FUTEBOL

Com Marta e Formiga, Seleção Brasileira estreia nesta quarta nas Olimpíadas

Novamente sob a batuta de Marta e Formiga, Brasil inicia empreitada em busca do ouro nos Jogos de Tóquio para coroar trajetória de duas lendas do futebol feminino. Time estreia amanhã contra a China

Maíra Nunes
postado em 20/07/2021 06:00 / atualizado em 20/07/2021 20:17
Dona da camisa 10 da Seleção, Marta disputará a sexta edição olímpica em busca do primeiro ouro.
Dona da camisa 10 da Seleção, Marta disputará a sexta edição olímpica em busca do primeiro ouro. "Importante para a evolução do esporte" - (crédito: Sam Robles/CBF)

Acabou a espera pelos primeiros Jogos Olímpicos da história adiados, por causa da pandemia de covid-19. A Cerimônia de Abertura de Tóquio será na sexta-feira, às 8h. Mas algumas disputas começam antes. O ponto de partida será o jogo de softbol entre Austrália e Japão, nesta terça-feira (20/7), às 21h. A estreia do Brasil será em um esporte que o país tem mais familiaridade: o futebol. A Seleção feminina enfrenta a China, nesta quarta-feira (21/7), às 5h, no primeiro desafio rumo ao inédito ouro para coroar duas lendas da modalidade: Marta e Formiga.

Em Tóquio, Marta terá, mais uma vez, a responsabilidade de vestir a camisa 10. Consagrada como uma das maiores atletas da modalidade, a brasileira eleita seis vezes a melhor do mundo tenta a medalha pela sexta vez. Bateu na trave duas vezes com a prata. Em Tóquio, aos 35 anos, lutará pela redenção. "Sabemos das dificuldades, mas representar o Brasil em uma Olimpíada é sempre uma responsabilidade grande. Uma medalha de ouro vai ser importante para a evolução do esporte", comentou.

Já Miraildes Maciel Mota, a Formiga, atuou na estreia do futebol feminino no maior evento esportivo do mundo, em Atlanta, em 1996. Desde então, a meia esteve em todas as edições, chegando à sétima participação dela, em Tóquio, aos 43 anos. Nem ela mesma acreditava que chegaria tão longe em tão alto nível. A aposentadoria da amarelinha havia sido anunciada para depois dos Jogos do Rio-2016, quando o Brasil contou com estádios lotados, mas acabou eliminado pela Suécia comandada por Pia Sundhage, nas semifinais.

De algoz, Pia tornou-se um marco do momento de maior visibilidade do futebol feminino no Brasil. Em 2019, a sueca foi a primeira estrangeira a comandar uma Seleção Brasileira, após a eliminação do país nas oitavas de final da Copa do Mundo. A Era Pia começou com mudanças estruturais na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A equipe passou a contar com uma Coordenadora de Competições, cargo ocupado por Aline Pellegrino, e a ex-jogadora Duda Luizelli assumiu a função de Coordenadora de Seleções.

Aquela equipe brasileira comandada por Oswaldo Fumeiro Alvarez, o Vadão, tinha uma comissão formada apenas por homens. Por exigência da Fifa, três anos depois, a Seleção passou a contar com uma mulher na comissão técnica e uma na comissão médica na Copa do Mundo de 2019. Em Tóquio, o grupo por trás das jogadoras é formado por seis mulheres e sete homens. Uma relação mais igualitária, que também é sentida no bolso das atletas. Desde 2020, a CBF passou a pagar o mesmo valor pelas diárias por convocações e a mesma porcentagem em premiações para os times feminino e masculino.

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Números dão esperança

Em campo, os números da Era Pia alimentam esperança de uma equipe competitiva. Foram 18 jogos que renderam 11 vitórias, cinco empates e apenas duas derrotas. Neles, a equipe marcou 49 gols e sofreu oito. O maior crescimento foi defensivo, com uma organização ajustada. Até chegar às 22 jogadoras que atuarão em Tóquio, Pia convocou 61. Também tiveram as discordâncias, a mais polêmica foi o corte da atacante Cristiane da lista final.

Mas Pia conhece como ninguém a dinâmica dos Jogos. A treinadora esteve nas três últimas finais da competição, sendo bicampeã com os Estados Unidos e medalhista de prata com a Suécia. “Temos uma arma na mão, uma técnica muito experiente. Ela conhece bem o que é jogar essa competição e enfrentar grandes equipes. Estamos em ótimas mãos”, descreveu a atacante Debinha.

Tem uma lembrança, porém, que o Brasil não quer mudar. A primeira adversária em Tóquio será a China, a mesma que as brasileiras venceram, por 3 x 0, na abertura das Olimpíadas do Rio, diante de 27.618 torcedores no Nilton Santos. Em Tóquio, não haverá público devido à pandemia. Mas a Seleção tentará manter uma invencibilidade em estreias de Jogos Olímpicos que dura desde 1996. Apesar de ser uma das grandes forças mundiais pela história construída na modalidade, a seleção chinesa vive uma nova safra, mas enfrentou desfalques importantes neste ciclo olímpico.

Brasil e China integram o Grupo F, ao lado de Holanda e Zâmbia. As duas melhores equipes de cada grupo se classificam para as quartas de final. As duas melhores terceiras colocadas no geral também avançam de fase, mas, na chave do Brasil, isso pode acarretar um cruzamento com Estados Unidos logo no primeiro jogo eliminatório. As americanas são as grandes favoritas ao título olímpico.

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