Supercopa

Talentos da final sub-20 entre Fla e Palmeiras se reencontram na Supercopa

Crias da base de Flamengo e Palmeiras ganham espaço em elencos milionários e voltam a se enfrentar 16 meses após decidirem o Brasileirão Sub-20

Em dezembro de 2019, Flamengo e Palmeiras estiveram frente a frente para decidir o Campeonato Brasileiro Sub-20. Naquela ocasião, os rubro-negros levaram a melhor ao vencer no agregado de duas partidas, por 3 x 1. Dezesseis meses depois, cariocas e paulistas colhem os frutos plantados nas categorias de base. Marcada para domingo, às 11h, no Mané Garrincha, a final da Supercopa do Brasil deverá promover o reencontro de vários atletas e pode colocar à prova revelações que buscam se firmar de vez nas equipes profissionais.

No Brasileirão sub-20, o goleiro Hugo Souza, os laterais Ramon e Matheuzinho, e os atacantes Rodrigo Muniz e Lázaro davam os últimos passos rumo ao profissional do Flamengo. Do lado alviverde, os volantes Patrick de Paula e Danilo, o lateral Gabriel Menino e o atacante Gabriel Silva ganharam espaço no Palmeiras. Todos vêm sendo relacionados constantemente nas últimas partidas e podem ganhar mais uma oportunidade de mostrar serviço para os respectivos técnicos, Rogério Ceni e Abel Ferreira.

Os alviverdes se firmaram mesmo com o pouco tempo entre os profissionais e tiveram participação decisiva em momentos importantes. Na final do Campeonato Paulista, ainda sob o comando de Vanderlei Luxemburgo, Patrick de Paula, 21 anos, mostrou personalidade e cobrou o pênalti que confirmou a conquista do título sobre o Corinthians. A estrela decisiva de Gabriel Menino brilhou na Copa do Brasil. Acionado no segundo tempo, o lateral de 20 anos marcou o primeiro gol alviverde na vitória por 2 x 0 sobre o Grêmio no jogo da taça. A conquista dessa competição, inclusive, credenciou os paulistas para a disputa da Supercopa.

A ascensão das Crias da Academia teve outro capítulo fundamental em uma das partidas mais emblemáticas da temporada alviverde. Menino, Patrick e Danilo formaram o meio de campo do Palmeiras durante a vitória por 3 x 0 sobre o River Plate, na Argentina, pelas semifinais da Libertadores. A partida clareou o caminho para o título, confirmado na fase seguinte contra o Santos, no Maracanã. Na decisão, mais uma prova de confiança: o trio novamente iniciou o duelo entre os titulares no triunfo por 1 x 0 sobre o Peixe.

A inclusão dos rubro-negros tem sido gradual. Dos quatro nomes da final do Brasileirão sub-20 com espaço no elenco principal, apenas o goleiro Hugo Souza teve sequência. Após estrear na fogueira e se destacar justamente em uma partida contra o Palmeiras — na ocasião, o Flamengo enfrentava um surto de covid-19 com 16 casos —, o arqueiro foi o único a pular etapas. Com seguidas lesões de Diego Alves, o camisa 45 assumiu a meta rubro-negra e, ora por acertos, ora por erros, foi destaque na conquista carioca do bi brasileiro. A promessa de 22 anos atuou em 23 partidas da campanha.

O jogo do Brasileirão contra o Palmeiras também foi um importante para Lázaro, de 19 anos, e Ramon, de 20. Ambos atuaram como titulares pela primeira vez contra o alviverde. Matheuzinho, 20, era um dos infectados por covid-19 na ocasião. Para o atacante Rodrigo Muniz, 19, o espaço veio, principalmente, em 2021. Com a ausência dos titulares nas rodadas iniciais do Carioca, o camisa 43 aproveitou a brecha, ganhou espaço e foi o único a ser utilizado — como titular ou reserva — nas oito partidas do time no ano. O centroavante é, ainda, o artilheiro rubro-negro no Estadual com cinco gols.

Jovens expoentes rubro-negros e alviverdes, Hugo Souza e Gabriel Menino chamaram a atenção do técnico Tite e acumulam convocações para a Seleção Brasileira. Com idade olímpica, os dois teriam condições, inclusive, de integrarem o time que disputará os Jogos Olímpicos de Tóquio, entre julho e agosto.

O desafio dos meninos rubro-negros e alviverde, agora, é um torneio de gente grande. No reencontro em Brasília, na decisão da Supercopa do Brasil, a missão das promessas de Flamengo e Palmeiras é demostrar, de fato, que o processo de amadurecimento profissional está avançado. No caminho de cumpri-lo, uma boa atuação na primeira disputa de título nacional da temporada de 2021 pode servir de trunfo na meta de provar valor e gerar ainda mais espaço e oportunidades em meio aos elencos de dois dos mais afortunados clubes do futebol brasileiro.

 

Fabio Menotti/Palmeiras - Gabriel Menino era titular na decisão do Brasileirão Sub-20 contra o Fla
Sebastiao Moreira/ AFP / POOL - Gabriel Menino comemora gol pela Libertadores no Allianz Parque, estádio do Palmeiras, em dezembro de 2020

Jovens com espaço

A presença de revelações entre os relacionados de Flamengo e Palmeiras comprova que os times, protagonistas na disputa de títulos e no poderio financeiro no futebol brasileiro nas últimas cinco temporadas, ainda olham com carinho para as promessas formadas no Ninho do Urubu e da Academia de Futebol. Mesmo em meio a investimentos milionários, cariocas e paulistas mantêm espaço para jovens.

Mesmo quando fortaleceu os investimentos no departamento de futebol, o Flamengo sustentou a política de incluir em seus elencos atletas caseiros. Quando Diego e Everton Ribeiro chegaram ao clube, em 2016 e 2017, respectivamente, ambos tiveram a companhia de nomes como Felipe Vizeu, Vinícius Jr. e Lucas Paquetá. Em 2019, Gabriel Barbosa e Bruno Henrique foram contratados como protagonistas, enquanto o brasiliense Reinier dava os primeiros passos no profissional.

O clube, inclusive, lucrou bastante com as revelações. Com as vendas de 13 atletas formados no Ninho do Urubu em cinco anos, os cariocas lucraram mais de R$ 600 milhões. No Palmeiras, o processo de incorporação de jovens em meio as grandes contratações foi mais lento. Após colher os frutos do sucesso do atacante Gabriel Jesus esportivamente e financeiramente, o alviverde fortaleceu o status de importador.

O cenário mudou drasticamente na última temporada, quando 13 jogadores estrearam entre os profissionais. Neste ano, o alviverde reforçou a postura. Na partida contra o São Bento, em 24 de março, o auxiliar técnico João Martins relacionou 19 jogadores formados na base. O clube crê, inclusive, que pode arrecadar até R$ 700 milhões apenas com a venda de diamantes. (DQ)