Do adolescente com mechas loiras que chorou inconsolavelmente depois de perder a final em casa para a Grécia em 2004, ao ídolo lesionado, que se transformou em um “treinador de emergência”, que também chorou, desta vez de alegria, após vencer a final de 2016 contra a anfitriã França, Cristiano Ronaldo viveu muitas emoções na Eurocopa.
O capitão de Portugal se tornará o primeiro jogador a disputar cinco edições do torneio europeu de seleções, hoje, às 13h (de Brasília) na estreia, em Budapeste, contra a Hungria, no estádio Ferenc Puskás. O outro duelo do grupo mais forte do torneio será entre França e Alemanha, às 16h, no Allianz Arena, em Munique, casa do Bayern.
Nas quatro competições anteriores, CR7 atingiu o recorde de 21 partidas disputadas (21) e nove gols marcados, se igualando ao francês Michel Platini.
“Sinto-me tão motivado ou mais do que em 2004, no meu primeiro campeonato europeu”, alertou o atacante de 36 anos na quinta-feira, pouco antes de embarcar para a capital húngara.
Em 2004, Portugal organizou a Eurocopa determinado a finalmente conquistar o título com uma equipe de alto nível em que Figo, Rui Costa, Deco e Pauleta brilhavam. A esse grupo se juntava uma promessa de 19 anos que tinha terminado a primeira temporada no Manchester United, após ser revelado no Sporting.
Ronaldo fez sua primeira partida oficial pela seleção portuguesa na estreia do torneio, na derrota por 2 x 1 para a Grécia, na qual marcou o gol de sua equipe de cabeça, após cobrança de escanteio de Figo.
Na final, o anfitrião e a equipe grega voltaram a se enfrentar, e o resultado mais uma vez foi uma derrota que deixou a Geração de Ouro do futebol português com o amargo gosto “do quase” na boca no Estádio da Luz, em Lisboa.
De 2008 a 2012, Porugal testemunhou domínio da vizinha Espanha.Transformado em ídolo mundial, Cristiano Ronaldo sofreu acompanhando o início e o fim do grande ciclo do futebol espanhol, coroado com o título da Copa do Mundo de 2010.
Depois de ter conquistado a primeira de suas cinco Liga dos Campeões como destaque do United, viu Portugal ser eliminado em 2008, na edição que teve como sedes a Áustria e Suíça, nas quartas de final pela Alemanha, que mais tarde seria derrotada pela Espanha na final.
Do vice ao título
Quatro anos depois, já como jogador do Real Madrid, Cristiano Ronaldo levou seu time às semifinais, depois de marcar dois gols (2 x 1) nas quartas de final contra a República Tcheca, para cair em seguida diante do 'tiki-taka' da Espanha de Del Bosque.
Após o empate sem gols no tempo regulamentar e na prorrogação, a equipe espanhola conquistou o título nos pênaltis, antes de Cristiano Ronaldo ir para a sua cobrança, pois era o último da lista.
Em 2016, após a conquista de sua terceira Liga dos Campeões da Europa, a segunda com o Real Madrid, o atacante, mais uma vez, liderou a equipe portuguesa, que não estava entre as favoritas ao título, na França.
Sob as ordens do discreto técnico Fernando Santos, Portugal tornou-se o mestre da resistência: venceu apenas um dos seus sete jogos no tempo regulamentar e só esteve à frente no marcador por 75 minutos dos 720 que disputou. Mas nunca perdeu.
Na primeira fase foram três empates; 1 x 1 com a Islândia, 0 x 0 com a Áustria e 3 x 3 com a Hungria, com três gols justamente de Cristiano Ronaldo.
Na fase seguinte, um gol na prorrogação de Quaresma, parceiro do atacante desde as categorias de base no Sporting, garantiu a vitória por 1 x 0 sobre a Croácia e a vaga nas oitavas.
Nas quartas de final, vitória nos pênaltis sobre a Polônia e, finalmente, uma placar tranquilo nas semifinais, 2 x 0 sobre o País de Gales. Mas a final não foi disputada sem sofrimento.
No Stade de France, Cristiano Ronaldo deixou o gramado lesionado aos 25 minutos e viu Eder surgir na prorrogação para marcar o gol do título inédito.
Desta partida, ficam na memória também a imagem de Cristiano Ronaldo na linha lateral mancando e dando instruções aos companheiros, deixando o técnico Santos em segundo plano e correndo para comemorar o título depois do gol de Éder.
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