Como ex-líder do ranking mundial pode alavancar o ciclismo no Brasil

Um dos favoritos ao ouro na prova de mountain bike dos Jogos Olímpicos de Tóquio, Henrique Avancini ganha patrocínio de peso de banco, que promete impulsionar modalidade no Brasil

Maíra Nunes
postado em 25/05/2021 12:24
O brasileiro Henrique Avancini foi líder do ranking mundial de mountain bike em outubro de 2020 -  (crédito: Fábio Piva / pivaphoto.com)
O brasileiro Henrique Avancini foi líder do ranking mundial de mountain bike em outubro de 2020 - (crédito: Fábio Piva / pivaphoto.com)

Nada como um esportista de peso para alavancar uma modalidade no país, certo? Quando surge uma Daiane dos Santos na ginástica artística ou um Guga no tênis certamente a visibilidade do esporte aumenta. Henrique Avancini é um desses atletas que já marcou o nome na história e vive momento espetacular na carreira. Ex-líder do ranking mundial de mountain bike, o carioca de 32 anos é um dos favoritos ao ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Ele passou a contar com apoio de peso, que promete estender o incentivo ao ciclismo brasileiro.


Henrique Avancini fechou apoio com o banco Santander na segunda-feira (24/5) para ser representante da marca na estratégia da impulsionar o ciclismo no Brasil após um ano que registrou um aumento de 50% das vendas de bicicleta no país se comparado com 2019, segundo a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike). O mercado de mountain bike, especialidade de Avancini, representa 85% das vendas.


Entre as ações do banco que visam multiplicar talentos e ciclistas profissionais, estão o patrocínio à exibição de provas nacionais e internacionais, uma linha de financiamento exclusiva para a compra de bicicletas e peças e uma mudança de paradigma no mercado de seguros. O banco estendeu aos ciclistas amadores ou profissionais a cobertura das apólices de vida e acidentes pessoais e incluiu casos de roubo ou furto qualificado de bikes nos planos de seguro residencial.


“Esse boom do ciclismo no Brasil ainda não foi acompanhado por um aumento da estrutura, do apoio ou de visibilidade para quem vive do esporte, ou quer levar mais a sério os treinos”, comenta Avancini. O ciclismo é um esporte que demanda um alto investimento financeiro com equipamento. “Quando um banco oferece serviços como um seguro para acidentes ou crédito para a compra de bikes competitivas, acredito que podemos levar o ciclismo para um outro patamar”, completa o atleta.


Outra preocupação é amplificar o impacto e o conhecimento da modalidade no país. Para isso, o Santander aposta em transmissões de TV. Uma delas será o Grand Tour de ciclismo de estrada, por meio dos canais ESPN. O circuito conta com as principais provas do esporte no mundo, como o Tour de France e o Giro D’Italia. No canal Bandsports, o banco vai veicular anúncios nas exibições do MTB Festival, a mais importante competição de mountain bike do Brasil.


Avancini tomou gosto pela bicicleta ainda na infância e tinha dentro de casa um amante do esporte. O pai também foi ciclista e tinha uma oficina de bicicleta. Foi ele quem construiu a primeira bicicleta para o filho, a partir de sucatas. Enquanto Avancini lidava com o esporte como um hobbie estava tudo bem. As preocupações na família começaram a surgir quando a paixão foi ganhando perspectivas profissionais. “Sempre contei muito com o incentivo do meu pai no apoio da minha paixão, mas em relação a apoiar isso como um trabalho ou fonte de renda, sempre foi difícil para todos nós”, conta o atleta.


Ainda assim, optou por trancar a faculdade de direito para se dedicar exclusivamente ao mountain bike, mesmo consciente que na época dessa decisão o ciclismo não era desenvolvido suficientemente. Após o longo e incerto processo que vem trilhando como ciclista profissional, que inclui altos e baixos, Avancini orgulha-se do estágio onde ele e a modalidade chegaram: “Essa é a grande realização da minha carreira, enxergar hoje o esporte que amo tanto crescendo e ver também minha carreira crescer de forma proporcional”.

 

Três perguntas para Henrique Avancini

 

Você venceu a Internazionali d'Italia, onde bateu o atual campeão olímpico. Como tem lidado com a expectativa de conquistar uma medalha nos Jogos de Tóquio?

Os jogos olímpicos sempre vêm carregados de uma expectativa externa enorme. As pessoas esperam pelo melhor resultado possível, mas é importante entender que na cabeça do atleta essa expectativa é algo anterior, que vem de forma permanente. O processo olímpico é longo e é importante competir em alto nível durante todo o período e competições que antecedem. Mas as Olimpíadas são diferentes, existe uma carga maior de análise mais detalhada do público e da mídia, um acompanhamento mais próximo. Tudo isso pode trazer coisas positivas e negativas, o importante é o atleta saber gerar isso para que traga motivação.


Além do suíço Nino Schurter, atual campeão olímpico, quais são os seus principais adversários na disputa da medalha de ouro nos Jogos de Tóquio?

O Nino Shurter é o atual campeão olímpico e mais experiente, é um dos maiores da história da modalidade. Além dele, temos uma geração de atletas um pouco mais jovem. O Mathieu van der Poel é o favorito da mídia; o inglês Tom Pidcock é um talento jovem e muito capaz; temos também os franceses Victor Coretszky e o Jordan Sarrou, que é o atual campeão mundial. Diria que esses são os nomes que prometem chamar atenção nos Jogos Olímpicos de Tóquio e que podem estar no pódio.


Devido às restrições de viagens por causa da pandemia da Covid-19, você deixou de competir em etapas internacionais. Como foi a preparação para os Jogos Olímpicos?

Esse começo de temporada foi mesmo um período difícil para mim. Principalmente porque demoramos muito a traçar um plano de preparação, tentamos viajar e fazer algumas competições e sempre tivemos que alterar esse planejamento. Isso acabou quebrando qualquer estratégia e fiquei com a pré-temporada comprometida. Mas agora me vejo em uma situação melhor, ainda num tempo bom para pensar e preparar a segunda parte do ano, que obviamente inclui os jogos olímpicos.

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