Euromoda tática

Em alta na Champions e na Euro, sistema com três defensores ainda não faz parte do repertório da Seleção. Thiago Silva explica o por quê, mas banca que ele, Militão e Marquinhos estão prontos

Marcos Paulo Lima
postado em 30/06/2021 23:48
 (crédito: .)
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Das oito seleções classificadas para as quartas de final da Eurocopa, cinco são configuradas com linha de três defensores, ou seja, o 3-5-2 e sua variáveis, como o 3-4-1-2 ou até mesmo 5-4-1, com três zagueiros e dois alas presos à marcação ou liberados para atacar. Inglaterra, Bélgica, Dinamarca, Ucrãnia e Suíça arquitetam chegar ao título com esse modelo (veja os campinhos). Na contramão, Itália, Espanha e República Tcheca usam a convencional linha de quatro na proteção à área.

A Eurocopa confirma uma tendência publicada pelo Correio antes do início das quartas de final de outro torneio, a Uefa Champions League. Há um mês, o Chelsea, do zagueiro brasileiro Thiago Silva, conquistou o bicampeonato europeu sob o comando do alemão Thomas Tuchel formatado no esquema tático 3-4-2-1, desenho parecido com o adotado por Luiz Felipe Scolari há 19 anos, no triunfo por 2 x 0 contra a Alemanha na decisão da Copa do Mundo de 2002.

Seleções eliminadas nas oitavas de final e até mesmo na fase de grupos da Eurocopa também usavam linha de três defensores. A França foi eliminada pela Suíça com Varane, Kimpembe e Lenglet formando a trinca de zagueiros. A Alemanha escalou Ginter, Rüdiger e Hummels na proteção ao goleiro Neuer na queda diante da Inglaterra. A Holanda atuava com três beques até a demissão de Frank de Boer após o adeus precoce ao torneio contra a República Tcheca.

O sistema retrô levou Argentina (1986), Alemanha (1990) e Brasil (2002) à glória na Copa do Mundo e está definitivamente de volta. É tendência para o Mundial do Qatar-2022, mas ainda não faz parte do repertório da Seleção Brasileira para a retomada da caça ao hexacampeonato, de 21 de novembro a 18 de dezembro do ano que vem.

Adenor Leonardo Bachi, o Tite, domina esse sistema, mas resiste em utilizá-lo na Seleção ou adicioná-lo ao pacote do repertório canarinho para os prováveis confrontos de 2022 contra europeus no Oriente Médio. Por sinal, as seleções de ponta da Copa América dão de ombros para a tendência. Argentina e Uruguai também preferem linha de quatro. Adversário da Seleção amanhã, na abertura das quartas de final, o Chile usou o sistema uma vez no torneio. Peru e as eliminadas Bolívia e Venezuela, também.

Referência
Um das grandes obras autorais de Tite é a aquele Grêmio campeão da Copa do Brasil em 2001 contra o Corinthians, de Vanderlei Luxemburgo, no Morumbi. Tite engoliu o professor taticamente.Contava com dois zagueiros jovens e velozes — Marinho e Ânderson Polga — e um experiente: o líbero Mauro Galvão. A fórmula funcionou e lançou Tite nacionalmente.

Na entrevista coletiva de ontem da Seleção, Thiago Silva foi questionado pelo Correio sobre a necessidade de o Brasil adicionar essa alternativa tática ao repertório. Há três anos, a Bélgica surpreendeu o Brasil nas quartas de final da Copa da Rússia ao se transformar do 4-2-3-1 para o 3-4-3, que, aparentemente, havia sido deixado de lado pelo técnico Roberto Martínez depois do início do trabalho na Bélgica.

Assim como no elenco daquele Grêmio, Tite tem dois zagueiros rápidos — Marquinhos e Eder Militão — e um com potencial para líbero: Thiago Silva. Ele atua na Europa, joga em um Chelsea adaptado a esse modelo, ao lado de Azpilicueta e de Rüdiger, e testemunha o resgate da moda no Velho Continente.

Tite ainda não usa o esquema, mas Thiago Silva avisa que os zagueiros da Seleção Brasileira estão prontos para colocá-lo em prática quando o treinador julgar necessário. “É importante ser sólido defensivamente, independentemente da numeração, com três ou quatro atrás. A base é o equilíbrio. Mesmo com uma linha de quatro, somos fortes defensivamente. A gente sofre poucos gols. É o que a gente acredita como trabalho”, respondeu Thiago Silva à pergunta do Correio.

Experiente, o zagueiro acrescentou que ele e os demais companheiros estão têm potencial e alto nível para lidar com uma eventual linha de três defensores. “Pode ter certeza de que a gente vai estar preparado. O Marquinhos já jogou de terceiro zagueiro saindo para volante; o Militão já atuou no Real Madrid, inclusive contra nós, do Chelsea, neste ano. Eu jogo nesse sistema no Chelea. O Danilo tem característica que poderia de terceiro zagueiro ou até ala mais avançado. Temos o Renan Lodi, o Alex Sandro, ofensivos”, observou.

Para Thiago Silva, o sistema defensivo do Brasil tem sido sólido independentemente do sistema tático. “Podemos fazer qualquer tipo de situação porque temos jogadores muito capacitados. Não teríamos problema nenhum. Mas há um plano de jogo e acreditamos no que o homem (Tite) nos passa”.

Tite usou três zagueiros no começo do trabalho em um amistoso contra a Austrália, em 2017. Thiago Silva, Rodrigo Caio e David Luiz jogaram juntos. Porém, David atuava mais como volante do que como beque. O sistema de jogo atual tem algumas variáveis defensiva com três defensores quando Casemiro ou um dos laterais formam a trinca, mas não chega a ser tão explícito quanto a Euro tem mostrado.

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QUARTAS DE FINAL

Copa América
Amanhã
18h Peru x Paraguai
21h Brasil x Chile

Sábado
19h Uruguai x Colômbia
22h Argentina x Equador


Eurocopa
Amanhã
13h Suíça x Espanha
16h Bélgica x Itália

Sábado
13h Rep. Tcheca x Dinamarca
16h Ucrânia x Inglaterra

Messi

O contrato do jogador eleito seis vezes melhor do mundo com o Barcelona, único clube da vida profissional do craque, expirou à 0h. Se não definir o futuro, Messi pode entrar em campo, amanhã, às 22h, contra o Equador, em Goiânia, pelas quartas de final da Copa América como desempregado. Em caso de lesão, por exemplo, ele não conta mais com o seguro do clube catalão. Logo, a AFA teria de assumir toda a responsabilidade.

BASQUETE

O Brasil venceu a Croácia por 94 x 67, ontem, no Pré-Olímpico disputado no país do Leste Europeu, avançou em primeiro às semifinais, folgará, hoje, e aguarda o adversário na próxima fase. Pode ser Alemanha, México ou Rússia. Apenas o campeão, que será conhecido em 4 de julho, irá aos Jogos de Tóquio. Ontem , a exibição do Brasil, liderado pelo croata Aleksandar Petrovic, arrancou aplausos da torcida do país de origem do técnico.

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