidor de Brasília, pois a capital federal teve o recebimento da gasolina interrompido há cerca de 15 dias por problemas em um duto da Petrobras. Em Brasília, por isso, a inflação seguiu em alta e marcou 0,98% no IPCA-15, o maior resultado do país, segundo o IBGE.
Coordenador do Índice de Preços da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz observou que, mesmo quem não mora em Brasília não tem o que celebrar na inflação. “A gasolina subiu mais de 10% em março e depois perdeu força. Porém outras coisas apareceram mais no IPCA-15, como a alimentação. Além disso, preços administrados, como energia e transportes públicos, tiveram aumentos em algumas cidades e vão pressionar a inflação”, explicou.
Alimentos
Depois de cair 0,03% em março, a alimentação no domicílio subiu 0,19% em abril, segundo o IPCA-15. O gás de cozinha também ficou 2,49% mais caro e acumula alta de 20,22% nos últimos 12 meses. Mesmo a gasolina continua pesando no bolso. É que o combustível havia subido 11,63% em março, e ainda avançou 5,49% em abril, mesmo com as reduções anunciadas pela Petrobras.
Com todas essas fontes de pressão, a inflação acumulada em 12 meses disparou de 5,52%, no mês passado, em março, para 6,17% em abril. O indicador está acima do centro da meta de inflação deste ano, que é de 3,75%, e também supera e muito o teto da meta, que é de 5,25%. E, de acordo com especialistas, ainda vai subir nos próximos meses. Por isso, o mercado projeta novas altas da Selic.
Em março, o Copom elevou a taxa básica de juros de 2% para 2,75% ao ano e projetou um novo ajuste de 0,75 ponto percentual para a reunião que ocorre na terça e na quarta-feira da próxima semana. “O resultado não deve alterar o plano de voo do Banco Central. Os desafios no front inflacionário seguem os mesmos: apesar do alívio no câmbio, continuamos a ver seguidas altas das commodities no exterior e revisões para cima nas expectativas de inflação, ainda majoritariamente centradas em 2021”, comentou o economista chefe do Banco Original, Marco Caruso.
“O IPCA-15 mostra que a inflação está em um patamar elevado. O Banco Central precisa atuar para mitigar os efeitos do choque de câmbio e das commodities nos preços”, explicou o economista-chefe da Nova Futura, Pedro Paulo Silveira.
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