O clima vivido no Estádio Nacional Mané Garrincha, ontem, não era sentido há muito tempo. Era março de 2020 quando o Brasil começou a fechar as portas para se defender da covid-19. No mesmo embalo, as arquibancadas ficaram vazias e ocupadas, muitas vezes, por mosaicos. Na capital federal, cinco mil rubro-negros tiraram a poeira dos assentos na partida entre Flamengo e Defensa y Justicia, pela volta das oitavas de final da Libertadores. Na classificação carioca, com vitória por 4 x 1, o lapso de tempo em silêncio foi oficialmente interrompido.
Os próprios jogadores do Flamengo pareciam estar em uma rotação diferente ao voltar a ouvir o canto original da torcida tão de perto — algo bem diferente dos áudios artificiais entoados por DJs em sistemas de som de estádios em tempos pandêmicos. Gabi e Bruno Henrique, por exemplo, não se furtaram a criar lances de efeito quando puderam. O grito empolgava os rubro-negros. A torcida brasiliense, com direito ao tradicional “olé” com a vitória garantida, acompanhou com euforia cada lance. Ontem, o rubro-negro carioca voltou a jogar com apoio da “nação” como mandante após 47 partidas.
Nos primeiros 45 minutos, o Flamengo criou as principais oportunidades e logo aumentou a vantagem com gol de Rodrigo Caio. O zagueiro subiu alto para testar com força cruzamento de Everton Ribeiro. Dono da posse de bola, o rubro-negro acertou a trave com Bruno Henrique e Arrascaeta. Acuado, pelo rubro-negro e pela pressão da torcida, o Defensa pouco incomodou e chegou ao gol somente em erro do Fla. Diego Ribas recuou na fogueira. Na tentativa de afastar, Diego Alves carimbou Loaiza e a bola morreu na rede.
A possibilidade de um gol argentino melar a noite de festa rubro-negra trouxe apreensão e segurou os ânimos nas arquibancadas em alguns momentos. A tensão durou até os 18 minutos. Michael acertou a trave em chutaço. No rebote, Arrascaeta empurrou de cabeça para o gol vazio. Em boa fase, o camisa 19 foi saudado com gritos efusivos de “uh, é Michael”. Na simbiose entre time e torcida — com a presença de Jair Bolsonaro e da primeira-dama Michelle —, o Defensa não ameaçou. No fim, Vitinho completou o placar com dois gols e fez 5.518 torcedores felizes na noite candanga.
Com a vaga garantida, os jogadores do Flamengo fizeram questão de ressaltar a satisfação de poder contar com o apoio da torcida. Vivendo a sensação não experimentada pelos últimos dois antecedentes, Renato Gaúhco também fez questão de agradecer. “Alguém tem que começar a volta do público, desde que seja com segurança. A torcida fez uma festa com os protocolos. Estávamos com saudade, mas repito, desde que seja cumprindo os protocolos com segurança” disse o técnico.
Análise da volta do público à arena
» O que deu certo
Organização: sem filas, a entrada dos torcedores transcorreu de forma tranquila
Alertas: antes e durante o jogo, o sistema de som fez recomendações de segurança
Distaciamento: houve bloqueio de filas e cadeiras inferiores para evitar aglomeração
Fiscalização: na entrada, houve exigência de itens de segurança , como máscaras e PCR.
» O que deu errado
Aglomeração: nas cadeiras superiores, não houve respeito ao distanciamento
Álcool em gel: a reportagem não encontrou a ausência do item em setores da arena
Máscara: principalmente durante o jogo, torcedores usaram o item de forma errada
Fiscalização: não houve movimentação para coibir irregularidades.
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Partida virou "evento-teste"
Após mais de 17 meses, uma partida em solo brasileiro voltou a contar com presença de torcedores nas arquibancadas. Escolhido para marcar o momento, o Estádio Nacional Mané Garrincha não esteve somente no centro das atenções dos rubro-negros. Ao adotar o protocolo apontado como possível padrão no novo normal — liberação de torcedores vacinados ou com teste PCR negativado para covid-19 —, Brasília foi observada como modelo para os planos de retorno em âmbito nacional.
A volta da torcida no Distrito Federal — primeira unidade da federação a conceder autorização — foi acompanhada de perto por outros estados. Ao lado do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, esteve em Brasília para checar de perto o andamento da operação. O rubro-negro vislumbra uma futura permissão para abrir o Maracanã. Representantes da Federação Cearense de Futebol (FCF) também estiveram no Mané Garrincha durante a partida da Libertadores.
Numa espécide de jogo teste para os visitantes, eles viram acertos e erros. No iluminado setor inferior do Mané, a torcida respeitou o distanciamento. A divisão era facilitada, principalmente, pelo bloqueio de algumas cadeiras e fileiras. Na penumbra das arquibancadas superiores, não aconteceu o mesmo. Sem barreiras físicas, os torcedores aglomeraram, mesmo com repetidos pedidos nos telões da arena. Após a bola rolar, a reportagem flagrou vários utilizando a máscara de proteção de forma incorreta — sem cobrir boca e nariz. Alguns tiraram o item, obrigatório na entrada. (DQ e MN)
Palmeiras confirma clássico nas quartas
O Palmeiras dominou a Universidad Católica, fez do goleiro adversário o principal destaque em campo, mas venceu pelo placar magro de 1 x 0, ontem, no Allianz Parque. O resultado, no entanto, foi mais do que o suficiente para garantir o time nas quartas de final da Libertadores. Marcos Rocha marcou o gol da vitória, no primeiro tempo.
Na próxima fase, o Palmeiras terá pela frente o clássico com o São Paulo. Na terça-feira, o tricolor eliminou o Racing. As partidas ainda não têm data definida.
Depois da partida, o técnico Abel Ferreira elogiou o nível da ataução do time. “Ninguém me fez essa pergunta, mas dar parabéns pela exibição do Palmeiras, pelas quantidades que criou. Eu tenho que dizer isso, acho que tenho de falar mais do jogo. As perguntas não falam do jogo. Assim como vocês me criticam e bem quando faço asneiras, eu pergunto se alguém viu a qualidade do jogo de hoje, as oportunidades que criou com Dudu, Wesley, Breno, Rocha, Kuscevic, Felipe Melo. Não deveria ter ficado 1 x 0. Dar os parabéns ao time já que não teve pergunta nesse sentido, pelo jogo sério, eficaz, e enaltecer o goleiro do adversário, que se não fosse ele poderia ter saído com outro resultado”, afirmou o treinador português.
Ele também manifestou preocupação com a possível saída de Danilo. O jogado é alvo do futebol inglês. “É mais um jogador da base, quando chegamos não jogava e essa equipe técnica teve coragem de meter a jogar juntamente com Zé Rafael. Fazem um bom casamento os dois. Já que estamos a falar do Danilo tenho de falar do Zé. O Danilo tem melhorado muito, focado nas tarefas, ouve muito. O que eu quero mesmo é que ele não saia e que fique conosco. Fique aí para a nossa diretoria (risos)... Fica aí uma manchete, um título que vocês gostam. Espero que esse jogador continue conosco durante muitos anos”, disse Abel.
Líder da Série A, o Palmeiras volta a campo sábado, em casa, às 19h, contra o Fluminense.
Bipolar, Inter tem Beira-Rio como trunfo contra Olimpia
São três jogos seguidos sem sofrer gols e o reencontro com as vitórias com 1 x 0 sobre o Juventude. Motivado pelo renascimento na temporada, o Internacional aposta no fator casa para repetir a vitória da fase de grupos contra o Olimpia, do Paraguai, e avançar às quartas de final da Libertadores. Hoje, às 21h30, no estádio Beira-Rio, um triunfo simples é o suficiente para o time colorado se garantir. Na primeira vez que se encararam em Porto Alegre, os gaúchos fizeram 6 x 1.
Apesar de ter ficado oito jogos sem ganhar, o Inter vem fazendo a diferença no seu estádio quando o assunto é Libertadores. Foram sete pontos somados e 10 gols anotados em duas goleadas. Ficou em um 0 x 0 com o Always Ready, da Bolívia, desperdiçando chances e já classificado.
A ideia de Diego Aguirre é que o futebol envolvente e goleador volte a figurar contra os paraguaios. Depois de passar sufoco em Assunção, o treinador uruguaio estuda mexidas na equipe. Thiago Galhardo parece em vantagem na briga com o então titular Yuri Alberto, em jejum de sete jogos sem gols. Maurício e Palacios, que entraram e melhoraram o desempenho, são outras possíveis mudanças.
Aguirre quer um Internacional seguro atrás e certeiro na frente. Ele sabe ser pouco provável repetir os 4 x 0 sobre o Deportivo Táchira, da Venezuela, tampouco os impressionantes 6 x 1 sobre o mesmo Olimpia, agora nas oitavas de final. Porém, sabe que o time conhece os pontos fracos dos oponentes após três confrontos na temporada e vai investir pesado para superá-los. O vencedor enfrentará o Flamengo.