GINÁSTICA ACROBÁTICA Projeto social e de alto rendimento do Distrito Federal representará o Brasil no Mundial de Ginástica Acrobática de Genebra, na Suíça. Além de cinco competidoras, Akros terá uma árbitra ex-atleta da equipe

Virou minha cabeça e o coração

Projeto social e de alto rendimento do Distrito Federal representará o Brasil no Mundial de Ginástica Acrobática de Genebra, na Suíça. Além de cinco competidoras, Akros terá uma árbitra ex-atleta da equipe

Em 2008, a treinadora Márcia Colognese mudou-se de São Paulo para Brasília e trouxe com ela 25 anos de experiência na ginástica acrobática. Na capital, fundou a Associação de Ginástica Acrobática do Distrito Federal (Akros-DF) com 10 meninas. Desde então, o grupo cresceu, acumulou medalhas e as histórias se desenrolam como em ciclos. Sarah Yoshida Arns, por exemplo, começou no esporte aos 13 anos e, aos 17, disputou o Campeonato Mundial da modalidade, em Levallois-Perret, na França, em 2014. Uma referência para cinco jovens ginastas do projeto que garantiram vaga no Mundial de Genebra, na Suíça, de 20 a 30 de junho.


Referência para as brasilienses de 12 a 18 anos da Seleção Brasileira no próximo mundial pela trajetória sobre o tablado, Sarah também serve como exemplo pelos laços que manteve com a ginástica acrobática após deixar as competições. Aos 24 anos, a quase profissional de educação física — forma-se em maio — retribui os ensinamentos sendo estagiária voluntária na Akros, projeto sem fins lucrativos que alia atenção social ao alto rendimento. “Eu fico pensando como é legal eu ter competido, representado o meu país internacionalmente e, agora, estar preparando novas atletas. Um dia, estava como aprendiz, e hoje estou como professora, passando o aprendizado”, orgulha-se.
O melhor é que a torcida pelas pupilas durante a competição, na Suíça, não precisará ser a distância. Sarah também foi escalada pela Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) para representar o Brasil no Mundial, mas, desta vez, como árbitra internacional. “Depois que parei de competir, eu decidi passar por todos os estágios ligados à modalidade”, conta Sarah. Ela trabalhou como voluntária nos Mundiais da China, em 2016, e da Bélgica, em 2018. E, logo depois, fez o curso de arbitragem internacional. “Segui buscando estar sempre presente no esporte”, explica.


Diante das dificuldades de treinamento impostas pela pandemia da covid-19, a Seleção será inteiramente composta por representantes de Brasília. Além da árbitra e da treinadora, a cidade candanga contará com as ginastas Mayanna Mariana de Morais Magno, 16 anos, e Bruna Borges de Menezes, 14, compondo a dupla feminina; além de Ana Júlia Franceschin Lopes Silveira, 15, Beatriz Christina Galvão Wosiach, 12, e Isadora dos Santos Silva, 18, no trio. As atletas foram aprovadas na seletiva realizada por vídeo, por causa da pandemia, em fevereiro.

Perrengues

Os desafios para chegar na data da apresentação classificatória com a coreografia e a técnica afiadas foram muitos. A equipe comandada por Márcia Colognese manteve os treinamentos on-line de março a novembro de 2020. Na volta à preparação presencial, além das adaptações às máscaras, ao distanciamento social e ao álcool em gel, as ginastas precisaram adaptar o local dos treinamentos. Antes, a equipe usava o Complexo Poliesportivo Ayrton Senna, entre o Ginásio Nilson Nelson e o Estádio Mané Garrincha. Com a terceirização do complexo esportivo, a Akros precisou providenciar outro lugar.


O pai de uma das atletas conseguiu a disponibilização do ginásio do Clube Aseel, no Setor de Clubes Sul. Porém, o local não conta com o tablado propício à prática da ginástica acrobática. O jeito foi improvisar um colchão. “Prejudica bastante a preparação das ginastas, porque gera risco de entorse e outras lesões às ginastas, ao mesmo tempo que, sem o colchão, não é possível preparar toda a rotina de competição”, lamenta a treinadora. Os obstáculos aumentam as preocupações de Márcia, mas não desanimam. É assim que ela segue formando gerações de campeãs.