Recusas como a do Flamengo à liberação do centroavante Pedro à Seleção Brasileira para a disputa do torneio de futebol masculino nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, adiados em um ano devido à pandemia do novo coronavírus, são proibidas por lei na Espanha. Isso explica o favoritismo da Fúria à medalha de ouro, a partir de quinta-feira, no segundo dia de competições do maior evento esportivo do mundo. O torneio feminino entrará em campo na quarta-feira. A cerimônia oficial de abertura será na sexta-feira.
Campeã olímpica em Barcelona-1992, a Espanha tem o elenco mais valioso entre os 16 países classificados para o torneio masculino de futebol. Segundo o ranking do site alemão transfermartkt, o elenco convocado por Luis de la Fuente para ir ao Japão custa 545,9 milhões de euros — aproximadamente R$ 3,3 bilhões na cotação atual da moeda europeia. Brasil, Alemanha, Argentina e França completam o levantamento dos cinco grupos mais ricos.
O elenco da Espanha é caro e badalado por vários motivos. O principal deles é uma blindagem legal. A Lei do Esporte da Espanha determina que os times espanhóis liberem seus jogadores às seleções. A norma não se restringe ao futebol. Refere-se a qualquer modalidade. Os atletas também são obrigados a atender à convocação. Um dispositivo específico da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) reforça a determinação.
O descumprimento às convocações é considerado infração grave pelo artigo 76 da Lei do Esporte. O Código Disciplinar da RFEF trata o assunto no artigo 65: “Os jogadores que, de forma injustificada, não se apresentarem ou abandonaram as convocações das seleções nacionais serão sancionados com multas de 3.006 a 30.051 euros (R$ 18.156 a R$ 181.508)”. A lei prevê outras punições, como privação de licença para jogar, variável de dois a cinco anos.
Graças a esse mecanismo de proteção, 20 dos 22 convocados da Espanha atuam no próprio país. As exceções são Dani Ceballos (Arsenal) e Dani Olmo (Red Bull Leipzig). Os dois “estrangeiros” da lista tiveram de interceder aos seus clubes que o liberassem. Motivo: como o torneio de futebol olímpico não é Data Fifa, a entidade máxima do futebol lava as mãos e deixa a liberação (ou não) dos atletas a cargo dos clubes.
Craques com idade olímpica, como o francês Mbappé (Paris Saint-Germain), o brasileiro Vinicius Junior (Real Madrid) e o egípcio Mohamed Salah (Liverpool) não conseguiram autorização para embarcar rumo a Tóquio. A própria Espanha não conseguiu incluir na lista final os importados Fabián (Napoli), Ferran Torres (Manchester City) e Mayoral (Roma).
A Espanha é favorita, também, porque tem seis convocados que acabam de participar da Eurocopa: Unai Simón (Athletic Bilbao), Eric García (Barcelona), Pau Torres (Villarreal), Pedri (Barcelona), Mikel Oyarzabal (Real Sociedad) e Dani Olmo (Red Bull Leipzig). A seleção foi eliminada na semifinal nos pênaltis pela Itália, mas deu rodagem aos pupilos.
O talentoso Pedri (foto), de 18 anos, é o jogador mais valioso do torneio masculino. Avaliado em 80 milhões de euros (R$ 483,2 milhões), tem preço de mercado superior ao de metade dos elencos completos de nove seleções do torneio masculino: Japão, Coreia do Sul, Egito, Romênia, Arábia Saudita, Nova Zelândia, Austrália, África do Sul e Honduras.
Dos 10 jogadores mais caros inscritos no futebol masculino em Tóquio, seis são da Espanha: Pedri, Oyazabal, Olmo, Pau Torres, Soler e Merino e Asensio. Os brasileiros Richarlison, Diego Carlos e Douglas Luiz e o jogador marfinense Kessié completam o ranking dos mais valiosos.
Programe-se
Torneio masculino de futebol
1ª rodada
22/7
Grupo A
5h México x França
8h Japão x África do Sul
Grupo B
5h Nova Zelândia x Coreia do Sul
8h Honduras x Romênia
Grupo C
4h30 Egito x Espanha
7h30 Argentina x Austrália
Grupo D
5h30 Costa do Marfim x Arábia Saudita
8h30 Brasil x Alemanha
RANKING
O valor de mercado das 16 seleções do torneio masculino de futebol
1. EspanhaR$ 3,2 bilhões
2. BrasilR$ 2,08 bilhões
3. AlemanhaR$ 774 milhões
4. ArgentinaR$ 773,7 milhões
5. FrançaR$ 736,8 milhões
6. C. do Marfim R$ 716,9 milhões
7. MéxicoR$ 568,3 milhões
8. JapãoR$ 468,1 milhões
9. Coreia do SulR$ 186 milhões
10. EgitoR$ 112,3 milhões
11. RomêniaR$ 110,5 milhões
12. Arábia SauditaR$ 108,1 milhões
13. Nova ZelândiaR$ 91,2 milhões
14. AustráliaR$ 79,1 milhões
15. África do SulR$ 70 milhões
16. HondurasR$ 25,3 milhões
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