O Flamengo pode ter conquistado, ontem, uma Vitória de Pirro — aquela em que os prejuízos superam os benefícios da conquista. Depois de liderar a volta do futebol na pandemia, em junho do ano passado, o clube carioca será o primeiro mandante a jogar com público em arena no Brasil. O Governo do Distrito Federal, a Conmebol e o Defensa y Justicia concordaram com a presença de 17.500 torcedores no Mané Garrincha (25% da capacidade do estádio) na partida de volta das oitavas de final da Libertadores, na quarta-feira, às 21h30. O time rubro-negro venceu na ida, por 1 x 0, em Florencio Varela, e terá a vantagem do empate, em Brasília.
Vitória de Pirro porque o clube marca a posição polêmica que defende faz tempo — a volta da torcida aos estádios. Há quem torça o nariz em público, mas comemore no privado, caso específico da CBF e demais clubes da Série A. Eles podem pegar carona na abertura da porteira e queimarem etapas.
Em contrapartida, o prejuízo financeiro continua. A operação do jogo é cara e complexa. O Correio apurou que o Flamengo pensou em desistir da partida, em Brasília, minutos depois do anúncio do decreto de flexibilização, no Palácio do Buriti; e horas antes de a Conmebol oficializar a transferência da partida do Maracanã, no Rio, para Brasília, no Mané Garrincha. Paralelamente, o time articulava com autoridades do Rio a liberação para comercializar ingresso. A ideia era usar 10% da capacidade da arena carioca.
O plano de mandar a partida em Brasília balançou ontem, às 16h38. Parte da diretoria estava descontente com a exigência do decreto assinado pelo vice-governador, Paco Britto, de que o torcedor apresente teste PCR para acessar o jogo. Até então, o único requisito era imunização com dose dupla ou única, no caso específico da Janssen, 15 dias antes da partida. A vacina precisa ter sido aplicada até o último dia 6.
O custo médio do teste PCR é R$ 250. Tão ou mais cara do que um ingresso. Um dirigente chegou a dizer à reportagem que isso inviabilizaria o jogo em Brasília. Segundo fontes ligadas ao GDF ouvidas pelo Correio, o Flamengo se manifestou após a publicação do decreto. O time carioca pediu que não fosse exigido comprovante de vacinação aos torcedores, mas apenas o resultado do teste feito 48 horas antes da partida. O pedido está em estudo pelo Comitê de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19, formado por técnicos da Secretaria de Saúde.
Membros do comitê informaram que o requerimento deve ser negado, uma vez que a intenção do GDF é evitar ao máximo a contaminação nos estádios. O Correio apurou que uma alternativa do Flamengo em meio ao impasse é um convênio com laboratório a fim de baratear o exame de quem comprar ingresso. O teste cairia para R$ 80 a R$ 100.
A negociação frenética do Flamengo para receber o Defensa y Justicia, em Brasília, teve outro contratempo bem próximo de a Conmebol oficializar o jogo no Mané Garrincha. Era 16h40 quando a reportagem foi informada de que a Arena BSB, concessionária responsável pela administração do Mané Garrincha, não conseguiria entregar a tempo a arquibancada superior. Nas contas do Flamengo, isso representaria 8 mil lugares a menos no estádio.
Consultada pela reportagem, a Arena BSB negou. Bancou que disponibilizará ao Flamengo a capacidade autorizada pelo decreto e confirmou o jogo minutos antes de a Conmebol oficializar a partida, por volta de17h30. O plano de reativação das arquibancadas, banheiros, bebedouros elevadores e outros serviços inutilizados há um ano demanda um mês, mas tem sido acelerado para uma semana. Diante disso, não havia mais tempo para mudanças. O jogo estava confirmado para o Mané Garrincha e obrigava todos os interessados a se adaptarem ao novo normal.
Há correria para o inicio da comercialização dos ingressos. A venda deve começar no fim de semana, Como exige o decreto, apenas on-line. A ideia é que o ingresso seja digital, via QR Code, mas há tentativa de aceitar impressão de um voucher para retirara do tíquete em um quiosque específico. A ideia seria facilitar a compra dos idosos. Porém, há receio de que a facilidade cause aglomerações.
Com a capacidade do Mané reduzida de 70 mil para 17.500 lugares, sócios torcedores, clientes prioritários, esgotem rapidamente os ingressos. O DF só fica atrás do Rio e de São Paulo em número de parceiros. O plano de jogo prevê lugares marcados e estabelece até seis pessoas juntas. Questões como a meia-entrada e controle da autenticidade dos cartões de vacina e PCR devem ser informados até amanhã. O clube marcou posição no debate pelo retorno dos torcedores ao estádio, mas Vitória de Pirro deve custar caro.
497 dias
depois, Brasília voltará a ter público em estádio de futebol. A última vez foi em 10 de março de 2020, na nona rodada do Candangão. O último jogo com plateia no Mané Garrincha foi em 16 de fevereiro, na final da Supercopa do Brasil entre Flamengo e Athletico-PR, com 48.009 pagantes.
Programe-se
Oitavas de final
Flamengo x Defensa y Justicia
Quando: 21/7, quarta-feira
Requisitos para compra de ingresso
» Vacinação concluída (dose única ou dupla) há 15 dias;
» PCR negativo (48 horas de antecedência)
» Proibida a entrada de menores de 18 anos e gestantes;
» Distância mínima entre os grupos de, no máximo, 6 pessoas;
» Ocupação de 25% da capacidade do estádio;
» Proibição do comércio de bebidas e alimentos;
» Venda de ingresso exclusivamente on-line.
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