Copa América

Danilo: 'Não somos insensíveis ao sofrimento do povo"

Lateral cita morte de amigo de infância, em Bicas (MG), por covid-19 para dizer que ele e a Seleção não são indiferentes à pandemia

Marcos Paulo Lima
postado em 16/06/2021 14:32 / atualizado em 16/06/2021 14:33
Danilo perdeu amigo de 28 anos, em Bicas (MG), vítima da covid-19 -  (crédito: Lucas Figueiredo/CBF)
Danilo perdeu amigo de 28 anos, em Bicas (MG), vítima da covid-19 - (crédito: Lucas Figueiredo/CBF)

Um dos líderes da Seleção Brasileira, o lateral-direito Danilo disse nesta quarta-feira em entrevista coletiva na Granja Comary, em Teresópolis, na véspera do duelo contra o Peru pela segunda rodada da fase de grupos da Copa América, que o elenco não é insensível nem indiferente em relação ao sofrimento do povo brasileiro em meio à pandemia. Recentemente, o jogador publicou nas redes sociais uma mensagem referindo-se a um amigo de infância de 28 anos vítima da doença, em Bicas (MG), onde nasceu.

"Muitas vezes nós, atletas, não temos o poder de decisão de uma coisa ou outra. Não somos insensíveis ao sofrimento de tanta gente. No dia em que eu postei (na rede social), havia perdido um jovem de 28 anos da minha cidade, Bicas, e me deixou muito tocado. Infância ligada ao bairro. Aquilo me tocou muito. Quis demonstrar que não somos insensíveis. A gente tem coração, não somos diferentes", explicou o lateral.

Campeão mundial sub-20 em 2011, Danilo completa nesta temporada 10 anos de Seleção. Perto de virar trintão, tornou-se uma das vozes de comando no vestiário e comemora a sequência de jogos na posição. "Quanto mais jogos eu tenho, melhor eu me sinto. É o meu jogo 54 na temporada. Preciso de uma sequência para mostrar o meu trabalho. Prefiro estar jogando sempre", disse, depois de ter sofrido com a concorrência.

"Faz 10 anos que estou na Seleção. Sou velho conhecido da casa. Respeito quem fez a história da camisa 2. Disputei sempre posição com Daniel Alves e Maicon. Foi sempre complicado, mas encarei como uma forma de estar sempre em alto nível", ponderou.

Danilo é um dos destaques de uma defesa difícil de ser vazada. O Brasil acumula cinco partidas sem buscar a bola dentro da própria rede e pode ampliar a sequência nesta quinta contra o Peru, no Estádio Nilton Santos, no Rio. "O Tite bate muito nessa tecla de solidez defensiva. Isso traz segurança para nós, o meio de campo e o ataque. A gente foca muito tempo nisso em campo e extracampo. O bom ataque começa pela defesa, isso é claro aqui na Seleção", afirmou o jogador.

Um dos trunfos de Danilo para finalmente conquistar a posição tem sido a leitura tática. Ele admite que sempre foi atento aos ensinamentos dos treinadores com quem trabalhou. "Atuei em diversas posições com diferentes treinadores e escolas. Se eu não aprendesse ou não melhorasse seria por culpa minha. É um algo a mais, ajuda a entender a minha capacidade física e técnica", avalia.

Um dos homens de confiança de Tite também falou sobre a falta de testes da Seleção Brasileira contra adversários do Velho Continente. "A maioria dos jogadores atua na Europa em ligas competitivas. Não considero uma coisa super importante fazer jogos contra europeus. Lógico que seria bom enfrentar outros tipos de escola, mas temos entendimento sobre intensidade contra equipes europeias. Se pudéssemos, seria ótimo, mas não vejo como essencial para chegarmos preparados na Copa", opinou.

Sobre o duelo contra o Peru, pelo menos dois jogadores preocupam o Brasil: Cueva, que deve dar trabalho a Danilo na ponta-esquerda, e Lapadula. "O Cuelva joga bem entrelinhas, ocupa bem os espaços e cria problemas se você não fechar bem e não confrontá-lo da melhor forma pode ser surpreendido", admite, sem revelar como pretende se precaver.

Quanto ao atacante Lapadula, o lateral Danilo diz ter alertado o elenco sobre o potencial do jogador filho de pai italiano e mãe peruana.. "Sem o Guerrero, ele está tendo mais espaço e poder de criação por não estar jogando com o Guerrero. Enfrentei no Campeonato Italiano jogando como zagueiro central. Tem muita mobilidade, inteligente nos espaços curtos. Adverti os meus companheiros que ele merece uma atenção. Qualquer brecha ele pode punir ou criar chances de gol", comentou.

Danilo destacou o equilíbrio da Seleção e usou uma entrevista do colega de time Cristiano Ronaldo para explicar que nem sempre será possível dar show, como exigem da Seleção. "O Cristiano Ronaldo, meu colega de clube na Juventus, falou esses dias que o importante são os resultados e os números, o resto é conversa fiada. Hoje, é muito difícil surpreender ou dar espetáculo, como somos cobrados. Acredito no equilíbrio e numa leitura que vai muito além de jogar bem ou jogar mal. Vencer ou não é o mais importante".

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