Ajoelhou tem que ganhar

Depois do Manifesto de Assunção, no qual aceitou disputar o torneio sob protesto, Brasil estreia com vitória fácil sobre a Venezuela na caça ao deca. Neymar e Gabigol dão liga e dor de cabeça para Tite

Maíra Nunes
postado em 14/06/2021 00:16
 (crédito:             Carlos Vieira/CB/D.A Press                        )
(crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press )

A Copa América envolveu tantas críticas e protestos para acontecer em 2021 que o jogo de abertura, ontem, fez até cair água do céu em Brasília em uma época costumeiramente de seca na capital federal. Mesmo diante dos riscos envolvendo a pandemia, o governo brasileiro aceitou sediar a competição rejeitada por Argentina e Colômbia, a menos de um mês do início. Dentro de campo, a Seleção Brasileira não precisou de muito esforço para fazer chover também gols contra uma Venezuela com sete desfalques diagnosticados com covid-19 e sair com a vitória por 3 x 0.

Com a decisão da Conmebol de retirar o limite de convocações para substituir atletas com covid-19, o técnico português José Piseiro chamou mais 15 atletas na véspera da estreia. Sem tempo hábil para contar com os substitutos, porém, o treinador foi ao jogo contra o Brasil com apenas sete reservas. Alguns venezuelanos residentes em Brasília até apareceram fora da arena para mandar boas vibrações enquanto cerca de 40 manifestantes protestavram contra o presidente Jair Bolsonaro por dar asilo ao torneio continental.

Dentro das quatro linhas, o Brasil consolidou uma defesa segura. Mesmo diante de um adversário desfigurado e enfraquecido devido ao surto de covid, não sofreu gol pela quinta partida consecutiva. Antes, havia passado ileso pela própria Venezuela, Uruguai, Equador e Paraguai, todos válidos pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo do Qatar-2022.

O time titular teve o goleiro Alison, o lateral Renan Lodi e o meia Lucas Paquetá como novidades em relação ao último jogo, na vitórias sobre o Paraguai. Contra a Venezuela, os brasileiros dominaram a partida. Marquinhos abriu o placar aos 22 minutos. Após escanteio, a bola sobrou para o zagueiro do PSG. Ele dominou e finalizou de esquerda para abrir o placar.

No intervalo, os autofalantes do estádio divulgaram uma publicidade da Sinovac. A fabricante doou 50 mil vacinas contra covid-19 à Conmebol para imunizar clubes e seleções. Na prática, porém, a Copa América é um dos produtos de publicidade mais polêmicos relacionados ao tema. Mesmo após o surto do coronavírus na seleção da Venezuela, o palco da abertura da competição contava com poucos locais disponibilizando álcool em gel.

No segundo tempo, o Brasil manteve o domínio. Aos 16, Danilo recebeu, na entrada da área, deu uma meia-lua em cima do Pino Mago e, na sequência, foi derrubado por Cumaná. Pênalti convertido por Neymar, que marcou o quinto gol dele no Mané Garrincha e ficou a 10 gols de igualar Pelé, que marcou 77 vezes com a amarelinha. No fim da partida, o camisa 10 ainda fez linda jogada pela ponta esquerda e levantou na medida para Gabriel Barbosa, de barriga, fechar a conta.

Tabelinha de duas revelações do Santos que tomaram gosto em balançar as redes na arena candanga. Gabigol, que entrou aos 35 minutos do segundo tempo, chegou ao sétimo gol dele em 10 jogos disputados no Mané Garrincha e acirrou a disputa por vaga no setor ofensivo brasileiro.

Sem autoridades

O presidente Jair Bolsonaro decidiu não ir à abertura da Copa América. Depois de se empenhar para que o torneio fosse no Brasil. Bolsonaro postou foto pouco após o início do jogo, com a camisa do Brusque-SC, líder da Série B e patrocinado pelo dono da Havan, Luciano Hang, e escreveu: "Copa América. Boa tarde a todos". O governador do DF, Ibaneis Rocha, também não foi.

“Era importante vencer. Era o nosso trabalho impor o ritmo de jogo. A equipe está de parabéns. Estivemos focados e agressivos no último terço do campo”

Casemiro, capitão da Seleção


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Messi chega na janelinha para a estreia

 (crédito: Alejandro Pagni/AFP)
crédito: Alejandro Pagni/AFP

Lionel Messi está no Brasil mais uma vez para tentar quebrar o jejum da Argentina. O jogador eleito seis vezes melhor do mundo desembarcou ontem, no Rio, para a estreia de hoje na Copa América contra o Chile, às 18h, no Estádio Nilton Santos. A arena, por sinal, é mais uma do país que poderá registrar no museu que o craque do século 21 passou lá uma vez na carreira.

O camisa 10 da Argentina já se exibiu no Mineirão, Beira-Rio, Neo Química Arena, Mané Garrincha, Maracanã, Arena Fonte Nova e Arena do Grêmio. Portanto, o Engenhão é o oitavo estádio do país a estender o tapete vermelho para o craque.

Aos 33 anos, Messi tem a missão de encerrar a abstinência de uma torcida fanática. A seleção principal da Argentina não conquista título desde a Copa América de 1993, no Equador. Na era Messi, o time amargou vices em 2007, 2015 e 2016. Messi, inclusive, perdeu pênalti na decisão da versão centenária do torneio contra o Chile, em 2016, para quem perdeu dois títulos consecutivos.

A Argentina seria uma das anfitriãs da Copa América deste ano em parceria com a Colômbia. No entanto, questões políticas e sanitárias impediram. A AFA obteve a liberação da Conmebol para ficar concentrada no centro de treinamento de Ezeiza e chegar ao Brasil apenas na véspera das partidas. Foi assim ontem, quando desembarcou no Rio.

“É um risco para todos podermos nos contagiar com a covid-19. Nos preocupa, tentamos nos cuidar. Não é fácil. Vamos enfrentar outras seleções, também há risco de contágio. Vamos fazer o possível para que não aconteça, mas muitas vezes não depende de nós. Pode acontecer”, disse o craque na entrevista coletiva.

Sobre a chance de título, Messi avaliou: “Sempre tentamos fazer um grupo forte, competitivo. Temos trabalhado faz tempo com a mesma ideia. Acho que seguimos em formação, mas por um bom caminho”, avaliou.


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